Serviço Secreto agora diz que recusou pedidos de Trump por reforço de segurança

Órgão, que havia negado ter barrado solicitações anteriores, é criticado por conduta no atentado contra o ex-presidente

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Zolan Kanno-Youngs Maggie Haberman
The New York Times

O Serviço Secreto admitiu neste sábado (20) que recusou pedidos de recursos adicionais feitos pela equipe de segurança do ex-presidente Donald Trump nos dois anos que antecederam a tentativa de assassinato sofrida por ele na semana passada. Em declarações anteriores, a agência negou que tais pedidos tivessem sido rejeitados.

Quase imediatamente após um atirador disparar contra Trump do telhado de um depósito próximo do palco do qual o ex-presidente discursava em Butler, na Pensilvânia, o Serviço Secreto enfrentou acusações de republicanos e autoridades policiais anônimas de que havia recusado pedidos de agentes adicionais para garantir a segurança nos comícios de Trump.

A imagem mostra Trump, um homem branco com cabelos brancos, de perfil, com um curativo branco na orelha. Ele está falando em um microfone preto. O fundo da imagem é escuro.
O ex-presidente e candidato republicano Donald Trump discursa durante o último dia da Convenção Nacional Republicana de 2024 em Milwaukee - Brendan Smialowski - 18.jul.24/AFP

"Há uma afirmação falsa de que um membro da equipe do ex-presidente solicitou recursos adicionais e que esses foram rejeitados", disse Anthony Guglielmi, porta-voz do Serviço Secreto, no domingo passado, um dia após o ataque.

Alejandro Mayorkas, secretário do Departamento de Segurança Interna, que supervisiona o Serviço Secreto, disse na segunda-feira (15) que a acusação de que ele emitiu as negativas era "uma declaração infundada, irresponsável e inequivocamente falsa".

Já neste sábado, Guglielmi reconheceu que o Serviço Secreto recusou alguns pedidos de recursos federais adicionais para a equipe de Trump. Duas pessoas informadas sobre o assunto, que falaram sob condição de anonimato, confirmaram que a campanha do ex-presidente solicitou recursos adicionais durante a maior parte do tempo em que Trump esteve fora do cargo. Os pedidos negados não eram especificamente para o comício em Butler, segundo Guglielmi.

Anteriormente, autoridades dos Estados Unidos disseram que o Serviço Secreto havia reforçado a segurança do ex-presidente antes do comício em Butler, porque havia recebido informações de agências de inteligência americanas sobre um suposto plano de assassinato iraniano contra Trump.

Em comunicado enviado ao The New York Times, Guglielmi enfatizou que a agência federal trabalha em um "ambiente de ameaça dinâmica" e que, nos casos em que o Serviço Secreto não pôde fornecer recursos adicionais, eles complementaram a segurança dos comícios de Trump com integrantes de forças de segurança estadual ou local, ou alteraram seus planos de segurança para reduzir a exposição de Trump.

"Em alguns casos em que unidades ou recursos especializados do Serviço Secreto não foram fornecidos, a agência fez modificações para garantir a segurança do protegido", disse Guglielmi no comunicado. "Isso pode incluir o uso de parceiros estaduais ou locais para funções especializadas ou identificar alternativas para reduzir a exposição pública de um protegido."

Guglielmi disse que a agência federal é limitada na quantidade de recursos disponíveis para eventos. Autoridades do Serviço Secreto reclamam há anos que a agência está sobrecarregada, especialmente durante o período, quando deve proteger o presidente atual, vários candidatos e convenções políticas.

O fato de o serviço ter rejeitado pedidos anteriores de apoio adicional foi relatado anteriormente pelo The Washington Post.

A admissão só aumentará as críticas que a diretora do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle, deve enfrentar na segunda-feira (22), quando comparecer a uma audiência no Comitê de Supervisão e Responsabilidade da Câmara dos Deputados.

O Serviço Secreto enfrentou escrutínio sobre a forma como escalou policiais locais para auxiliar na segurança do comício em Butler. A agência designou um contingente significativo de policiais locais para trabalhar dentro de seu perímetro de segurança, em vez de cobrir o prédio de onde foi feito o disparo.

O atirador conseguiu circular livremente fora do perímetro antes de assumir sua posição no telhado, mesmo que os policiais locais o tenham notado agindo de forma suspeita e notificado outras autoridades.

A agência também enfrentou perguntas sobre por que permitiu que Trump subisse ao palco na Feira de Butler, mesmo depois de receber informações de que a polícia estava procurando alguém suspeito na multidão.

Além de ferir Trump, o atirador, posteriormente identificado como Thomas Matthew Crooks, 20, de Bethel Park, na Pensilvânia, matou um participante do comício e feriu outros dois. Um atirador do Serviço Secreto então matou Crooks. Mayorkas chamou o incidente de falha na segurança na semana passada, e o presidente Joe Biden pediu uma revisão independente dos procedimentos de segurança antes e depois do tiroteio.

Vários republicanos pediram a renúncia de Cheatle. Durante o discurso de Trump na convenção, ele elogiou os esforços dos agentes que correram em seu auxílio e o levaram em segurança na ocasião do atentado.

Um porta-voz da campanha de Trump se recusou a comentar as novas revelações, apontando apenas uma postagem de Trump no Truth Social após a tentativa de assassinato, na qual o ex-presidente elogiou sua equipe do Serviço Secreto por protegê-lo.

"Quero agradecer ao Serviço Secreto dos Estados Unidos e a todas as forças de segurança por sua rápida resposta ao tiroteio que acabou de ocorrer em Butler, Pensilvânia", escreveu Trump.

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