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México pausa relações com embaixadas dos EUA e do Canadá após críticas

Representantes dos dois países norte-americanos questionaram reforma judicial proposta por López Obrador

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Cidade do México | Reuters

O governo do México pausou suas relações com a embaixada dos Estados Unidos no país, disse o presidente Andrés Manuel López Obrador nesta terça-feira (27). A medida ocorre após o representante americano criticar a reforma judicial apoiada pelo líder que tem sido alvo de protestos internos.

"Há uma pausa", disse AMLO, como o presidente mexicano é chamado, em uma entrevista coletiva. Segundo ele, a suspensão é apenas com o posto diplomático e não com os EUA como um todo.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, durante entrevista coletiva no Palácio Nacional - Yuri Cortez - 23.ago.2024/AFP

Na semana passada, o embaixador Ken Salazar afirmou que a polêmica proposta é um "grande risco para o funcionamento da democracia no México" e alertou para o potencial risco à relação comercial entre os dois países, os maiores parceiros comerciais um do outro.

Nos dados mais recentes, de junho, o México exportou para os EUA o equivalente a US$ 42,2 bilhões (R$ 232 bilhões) e importou dos americanos um total de US$ 27,7 bilhões (R$ 152 bilhões). A corrente de comércio, de US$ 69,9 bilhões (R$ 384,5 bilhões), equivaleu a 15,9% do total de exportações e importações registradas por Washington.

Salazar não foi o único a desaprovar o texto —o representante do Canadá no México, Graeme Clark, também alertou sobre preocupações de investimento, o que fez as relações com a embaixada do país também serem suspensas, segundo o presidente.

Não ficou totalmente claro o que seria essa pausa nem qual impacto terá para as relações com os dois países. As embaixadas dos EUA e do Canadá não responderam imediatamente a pedidos de comentários da agência de notícias Reuters.

Após afirmar nos últimos dias que a crítica é "desrespeitosa e intervencionista", AMLO afirmou nesta terça que a pausa ocorre porque o embaixador americano quer conversar. "Não é pessoal, tivemos uma relação boa e construtiva." Salazar disse que estava aberto a falar com líderes do governo mexicano para discutir diferentes modelos de representação judicial.

"Como vamos permitir que o embaixador dê sua opinião, diga que o que estamos fazendo está errado?" afirmou o presidente. "Não vamos dizer a ele para sair do país. Mas para ele ler nossa Constituição, sim, vamos dizer." Segundo ele, a suspensão vai durar até ter segurança de que as embaixadas vão "respeitar a independência do México".

Um dos pontos mais controversos da proposta é a instituição de eleições diretas para cargos no Poder Judiciário —dos magistrados da Suprema Corte de Justiça da Nação (SCJN), o tribunal máximo do país, às centenas de juízes federais e estaduais, incluindo os titulares do Tribunal Eleitoral. Aprovada a proposta, o pleito ocorreria já no ano que vem.

A reforma propõe ainda a redução de números de ministros do Supremo de 11 para 9 integrantes, a diminuição de 15 para 12 anos do mandato deles e o estabelecimento de um teto salarial dos magistrados equivalente à remuneração do Presidente da República, entre outras mudanças.

Defensores dizem que a reforma impulsionará a democracia e ajudará a corrigir um sistema que, segundo eles, não serviria à população. Críticos, no entanto, argumentam que as medidas vão desequilibrar os Poderes por favorecer o Executivo, além de tornar os tribunais mais suscetíveis a influências externas. As propostas motivam protestos no país desde o ano passado.

Apesar das manifestações, um comitê na Câmara dos Deputados deu aval ao texto na última segunda-feira (26), abrindo caminho para sua aprovação quando os eleitos para o Legislativo assumirem em setembro.

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