Descrição de chapéu Eleições EUA

Mundo não vê EUA como exemplo de democracia e confia mais em Biden do que em Trump, diz pesquisa

Democrata, no entanto, é rejeitado por atuação em Gaza e na Ucrânia, segundo pesquisa do Pew Research Center em 34 países, inclusive Brasil

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Washington

Joe Biden vai melhor do que Donald Trump –ao menos fora dos Estados Unidos. É o que mostra uma análise feita em 34 países, inclusive no Brasil, pelo Pew Research Center. Os resultados mostram que uma eventual vitória do republicano na eleição deste ano deve ser encarada com desconfiança pelo mundo.

Na visão da maior parte dos entrevistados (40%), os EUA deixaram de ser um bom exemplo de democracia. O restante se divide entre quem considera que o país continua sendo um modelo e aqueles que afirmam que nunca foi.

Manifestantes rejeitam derrota de Donald Trump na eleição de 2020 - Mandel Ngan - 6.jan.21/AFP

A pesquisa, divulgada nesta terça-feira (11), aponta ainda que 43% afirmam ter mais confiança em Biden em temas internacionais, enquanto apenas 28% declaram o mesmo sobre Trump. No entanto, a visão positiva sobre o democrata vem recuando em diversas regiões, e a maior parte dos entrevistados diz reprovar a atuação do presidente americano na guerra Israel-Hamas.

Em 14 dos 21 países em que há dados para 2023 e 2024, a confiança em Biden recuou. A queda é observada principalmente na Europa –houve redução de 4 pontos na Alemanha, 12 pontos na Espanha e 13 na Polônia, por exemplo. Uma das poucas exceções é a Argentina, governada pelo americanófilo Javier Milei, onde o índice subiu de 29% para 36%.

Os brasileiros, por sua vez, confiam menos do que a média global tanto em Biden quanto em Trump: 37% e 26%, respectivamente. A visão positiva sobre o atual presidente também caiu —no ano passado, 43% diziam confiar no democrata.

Por outro lado, o país tem uma visão um pouco mais positiva sobre a democracia americana, com 31% afirmando que ela é um bom exemplo, 33% dizendo que ela deixou de ser, e 22% declarando que nunca foi.

Trump desperta mais confiança do que Biden apenas na Hungria, comandada pelo premiê de ultradireita Viktor Orbán, e na Tunísia. Também destoam da média geral Gana, Israel, Quênia, Nigéria, Filipinas e Tailândia, países em que cerca de metade da população diz confiar no empresário.

O levantamento, realizado de janeiro a maio, também questionou os entrevistados sobre o desempenho de Biden em cinco áreas: problemas econômicos globais, relações com a China, mudança climática, Guerra da Ucrânia e em Gaza. O presidente americano não sobressai em nenhum.

A desaprovação mais alta ocorre em relação ao conflito no Oriente Médio: 57% fazem uma avaliação ruim do democrata; apenas 31% têm uma avaliação positiva. A desaprovação em relação à Ucrânia é um pouco menor (50% ante 39%).

Os números não estão distantes dos registrados para Biden dentro dos EUA. Inicialmente bem recebido, o apoio dado pelo presidente a Tel Aviv passou a ser criticado conforme a crise humanitária em Gaza cresceu.

Em resposta à repercussão ruim, o presidente dos EUA vem adotando uma posição mais dura em relação a Tel Aviv, mas a mudança não foi suficiente para aplacar essa oposição.

Mesmo em Israel, a atuação de Biden na guerra em Gaza é rejeitada por seis em cada dez pessoas. Em paralelo, a confiança no democrata despencou de 68% para 57% de 2023 para 2024.

O presidente americano tampouco consegue uma avaliação majoritariamente positiva em áreas vistas como bandeiras de seu mandato: a agenda climática e a recuperação econômica pós-Covid. Nesses dois pontos, a opinião é dividida: 44% desaprovam e 43% aprovam.

O cenário externo mais uma vez se aproxima do interno. Economia é um dos pontos fracos de Biden na visão do eleitorado americano, enquanto o enorme pacote aprovado para a transição energética não tem sido um grande chamariz de votos.

Para o público brasileiro, o pior desempenho de Biden se dá nos conflitos: 54% reprovam a atuação na Ucrânia e 53% a posição em Gaza. O americano também é mal avaliado na agenda climática (47% desaprovam) e na sua relação com Pequim (48% de rejeição).

A pesquisa perguntou ainda a visão geral sobre os EUA. Os resultados mostram estabilidade, com 54% afirmando ter uma visão favorável ao país e outros 31%, desfavorável.

O presidente americano também é mais bem avaliado globalmente do que o líder chinês, Xi Jinping, e o russo Vladimir Putin –vistos como confiáveis por apenas 24% e 21%, respectivamente.

A visão dos brasileiros sobre os dois é ainda pior: apenas 15% dizem confiar em Xi, e 10% em Putin. Os números são significativamente mais baixos do que em outros países da América Latina, como Argentina, Peru e México.

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