Descrição de chapéu América Latina imigrantes

Falta de políticas migratórias na América Latina força à travessia de Darién, diz ONG

Human Rights Watch cobra de governos da região resposta coordenada às crises na Venezuela e no Haiti

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou a precariedade das políticas para a migração de uma série de países da América Latina em um dossiê publicado nesta quarta-feira (11).

Nele a entidade afirma que essas limitações acabam por incentivar migrantes —principalmente os da Venezuela e do Haiti, países que vivem graves crises humanitárias— a cruzar o perigoso estreito de Darién, entre o Panamá e a Colômbia, para tentar entrar nos Estados Unidos.

Acampamento no Centro de Recepção e Atendimento aos Migrantes em Lajas Blancas, em Darién, no Panamá - Martin Bernetti - 27.jun.24/AFP

"Os governos do continente americano não deveriam ficar de braços cruzados" enquanto essas emergências se aprofundam, diz Tirana Hassan, diretora executiva da HRW, em nota. "Eles deveriam respeitar e promover os direitos humanos internamente e assegurar que pessoas que fogem tenham oportunidades significativas para obter proteção e refazer suas vidas."

O dossiê da ONG analisa as diretrizes para migração de seis países latino-americanos: Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Panamá e Peru.

Embora elogie iniciativas pontuais —incluindo as acolhidas dos venezuelanos pelo Brasil e pela Colômbia—, a conclusão do relatório da ONG é de que a complexidade burocrática e a falta de políticas inclusivas dificultam as experiências dos migrantes na região.

"As opções limitadas de regularização, o acesso precário ao refúgio e os programas de integração limitados deixaram centenas de milhares de pessoas incapazes de refazer suas vidas, forçando muitas a seguir para o norte", diz o texto.

O texto propõe algumas soluções para esses problemas, baseadas principalmente em uma atuação mais coordenada dos países da região.

Uma dessas soluções é a criação de um programa único de regularização da situação de cidadãos da Venezuela e do Haiti para todos os países analisados, de modo que esses migrantes possam obter "um status legal por um tempo razoável" e possam renová-los facilmente.

Outra é o estabelecimento de um mecanismo equitativo de acomodação dos refugiados. O objetivo seria garantir que nenhum dos países da região fique mais sobrecarregado do que outros.

A adesão a essas sugestões permitiria a esses países gerar "oportunidades reais de integração socioeconômica" para os migrantes antes de eles pensarem na opção de Darién, diz o documento.

A HRW estima que mais de 700 mil migrantes e solicitantes de refúgio tenham cruzado Darién desde abril de 2022. Esse número incluiria 477 mil cidadãos da Venezuela e 41 mil do Haiti.

Além disso, de 45% a 67% dos venezuelanos que passaram por Darién de janeiro a julho deste ano teriam vivido em outros países da América do Sul antes de fazer a travessia, segundo indicam dados do Acnur, a agência da ONU para refugiados.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.