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EUA investigam interesses nucleares do Irã na América Latina, revela WikiLeaks
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DE SÃO PAULO
Atualizado às 23h14.
Pelo menos desde 2006 o Irã investiga a possibilidade de obter urânio nos países da América Latina, especialmente na Venezuela e Bolívia, segundo telegramas diplomáticos dos EUA vazados pelo WikiLeaks, informa o jornal espanhol "El País".
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Em relação ao Brasil, os EUA parecem mais confortáveis quando se trata de iniciativas nucleares. Segundo o jornal, um grande relatório confidencial explica como o Brasil começou a instalar centrífugas em cadeia para enriquecer urânio, e destaca que funcionários do governo brasileiro querem colaborar com Washington "para melhorar a segurança das instalações nucleares, e ajudar a treinar a próxima geração de técnicos e especialistas".
Evitando o tom alarmista, os EUA recolheram informações sobre qualquer detalhe que poderia estar ligado ao enriquecimento de urânio, revela o jornal. Por exemplo, desde o acordo de uma empresa canadense, maior produtora de urânio do mundo, para aumentar sua produção no Peru, até um comentário do chanceler israelense, Avigdor Lieberman, durante uma visita oficial ao Peru em julho de 2009, sobre o "tamanho desmesurado" da representação diplomática iraniana na Bolívia.
Até mesmo Israel passou a "investigar" as relações nucleares entre Irã e Venezuela, segundo o "El País". Em maio de 2009, Israel divulgou um informe de três páginas, no qual assegurava que o Irã estava ajudando a Bolívia e a Venezuela em um teórico programa nuclear. Em outubro, o presidente da Bolívia, Evo Morales, revelou em visita ao Irã que Teerã vai ajudar La Paz a construir uma central nuclear.
O grande aliado iraniano na América Latina seria a Venezuela. A embaixada americana em Caracas comentou as atividades conjuntas entre Irã e Venezuela ligadas à obtenção de urânio, e o acordo nuclear assinado entre Caracas e Moscou em outubro passado. E sempre alertando para "não desprezar os rumores sobre o urânio".
WIKILEAKS
Cerca de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA vieram à tona neste domingo, divulgados pelo site WikiLeaks. Os chamados "cables" [telegramas] revelam detalhes secretos --alguns bastante curiosos-- da política externa americana entre dezembro de 1966 e fevereiro deste ano, em um caso que começa a ficar conhecido como "Cablegate".
São 251.288 documentos enviados por 274 embaixadas. Destes, 145.451 tratam de política externa, 122.896, de assuntos internos dos governos, 55.211, de direitos humanos, 49.044, de condições econômicas, 28.801, de terrorismo e 6.532, do Conselho de Segurança da ONU. Os telegramas foram divulgados por meio de um grupo de publicações internacionais: "The New York Times" (EUA), "Guardian" (Reino Unido), "El País" (Espanha), "Le Monde" (França) e "Der Spiegel" (Alemanha).
O WikiLeaks divulga documentos secretos há anos, mas ganhou destaque internacional este ano, com três vazamentos. No primeiro, publicou um vídeo confidencial, feito por um helicóptero americano, que parece mostrar um ataque contra dois funcionários da agência de notícias Reuters e outros civis. O segundo tornou públicos 77 mil arquivos de inteligência dos EUA sobre a guerra do Afeganistão. O terceiro divulgou mais 400 mil arquivos expondo ataques, detenções e interrogatórios no Iraque.
O Pentágono suspeita que quem está por trás dos vazamentos é o analista de inteligência Bradley Manning, 22.
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