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O que China e EUA esperam de visita do conselheiro de Segurança Nacional de Biden a Pequim

Jake Sullivan chega para encontro de três dias com o chanceler chinês Wang Yi; leia newsletter China, terra do meio

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Igor Patrick
Washington

Esta é a edição da newsletter China, terra do meio desta terça-feira (27). Quer recebê-la toda semana no seu email? Inscreva-se abaixo:

O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, inicia nesta terça (27) um encontro de três dias com ministro do Exterior da China, Wang Yi. É a primeira visita do tipo desde 2016, quando a então conselheira de Obama, Susan Rice, esteve em Pequim para se encontrar com oficiais militares e com o próprio Xi Jinping.

A Casa Branca disse que os dois vão discutir vários assuntos, como o combate ao narcotráfico, melhoria dos canais de diálogo entre militares e maneiras de gerir o uso de inteligência artificial.

Os americanos também querem discutir temas como o Oriente Médio, o alegado apoio chinês à indústria bélica russa e o aumento de tensões no mar do Sul da China e em Taiwan. Pequim, porém, já deixou claro que não quer tocar nestes dois últimos temas.

  • "Os países fora da região não devem tomar medidas que provoquem confrontos ou aumentem as tensões", diz comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores no domingo (25).
O assessor de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, cumprimenta o ministro do exterior da China, Wang Yi, em Pequim, em 27 de agosto de 2024 - Ng Han Guan/AFP

Por que importa: o Financial Times publicou uma reportagem que detalha quais são as expectativas dos dois lados para o encontro e o que aconteceu nas quatro últimas reuniões entre Sullivan e Wang em outras partes do mundo. O jornal fez revelações interessantes:

  • No primeiro encontro da dupla em Viena em 2023, Sullivan se preparou para "definir um caminho que colocasse os dois países em uma trajetória estável sem ceder um centímetro" dos interesses americanos.
  • Wang, por outro lado, estava irritado com a história do balão espião chinês e a fanfarra da mídia e do governo americano com o episódio. Ele usou a conversa para deixar claro que a questão taiwanesa seria "uma linha vermelha que jamais poderia ser cruzada" pelos EUA.

pare para ver

Reprodução

"Tear", arte da artista chinesa-americana Hung Liu, que faleceu em 2021 e se notabilizou pela arte por colagem e murais retratando cenas da sua infância. Você pode ler mais sobre quem ela foi aqui (em inglês).


o que também importa

★ A gigante norte-americana IBM anunciou que vai encerrar suas operações de pesquisa e desenvolvimento na China. A empresa demitiu mais de 1.000 funcionários em cidades como Pequim, Xangai e Dalian, mas garantiu que as mudanças "não afetarão sua capacidade de atender clientes na China como um todo". O foco a partir de agora, de acordo com a companhia, deve estar em soluções de nuvem híbrida e inteligência artificial. As receitas da IBM vêm caindo no território continental chinês, com uma queda de 19,6% em 2023 e 5% no primeiro semestre de 2024, segundo a Bloomberg.

★ O governo de Taiwan decidiu cancelar um show do rapper chinês Wang Yitai após ele usar o termo "Taipei, China" em materiais promocionais. O termo é frequentemente usado na China continental para reafirmar a soberania sobre a ilha e descrevê-la como uma província chinesa. Além do cancelamento da apresentação, que estava marcada para 14 de setembro em Taipei, Wang Yitai foi banido da ilha. Autoridades taiwanesas disseram em comunicado que "trocas culturais devem ser baseadas em respeito mútuo" e que "não vão tolerar publicações que diminuam o status de Taiwan".

★ O Canadá anunciou que vai impor uma tarifa de 100% sobre as importações de veículos elétricos fabricados na China. Segundo a mídia local, a decisão foi tomada após uma reunião entre o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, e o premiê canadense, Justin Trudeau. Além dos impostos aos carros, Trudeau anunciou a aplicação de uma tarifa de 25% sobre o aço e alumínio chineses e planeja iniciar uma consulta de 30 dias sobre possíveis tarifas em baterias, semicondutores e minerais críticos vindos da China. A embaixada chinesa criticou a decisão, acusando o Canadá de protecionismo comercial e violação das regras da OMC e ameaçando "tomar medidas para proteger os interesses das empresas chinesas".


fique de olho

Um avião de reconhecimento militar chinês invadiu o espaço aéreo do Japão na costa sudoeste do país nesta segunda (26), informaram fontes militares japonesas.

O avião rondou a costa sudoeste da ilha Danjo, principal do sul do Japão, por dois minutos, disse o Estado-Maior Conjunto das Forças de Autodefesa Japonesas. Em resposta, Tóquio colocou os caças em alerta e emitiu um aviso à aeronave chinesa.

A chancelaria japonesa convocou o embaixador chinês em exercício, Shi Yong, para protestar contra a violação do espaço aéreo. Okano também exigiu que a China tomasse medidas preventivas para evitar tais incidentes. Na prática diplomática, a convocação de um embaixador é um sinal forte de descontentamento com as ações de um país.

Por que importa: é a primeira incursão conhecida das forças armadas chinesas no território aéreo do Japão, segundo o Ministério da Defesa japonês.

Ocorrências do tipo são bastante incomuns fora de áreas que Pequim considera suas, como o mar do Sul da China ou Taiwan. Por isso, analistas militares sugeriram que o incidente pode indicar a pretensão dos chineses em testar os limites territoriais com o Japão.

A China reivindica o controle de uma vasta plataforma continental no Mar da China Oriental, em uma área que se estende até as Ilhas Senkaku e Danjo, onde o avião foi avistado.


para ir a fundo

  • Conhecida mundialmente pela qualidade (e quantidade) dos seus cursos de engenharia, a China tem visto uma reversão na oferta de graduações na área. O Sixth Tone explicou nesta reportagem o que está acontecendo. (gratuito, em inglês)
  • Para o South China Morning Post, o historiador Paul French reconta a curiosíssima história de Maria Wendt, uma enfermeira que causou uma febre midiática ao contrabandear quase 25 quilos de heroína entre Xangai e Los Angeles na década de 1930. (paywall poroso, em inglês)
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