Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Human Rights Watch denuncia crimes de guerra durante ataque do Hamas contra Israel

Relatório de ONG descreve detalhes de tratamentos cruéis, violência sexual, tomada de reféns e mutilação em 7 de outubro de 2023; facção terrorista contesta

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Jerusalém | AFP

O Hamas e outros grupos palestinos de Gaza cometeram "centenas de crimes de guerra" no ataque de 7 de outubro do ano passado contra Israel, afirma a ONG Human Rights Watch em um relatório publicado nesta quarta-feira (17).

A investigação, que constitui até o momento um dos estudos mais detalhados da ofensiva da facção terrorista que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, aponta uma série de crimes imprescritíveis segundo o direito internacional.

"É impossível estabelecer um número específico de casos", afirmou Belkis Wille, diretora associada da organização, em uma entrevista coletiva. "Obviamente, aconteceram centenas naquele dia."

A imagem mostra um campo de refugiados abandonado em uma área arborizada. Há um homem de pé no centro da imagem, vestindo roupas militares. O chão está coberto de detritos, incluindo roupas, sacos de dormir, e outros pertences pessoais espalhados por toda parte. Há algumas tendas visíveis ao fundo entre as árvores.
Soldado israelense caminha por local de festa eletrônica onde cerca de 270 pessoas foram assassinadas por terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 - Aris Messinis/12.out.23/AFP

Os crimes de guerra "incluem ataques deliberados e indiscriminados contra civis e bens civis, assassinatos intencionais de pessoas sob custódia, tratamentos cruéis e desumanos, violência sexual e de gênero, tomada de reféns, mutilação e roubo de corpos, uso de escudos humanos, assim como atos de pilhagem e saques", afirma o relatório.

A publicação se concentra nas violações do direito humanitário internacional, o conjunto de regras reconhecidas pelos Estados sobre a conduta em tempos de guerra, a maioria incluída na Convenção de Genebra.

A Human Rights Watch também identificou "crimes contra a humanidade", como "o assassinato planejado de civis e o sequestro de reféns". "Em vários pontos, os combatentes atiraram diretamente contra os civis, muitas vezes a curta distância, quando eles tentavam fugir, e contra pessoas que dirigiam veículos na área", relata o documento. "Lançaram granadas e dispararam contra áreas seguras e outros abrigos. Incendiaram casas, queimaram e asfixiaram as pessoas até a morte, forçaram outras a sair que depois foram sequestradas ou mortas".

Embora o Hamas seja considerado o organizador do ataque, o relatório cita outros grupos que cometeram crimes de guerra em 7 de outubro, incluindo o Jihad Islâmico.

A ONG também cita as conclusões de uma equipe do representante especial da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre violência sexual em conflitos, que entrevistou testemunhas de estupros.

A verdadeira extensão da violência sexual, no entanto, "provavelmente nunca será totalmente conhecida", segundo a HRW, devido à morte das vítimas, ao estigma social para as sobreviventes e ao fato de que os funcionários israelenses de emergência não recolheram provas suficientes em um primeiro momento.

ATAQUE PLANEJADO

A diretora associada da Human Rights Watch destacou "a natureza incrivelmente planejada e coordenada" do ataque contra cidades, kibutzim e bases militares na área de Israel próxima à Faixa de Gaza.

"Não foram civis de Gaza que cometeram os piores abusos", disse Wille. "Isto é um argumento usado pelo Hamas para tentar se distanciar do que ocorreu, e também utilizado por Israel para justificar sua operação de retaliação."

A ONG afirma no relatório que mais de 815 civis morreram no ataque. Segundo levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses, o ataque de 7 de outubro de 2023 matou 1.195 pessoas do lado israelense, a maioria civis. Além disso, 251 pessoas foram sequestradas.

As autoridades israelenses calculam que 116 continuam em cativeiro em Gaza, mas 42 foram declaradas mortas.

Em resposta ao ataque, Israel iniciou uma campanha militar contra Gaza com o objetivo declarado de eliminar o Hamas. A ofensiva já deixou mais de 38 mil mortos, a maioria civis, segundo os dados do Ministério da Saúde do território controlado pelo grupo terrorista.

O Hamas criticou o relatório. "Rejeitamos as mentiras e o preconceito flagrante em benefício da ocupação e a falta de profissionalismo e credibilidade do relatório da Human Rights Watch. Exigimos a sua retirada e um pedido de desculpas", afirmou a organização em nota.

O relatório cobre apenas os acontecimentos de 7 de Outubro, e não a guerra subsequente. A facção terrorista afirmou que o documento deveria ter incluído a resposta israelense.

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