Descrição de chapéu Rússia Guerra da Ucrânia

Russos homenageiam líder mercenário 1 ano após morte em queda de avião

Ievguêni Prigojin, chefe do Grupo Wagner, combateu na Ucrânia e liderou motim fracassado contra Vladimir Putin

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São Paulo

Dezenas de pessoas na Rússia prestaram homenagens a Ievguêni Prigojin nesta sexta-feira (23), data que marcou o primeiro ano da morte do líder mercenário. O chefe do grupo paramilitar Wagner, que atuou na Guerra da Ucrânia, estava em um avião que caiu perto de Moscou exatos dois meses após ele comandar um motim fracassado contra a cúpula militar de Vladimir Putin.

Enlutados olham para memorial improvisado em homenagem a Ievguêni Prigojin e outros combatentes do Grupo Wagner em Moscou
Enlutados olham para memorial improvisado em homenagem a Ievguêni Prigojin e outros combatentes do Grupo Wagner em Moscou - Alexandr Nemenov - 23.ago.24/AFP

Ao lado do túmulo de Prigojin em um cemitério de São Petersburgo, um padre ortodoxo fez uma oração, e um grupo de mulheres cantou em homenagem ao líder mercenário. Russos que passaram pelo local disseram que o combatente deveria ser lembrado como um herói e como alguém que amava o país.

"Existem pessoas assim como [o cosmonauta soviético] Iuri Gagárin e Ievguêni Prigojin, de quem devemos nos orgulhar", disse um homem que se identificou apenas como Dmitri à agência de notícias Reuters. "Nossos filhos, que estão crescendo, deveriam admirá-los."

Outras pessoas tiraram fotos em frente à estátua de Prigojin, feita de bronze e em tamanho real, que foi envolta em bandeiras do Grupo Wagner e da Rússia.

Em um memorial improvisado numa rua movimentada do centro de Moscou, pessoas vestindo roupas pretas depositaram dezenas de buquês de rosas vermelhas e brancas próximos de uma parede repleta de fotografias de Prigojin e de outros combatentes do Grupo Wagner.

Prigojin morreu aos 62 anos, em 23 de agosto de 2023, na queda de um de seus jatos executivos perto de Moscou. O caso aumentou a lista de mortes em circunstâncias suspeitas ou misteriosas na Rússia desde o início da Guerra da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Generais e empresários de destaque morreram em circunstâncias trágicas. Os óbitos são atribuídos a doenças, suicídios ou acidentes, mas, segundo críticos do Kremlin, podem ser assassinatos disfarçados.

Conhecido como "chef de Putin", por ter fornecido serviços de alimentação ao governo russo, Prigojin comandava o Grupo Wagner desde 2014. A organização atuou na anexação da península da Crimeia e passou a vender seus serviços a diversos países africanos e à Síria. Em 2022, na Guerra da Ucrânia, os contratos oficiais do grupo chegaram a US$ 1 bilhão (R$ 4,87 bilhões na conversão atual), segundo Putin.

Após a invasão da Ucrânia, o líder mercenário travou uma longa disputa com as forças de segurança e de defesa russas que culminou em um motim. A rebelião terminou rapidamente, mas foi vista como um desafio ao controle de Putin sobre o país. Dois meses depois, ele morreu na queda do avião.

Em dezembro, o americano Wall Street Journal publicou uma reportagem afirmando que a morte de Prigojin havia sido orquestrada pelo secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patruchev, aliado de Putin. O Kremlin acusou a publicação de fazer "ficção sensacionalista". Já o presidente sugeriu que o avião caiu após a detonação de granadas de mão dentro da aeronave.

Desde a morte do líder mercenário, várias pessoas passaram a chamá-lo de herói, embora o establishment russo não veja com bons olhos o homem que liderou o mais grave motim contra Putin desde que o presidente chegou ao poder, em 1999.

No cemitério de São Petersburgo, algumas pessoas disseram que o conflito na Ucrânia estaria mais próximo do fim se Prigojin ainda estivesse vivo. "Sua compostura [é o que é necessário agora]. Sua capacidade mental de organizar as coisas, de fazer o que é necessário", disse um homem chamado Alexandr à Reuters.

Dois anos e seis meses após o início da Guerra da Ucrânia, o conflito ainda parece longe do fim. Nos últimos dias, tropas ucranianas invadiram e passaram a atuar na região de Kursk, no sul da Rússia. Trata-se da primeira invasão ao país desde que os tanques nazistas cruzaram as fronteiras soviéticas em 1941.

Maior apoiador da Ucrânia, o presidente dos EUA, Joe Biden, conversou nesta sexta com seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, e anunciou um novo pacote de ajuda a Kiev, segundo a Casa Branca.

Uma autoridade americana disse à Reuters que a medida equivale a US$ 125 milhões (R$ 690 milhões) em ajuda. O pacote inclui mísseis para defesa aérea, equipamentos antidrone, mísseis antiblindados e munição. Na ligação, Biden também reafirmou a Zelenski o "apoio inabalável dos EUA ao povo da Ucrânia".

Com Reuters

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