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15/08/2011 - 12h08

Cresce a pirataria nas águas da África Ocidental

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DAVID SMITH
DO "GUARDIAN"

Os ataques de piratas nas águas da África Ocidental vêm crescendo acentuadamente, de acordo com estatísticas recentes, e isso causa temores de que a região se torne semelhante à Somália em termos de ameaça à navegação.

Nigéria e Benin reportaram 22 incidentes de pirataria até agora este ano, incluindo dois nos últimos dias, informou o International Maritime Bureau (IMB). No ano passado, o Benin não sofreu ataques desse tipo.

"Creio que estamos perto de uma crise aqui, e se houver uma crise será preciso agir", disse o contra-almirante Kenneth Norton, do comando naval dos Estados Unidos para a Europa e África, à agência de notícias Associated Press.

A pirataria no Golfo da Guiné, que se estende pelas águas de uma dúzia de países, da Guiné a Angola, avançou de pequenos roubos armados para sequestro, roubos de cargas e assaltos em larga escala, nos oito últimos meses, de acordo com a Risk International, uma empresa de segurança sediada na Dinamarca.

Nigéria, Benin e as águas próximas este mês receberam classificação de risco igual à da Somália por parte da rede Lloyd's de seguros, de Londres. Neil Smith, o vice-presidente de resseguros da organização, disse que "isso sempre foi uma preocupação para o setor de navegação. O modelo que fincou raízes na Somália poderia se espalhar a outras áreas".

Os piratas representam ameaça aos navios de comércio que chegam ao movimentado porto comercial de Apapa, em Lagos, e ao próspero mercado de carros usados que fica em Cotonou, a capital comercial do Benin.

As autoridades do Benin arrecadam 40% de sua receita anual com as atividades portuárias. Maxime Ahoyo, o chefe de estado-maior da marinha do Benin, disse que "dezenas de navios já não navegam em nossas águas por medo dos piratas".

Embora inferior aos 163 ataques atribuídos a piratas somalis no primeiro semestre de 2011, o número de ataques ao largo da Nigéria vem sendo subestimado porque alguns navios transportam cargas ilegais de petróleo e outros temem que isso resulte em alta nos custos de seguro.

Cyrus Moody, executivo do IMB, disse que "o número é definitivamente mais alto do que nossas estatísticas mostram. Estamos apelando às embarcações que reportem mais quando esses incidentes ocorrem. É a única maneira de formarmos um quadro realista sobre a crise".

Os piratas da África Ocidental podem ter se sentido encorajados pelo impacto de seus camaradas somali, mas existem diferenças importantes entre as regiões, dizem os analistas. O foco de sua ação tende a ser roubar navios, e não capturá-los.

Os piratas nigerianos também se mostram mais dispostos a recorrer à violência, espancando tripulantes com coronhadas e cabos elétricos, e esfaqueando e disparando tiros contra aqueles que tentam resistir. Pelo menos duas mortes ocorreram como resultado desses ataques. Em alguns casos, tripulantes são levados para a terra e mantidos como reféns.

Os piratas do Benin tendem a roubar cargas de petróleo e a liberar o navio, disse Moody. "Os incidentes recentes ao largo do Benin diferem muito dos acontecidos em águas da Somália. Os piratas não capturam o navio, como seus colegas somalis. Os incidentes são mais parecidos com roubos rápidos".

"Não acreditamos que o modelo somali esteja sendo copiado. O desgoverno e ilegalidade que dominam a Somália permitem que os piratas mantenham embarcações na costa por meses a fio. Nossa esperança é que isso não seja possível nos países da África Ocidental ou outras regiões".

Oficiais da marinha nigeriana e representantes do seu setor de navegação e outros grupos se reuniram com funcionários do governo norte-americano esta semana para discutir questões como estratégias de combate à pirataria.

Os Estados Unidos e outros países ocidentais mantêm uma frota de navios de combate à pirataria em patrulha nas águas da África Oriental, mas não há força equivalente nos mares do oeste africano, o que força a Nigéria e seus vizinhos a tentarem deter os ataques sem ajuda.

Especialistas acreditam que muitos dos piratas provenham da Nigéria, onde a corrupção das forças policiais permite que a criminalidade prospere. Antony Goldman, analista de assuntos oeste africanos na PM Consulting de Londres, disse que a venda ilegal de petróleo criou "uma cultura de ilegalidade" na região
costeira.

Ele acrescentou que "na Somália, não há governo. Na Nigéria, o país tem capacidade marítima mas há questões quanto a uma possível cooperação entre as forças de segurança e grupos armados".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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