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Campanhas de Lula e Bolsonaro admitem derrapadas, mas elogiam candidatos em debate

Petista teria falhado em ser pouco incisivo em resposta sobre corrupção; Bolsonaro, em insulto a mulheres

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Brasília

Membros das campanhas de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogiaram a participação dos seus respectivos candidatos à Presidência no debate deste domingo (23), mas admitiram derrapadas.

De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada neste mês, Lula lidera com 47% das intenções de voto, ante 32% de Bolsonaro, 7% de Ciro Gomes (PDT) e 2% de Simone Tebet (MDB).

Os candidatos Lula (PT), Tebet (MDB) e Bolsonaro (PL) - Miguel Schincariol/AFP

Aliados de Lula avaliam que o petista demonstrou equilíbrio, mas teve desempenho inferior ao apresentado na entrevista ao Jornal Nacional e jogou por um empate. Segundo eles, Lula pecou por ter sido pouco incisivo na primeira resposta sobre corrupção no seu governo.

Bolsonaro abriu o debate questionando Lula se o petista queria voltar ao poder para continuar a corrupção na Petrobras. "Era preciso ser ele a me perguntar, e sabia que essa pergunta viria", disse o ex-presidente.

Lula elencou então medidas anticorrupção de seu governo. O ideal, avaliam petistas e membros da cúpula de outros partidos que integram a aliança eleitoral, é que ele tivesse replicado a resposta dada ao Jornal Nacional, em que admitiu desvios na Petrobras, mas apontou escândalos de Bolsonaro, como o que levou à queda do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, investigado por suposto favorecimento a pastores.

Como ponto positivo, aliados de Lula destacam que ele manteve o equilíbrio frente aos ataques de Bolsonaro e ressaltam que isso dialoga com o eleitorado que rechaça excessos do presidente.

Além disso, o petista teria se saído bem quando falou sobre os programas sociais de seus governos passados e os benefícios que receberam. Bolsonaro, por sua vez, dizem integrantes da cúpula da campanha petista, saiu no prejuízo ao demonstrar agressividade e, sobretudo, por ter atacado a jornalista Vera Magalhães e Tebet depois de pergunta sobre vacinação.

"Vera, não poderia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro", disse Bolsonaro.

Em outro momento, o presidente mirou a candidata do MDB. "A senhora é uma vergonha para o Senado, não vem com essa historinha de que eu ataco mulheres, de se vitimizar", afirmou.

Para o deputado José Guimarães (PT-CE), "quem está em primeiro lugar não pode comprar briga estéril". "[Lula] botou Ciro no lugar, falou de dados do governo dele. Portanto, são esses os elementos do debate."

O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, avalia que Bolsonaro foi o derrotado do debate devido à "agressividade contra as mulheres e ao destempero com adversários que interditou o diálogo com os indecisos". Para ele, Lula foi bem porque "manteve a postura de quem está na frente: sereno, diplomático".

Já integrantes da campanha de Bolsonaro admitem que o presidente errou ao atacar as mulheres, mas avaliam que as declarações terão pouco impacto eleitoral. Bolsonaro tem alta rejeição entre o eleitorado feminino e busca diminuí-la usando, inclusive, a figura de sua mulher, Michelle Bolsonaro.

Aliados do presidente dizem que ele busca angariar mais votos de mulheres que rechaçam a esquerda e que não rejeitariam as falas do debate deste domingo. Também dizem que ele buscou reparar o erro ao elencar mais de 60 leis direcionadas a essa fatia que foram sancionadas em seu governo.

A avaliação entre bolsonaristas é que ele conseguiu levar para o centro do embate a pauta ligada à corrupção, um flanco considerado ruim para Lula. Um ministro ressalta que o tema corrupção estava entre os mais procurados na internet na noite de domingo, graças ao debate.

O chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), disse que Bolsonaro foi o vencedor do debate e que Lula "ficou nu diante do Brasil". "Vimos o verdadeiro Lula: diante de si mesmo, o espelho despedaçou", escreveu ele.

O evento foi organizado por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura e durou quase três horas. Lula e Bolsonaro foram os últimos a confirmar presença no evento —após dias de incertezas nas campanhas.

Nos bastidores, integrantes das campanhas de Lula e Bolsonaro concordam em um ponto. Para ambos, Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) foram os que se saíram melhor. Tebet foi a candidata mais bem avaliada, enquanto Bolsonaro foi considerado o presidenciável com o pior desempenho em pesquisa qualitativa realizada pelo Datafolha com eleitores indecisos ou que pretendem votar em branco ou nulo.

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