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Presidente do UFC apresentará Trump como candidato do Partido Republicano

Amizade com Dana White vem do apoio que ex-presidente deu no início da modalidade; republicano é fã de esportes de combate e se vale disso para se mostrar como homem do povo

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Juliano Spyer

Antropólogo, autor de "Povo de Deus" (Geração 2020), criador do Observatório Evangélico e sócio da consultoria Nosotros.

Por que Dana White, o maior promotor de esportes de combate da atualidade, foi convidado a apresentar Donald Trump antes de o ex-presidente discursar nesta quinta-feira (18) na convenção republicana?

Desde que a geração de Mike Tyson saiu de cena, o boxe perdeu espaço nos meios de comunicação tradicionais. Dana White reinventou o negócio dos esportes de combate e transformou, em 20 anos, uma organização à beira da falência em um negócio próspero, avaliado hoje em mais de US$ 12 bilhões.

A imagem mostra Dana White, um homem careca sorrindo, vestindo uma camiseta preta. O fundo é completamente preto, destacando a figura do homem.
Dana White durante evento do UFC em Dallas, no Texas - Carmen Mandato/AFP

Trump faz parte dessa história. Ele é fã de esportes de combate e foi um entusiasta da visão de White para revitalizar o negócio das lutas. O ex-presidente, também empresário do setor imobiliário, abriu as portas de seus estabelecimentos para a realização dos primeiros eventos do UFC e acompanhou esses cards iniciais da plateia.

A amizade entre Trump e White cresceu a partir desse apoio inicial. Naquela época, a organização trabalhava para reverter a imagem inicial dos eventos, descritos pelo então senador John McCain como "rinha de galo humana".

White representa o empresário que, em nome de uma visão de negócios, desafia as convenções e não se rende à crítica politicamente correta. Ele simboliza, especialmente para as camadas populares, a imagem do guerreiro, que, nos EUA, é compartilhada também por empresários.

Essa simbologia é importante também porque apresenta Trump como um homem do povo, com gostos populares, que rejeita as sensibilidades vistas como cosmopolitas e indiferentes ao sofrimento das famílias trabalhadoras.

Em 2016, White, que geralmente não fala publicamente sobre política, aceitou o convite para declarar seu apoio a Trump durante sua primeira campanha presidencial. Na ocasião, ele destacou a capacidade de Trump para os negócios e sua dedicação ao trabalho, ressaltando também a lealdade como amigo ao longo de 50 anos e seu patriotismo. White encerrou seu discurso afirmando: "Deixe-me dizer uma coisa. Estive no mundo das lutas minha vida toda. Conheço lutadores. Senhoras e senhores, Donald Trump é um lutador e sei que ele lutará por este país."

Trump e White também são empresários que expandiram sua atuação como personalidades televisivas. Antes de ser eleito presidente, Trump ficou conhecido conduzindo, com estilo durão, o reality show "O Aprendiz".

White seguiu um caminho similar, inicialmente como o rosto público da organização, lidando com jornalistas de forma direta e agressiva. Posteriormente White também comandou realities do UFC no qual define que lutadores vai contratar.

Alguns das principais estrelas do UFC nascidas nos EUA, como Sean Strickland e Colby Covington, são apoiadores declarados de Trump. No evento do UFC que ocorreu no sábado passado, no dia em que Trump sobreviveu ao ataque de um atirador, vários lutadores da organização, após seus combates, mandaram mensagens de apoio ao ex-presidente.

A proximidade dos esportes de combate é um dos vários paralelos que existem entre Trump e Jair Bolsonaro. O UFC foi fundado por Rorion Gracie, membro da família responsável pela criação e desenvolvimento do Brazilian Jiu-Jitsu (BJJ), e outros dois sócios. Quando deixou a Presidência em 2022, Bolsonaro se hospedou, na Flórida, na casa do lutador José Aldo, um ex-campeão do UFC.
Personalidades importantes dos esportes de combate, como Joe Rogan, apresentador do podcast mais popular da atualidade, é praticante e entusiasta do BJJ.

Outro exemplo da ligação entre o ethos da luta e o bolsonarismo aparece no retorno ao Rio, depois de 30 anos, do ex-lutador Ralph Gracie. Ele será candidato a vereador e está apresentando sua candidatura por meio de palestras gratuitas —algo raro— feitas em academias de luta. Assim como faz pelas redes sociais, ele se coloca a serviço da sociedade para proteger o cidadão de bem da exposição ao crime e à violência.

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