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Incêndios cobrem cidades de SP de fumaça e fecham rodovias, e gestão Tarcísio cria gabinete de crise

Situação é crítica na área rural de Sertãozinho, que está sem acesso a parte dos municípios vizinhos

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Fumaça sobre a região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo - Joel Silva / Fotoarena/Folhapress

São Paulo e Ribeirão Preto

Incêndios de grandes proporções bloquearam na tarde desta sexta-feira (23) estradas que dão acesso a diversas cidades na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou a criação de um gabinete de crise para atuar nos incêndios florestais.

Ribeirão Preto tinha céu encoberto por fumaça e poeira, ganhando tom avermelhado, como consequência do fogo e da estiagem. Brodowski, Pitangueiras, Batatais e Bebedouro também foram atingidas.

Com mais de 200 quilômetros de distância em relação a Ribeirão Preto, as cidades de Campinas e Jundiaí também tinham céu encoberto.

Na capital paulista, o pôr do sol ficou avermelhado. A principal causa, nesse caso, é a fumaça de incêndios na região da amazônia, mas o fogo no interior do estado também tinha pequena parcela na piora da qualidade do ar. Em diversos pontos da cidade era possível observar fuligem.

imagem aérea mostra cidade com céu encoberto por fumaça
Céu encoberto por fumação devido a incêndios de grandes proporções em matas e canaviais na zona rural no entorno de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo - Joel Silva/Fotoarena/Folhapress

A situação é especialmente preocupante na área rural no município de Sertãozinho, que está sem acesso a municípios vizinhos como Pontal e Barrinha. O parque ecológico da cidade também foi fechado devido à aproximação do fogo, informou a prefeitura.

Segundo a Defesa Civil do Estado, há um incêndio em andamento na rodovia Carlos Tonani (SP-333), próximo à Fazenda Experimental, em Sertãozinho. Além da própria Defesa Civil, também atuam na ocorrência brigadistas e a Secretaria do Meio ambiente.

Um integrante do Corpo de Bombeiros de Ribeirão Preto afirmou que a situação na região é crítica e que a corporação vem recebendo muitas chamadas de diversas localidades.

Uma série de incêndios de grandes proporções atinge a região desde quinta-feira (22), causando prejuízos para a agricultura.

A fumaça encobrindo a pista provocou um engavetamento envolvendo oito veículos na rodovia Brigadeiro Faria Lima, em Bebedouro, deixando dois feridos nesta quinta.

Uma usina de açúcar e etanol de Luiz Antônio anunciou recompensa de R$ 30 mil para quem denunciasse criminosos que podem ter ateado fogo em suas lavouras. Não há confirmação de que os incêndios são criminosos.

Em Sertãozinho, a Secretaria Municipal de Saúde emitiu alerta sobre cuidados extras para evitar problemas respiratórios. Moradores da região têm postado em suas redes sociais imagens da fumaça encobrindo rodovias.

Em Porto Ferreira, a fumaça prejudica a visibilidade na rodovia Anhanguera, formando e filas de veículos.

Entre Brodowski e Batatais, a rodovia Candido Portinari sofreu interdição que já dura quatro horas nesta tarde no sentido Brodowski, na altura do quilômetro 342. Isso gerou ao menos cinco quilômetros de congestionamentos, segundo motoristas.

"Estava indo para Ribeirão Preto para ir ao médico, mas provavelmente perderei o horário da consulta e já liguei na clínica para remarcar", disse o comerciante José Antônio Mouta, de Batatais, que passaria por atendimento em Ribeirão.

Também em Batatais, escolas como a ABE (Associação Batataense de Ensino) suspenderam as aulas de educação física nesta sexta.

As aulas presenciais também foram suspensas na Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Sertãozinho na quinta pelo mesmo motivo.

A Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) repudiou os incêndios na região de Ribeirão Preto, apontados por ela como criminosos.

"As queimadas prejudicam o meio ambiente, a segurança das pessoas e também a rentabilidade dos produtores rurais. Diante da baixa umidade do ar, falta de chuvas e temperaturas elevadas, toda a cadeia de produção da cana-de-açúcar está mobilizada contra os incêndios e comprometida com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente", diz a organização.

A entidade também afirmou os produtores de cana-de-açúcar e as usinas "não são os responsáveis pelos incêndios e, sim, que atuam para afastar o fogo de suas produções".

São Paulo entra na 'esteira de fumaça' da amazônia

O pôr do sol avermelhado desta sexta-feira (23) na cidade de São Paulo foi provocado por incêndios na região da amazônia. Com contribuição menor, o fogo que bloqueia estradas no interior do estado também influenciou na piora da qualidade do ar.

Ventos partindo de noroeste são fenômenos que tipicamente antecedem passagens de frentes frias, como a que chegará a São Paulo neste fim de semana.

Em períodos de estiagem combinada a grandes incêndios no Norte e Centro-Oeste, um corredor de fumaça é formado, diz o meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador-geral de operações do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

A imagem mostra uma vista de parte América do Sul a partir do espaço, destacando a vegetação verde na parte norte e o terreno mais árido ao sul. Nuvens brancas estão dispersas sobre o continente, mas estão mais aparentes sobre estados do Sul do Brasil, como o Paraná, se aproximando de São Paulo. A fumaça de incêndios está espessa
Imagens de satélite registram fumaça de incêndios mais próximas de MT e SP após aproximação de frente fria pelo Sul do Brasil - Divulgação - 23.ago.2024/RAMMB/Cira/Noaa

"Estamos em uma esteira de fumaça vinda da amazônia, dando volta por Peru, Bolívia e se aproximando daqui", diz Seluchi. "É típico, antes da passagem da frente frente fria, haver ventos de noroeste, que trazem não só a fumaça, mas o aumento da temperatura", comenta.

Fogo e seca voltam a ser uma grande preocupação na amazônia neste ano. De janeiro até esta a última quarta (21), a região registrou mais de 44,8 mil focos de calor, com aumento de 82% em relação ao mesmo período de 2023, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Até julho, o acumulado era o mais crítico em duas décadas, e agora é o maior desde 2010, quando foram registrados quase 466 mil focos no período.

Céu vermelho é um fenômeno ótico, provocado pela refração de raios solares na poeira e fuligem. Em períodos de seca e, sobretudo, com a ocorrência de queimadas, o acúmulo dessas partículas é mais intenso. É sinal claro de que a qualidade do ar está ruim.

A principal fonte da fumaça está no sul da Amazônia, no chamado arco de desflorestamento. Embora os ventos partam inicialmente de leste para oeste, eles encontram uma barreira na cordilheira dos Andes, mudando de direção e chegando a estados como Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Esse mesmo vento também passa pelo interior paulista, também afetado por diversos focos de incêndio em áreas rurais. Isso contribui para a piora da ar na capital, embora em proporção muito inferior, segundo Seluchi.

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