Descrição de chapéu França

Dia de Le Pen no poder na França está chegando, diz Lula; veja vídeo

Em entrevista a rádio, presidente cita pai da líder da ultradireita, escanteado pela filha por seu racismo e antissemitismo, e afirma que 'a gente tem que teimar'

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Boa Vista e Feira de Santana (BA)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (1º) que está se aproximando a hora de a líder da ultradireita nacionalista na França, Marine Le Pen, ascender ao poder.

Em entrevista a uma rádio de Feira de Santana (BA), Lula fez uma rápida menção às eleições legislativas francesas, cujo primeiro turno ocorreu no domingo (30), e citou a persistência de Le Pen em concorrer à Presidência. A declaração foi feita ao comentar as eleições na cidade baiana, onde o deputado federal petista Zé Neto vai concorrer à prefeitura pela sexta vez depois de cinco derrotas.

"Eu acho que o dia do Zé Neto vai chegar [...] Chegou para mim. A Le Pen, na França, depois de perder tanto, ela e o pai dela, está chegando para ela. A gente tem que teimar", disse Lula.

A Reunião Nacional (RN), partido liderado por Le Pen, venceu o primeiro turno do pleito legislativo na França. O segundo turno é no próximo domingo (7) e elegerá 577 deputados, um para cada distrito eleitoral francês.

Isso significa que a legenda de Le Pen precisa ainda ganhar em distritos onde disputará um segundo turno com forças de centro ou de esquerda, que podem eventualmente se aliar para evitar seu triunfo.

De todo modo, as projeções já indicam o partido como a maior bancada do próximo Parlamento. O pleito foi antecipado pelo presidente Emmanuel Macron, que dissolveu a Assembleia Nacional logo após a derrota para a ultradireita em eleição para o Parlamento Europeu.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista a jornalista no Palácio do Planalto, em junho
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista a jornalista no Palácio do Planalto, em junho - Ricardo Stuckert - 26.jun.2024/Divulgação/Presidência da República

Marine Le Pen transformou a sigla que foi liderada por décadas por seu pai, Jean-Marie, citado por Lula. O pai Le Pen se solidificou no cenário político francês principalmente desde a década de 1980 com discurso anti-imigração e falas racistas e antissemitas, como quando qualificou o Holocausto judeu na Alemanha nazista de "mero detalhe".

Jean-Marie também já defendeu o general Pétain, líder da França colaboracionista do regime nazista que ocupou o país durante a Segunda Guerra Mundial.

Sua posição manteve o partido na franja radical da direita francesa, até que Marine iniciou um processo de moderação da imagem do partido. Mudou o nome da sigla de Frente Nacional para Reunião Nacional, expulsou o próprio pai e declarou o que chama de desdiabolização da sigla, equilibrando seu discurso e se afastando de posições mais radicais ou polêmicas, como a oposição à União Europeia e a proximidade com Vladimir Putin.

Uma de suas estratégias foi passar a presidência da RN para Jordan Bardella, 28, que desponta como possível próximo premiê da França, caso o partido consiga maioria absoluta ou em alianças que credenciem o grupo a indicar o chefe de governo —é Macron quem tem a palavra final, embora condicionada à maioria parlamentar.

Nesta segunda, após o primeiro turno do pleito francês, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que Moscou acompanha "muito de perto" as eleições no país europeu. "Esperaremos pelo segundo turno, embora as preferências dos eleitores franceses estejam mais ou menos claras para nós", disse.

Ao comentar o pleito francês, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse que "a constante tentativa de demonizar e encurralar as pessoas que não votam na esquerda é um truque que serve para escapar do debate". Segundo Meloni, cada vez menos pessoas se deixam levar por esse recurso.

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