Bolsonaristas usam desistência de Biden para atacar Lula; ministros do governo enaltecem decisão

Presidente dos Estados Unidos desistiu da tentativa de reeleição e apoia a indicação de Kamala Harris para disputa

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Brasília

Parlamentares bolsonaristas usaram a saída do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, da disputa eleitoral americana para atacar o governo Lula (PT).

Os presidentes Lula e Joe Biden na reunião do G7 na Itália, em junho de 2024 - Kevin Lamarque/REUTERS

"Biden EUA está fora! Quando o Biden brasileiro vai sair?", postou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), na sua conta no X (antigo Twitter).

Para o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro-chefe da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a desistência de Biden "é a vitória da verdade sobre as narrativas falsas e manipuladoras da esquerda".

"Não foi a renúncia a uma candidatura. Foi a vitória finalmente daqueles que ficaram amordaçados por uma narrativa de que Trump era o mal absoluto e Biden o bem incontestável", escreveu o senador.

Por outro lado, ministros do governo Lula avaliaram a decisão como um gesto de grandeza política.

"Política não é personalismo, mas, sim, serviço a favor das ideias e valores. Biden dá demonstração enorme de grandeza política ao compreender que os democratas precisam de um fato novo para enfrentar o conservadorismo extremista que ameaça o mundo", postou a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB).

O chefe dos Transportes, Renan Filho (MDB), avaliou que a decisão do presidente americano demonstra desprendimento em um momento crítico e, por isso, "é gesto de grandeza".

Já o titular do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), destacou o que para ele é uma "grande decisão para derrotar a extrema direita norte americana".

No fim de junho, Lula afirmou que não gosta de opinar nas eleições americanas, mas que era simpático a Biden.

"O Biden é a certeza de que os EUA vão continuar respeitando a democracia. O Trump já deu aquela demonstração quando ele invadiu o Capitólio. Fez lá o que se tentou fazer aqui no Brasil no 8 de janeiro. Como democrata estou torcendo para que o Biden saia vitorioso. Tenho uma relação sólida com ele e pretendo manter", afirmou Lula em entrevista à rádio Itatiaia.

O presidente afirmou que o resultado das eleições americanas não devem alterar o clima político no país, mas fez críticas a Donald Trump.

"Se Trump ganhar, a gente não sabe o que ele vai fazer. Sinceramente, a gente não tem noção. Ele chegou a dizer que se algum país quiser escapar do dólar como moeda de referência ele vai punir o país. Ele não é presidente do mundo. Essas pessoas que fazem muita bravata não são boas para a política".

Em fevereiro, Lula já tinha declarado sua afinidade com a candidatura democrata para as eleições americanas.

"Eu espero que o Biden ganhe as eleições. Eu espero que o povo possa votar em alguém que tenha mais afinidade. Eu tenho visto o Biden em porta de fábrica. O discurso do Biden desde o começo até agora é em defesa do mundo do trabalho", afirmou em entrevista à época.

Biden tem 81 anos e desistiu da tentativa de se reeleger a pouco mais de três meses da eleição americana, marcada para o início de novembro. Ele não resistiu à intensa pressão interna do Partido Democrata pela sua saída, iniciada após o desastroso desempenho no debate realizado no fim de junho.

Ele até tentou assegurar apoiadores e eleitores de que tinha condições de derrotar Donald Trump, mas não conseguiu.

"Acredito que é o melhor para o meu partido e para o meu país que eu desista e me concentre apenas em completar meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato", afirmou o democrata em cara pública comunicando a decisão.

O presidente americano endossou a vice-presidente Kamala Harris para o pleito contra o ex-presidente republicano Donald Trump.

Agora, o partido democrata começa uma corrida para oficializar um substituto, que precisa ser aprovado durante a Convenção Nacional Democrata, marcada para os dias 19 e 22 de agosto em Chicago.

Esse evento reúne todos os delegados eleitos durante as primárias, que são votações indiretas para presidente que aconteceram em cada um dos 50 estados dos EUA e envolveram apenas candidatos do partido democrata.

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