Vice de Cláudio Castro é alvo de operação da PF no Rio

Investigação apura desvios na saúde; governador cancela agenda de campanha

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Rio de Janeiro

O ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis (MDB), vice na chapa do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), foi alvo nesta quinta-feira (1º) de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal, que investiga desvios na saúde por meio de cooperativas de trabalho.

A ação é um desdobramento da Operação Favorito, que mirou desvios na saúde e culminou com o impeachment do ex-governador Wilson Witzel (PMB). Um dos alvos é o empresário Mario Peixoto, que chegou a ser preso em maio de 2020.

Washington Reis em jantar de confraternização dos ex-ministros do governo Temer - Mathilde Missioneiro - 10.dez.19/Folhapress

Para a PF, Reis é suspeito de ter recebido como propina de Peixoto, por meio das cooperativas Renascer e Cootrab, de tanques-rede de piscicultura para a Fazenda Paraíso, um centro de de reabilitação de dependentes químicos criado pelo ex-prefeito. O equipamento custou, segundo a apuração, R$ 522 mil em 2018.

A Fazenda Paraíso é, desde o fim do ano passado, administrada pela Prefeitura de Duque de Caxias. A sua inauguração contou com a presença de Castro.

De acordo com a PF, há indícios de favorecimento na contratação das cooperativas que custou R$ 563,5 milhões em dois anos. Segundo a investigação, a cooperativa pertence a Peixoto, que a controlaria por meio de laranjas.

"A investigação, iniciada em janeiro deste ano, aponta que a cooperativa em questão pertence à estruturada e complexa organização criminosa que vem operando no Rio de Janeiro em um contexto de corrupção sistêmica, por meio de desvio de recursos públicos, em especial na área da saúde, há décadas", diz a PF.

A operação, que teve apoio da CGU (Controladoria Geral da União), cumpriu 27 mandados de busca e apreensão expedidos pela juíza Kátia Maria de Oliveira, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

"O que se identificou como uma característica acentuada da organização criminosa em questão foi justamente a repetição do seu modo de atuar, ou seja, o emprego do mesmo modus operandi tanto na constituição de empresas geridas por interpostas pessoas, quanto na forma de contratar com entes públicos. Através de uma densa confusão patrimonial e administrativa existente entre as pessoas jurídicas pertencentes ao grupo, as práticas delitivas se repetiam, de maneira recorrente", diz a PF.

Durante a ação, a polícia apreendeu um fuzil calibre 556. Em nota, o ex-prefeito disse que o armamento encontrado no veículo de sua equipe de segurança "está acautelado oficialmente, protocolado e legalizado junto à Polícia Militar".

Ainda segundo Reis, a arma foi liberada para uso da escolta policial do deputado estadual Rosenverg Reis, "para proteção do parlamentar durante o período de campanha eleitoral".

A nota diz ainda que, após viagem na quarta do ex-prefeito e do deputado ao município de Porto Real, acompanhados da equipe de segurança, um dos veículos teve pane e a equipe, assim como o fuzil, foram deslocados para o carro onde houve a apreensão.

Após a deflagração da operação, Cláudio Castro cancelou uma agenda de campanha marcada para esta quinta.

Em nota, o emedebista afirmou que se colocou à disposição para prestar todos os esclarecimentos sobre o caso. "A polícia fez o seu trabalho, sem nenhum tipo de interrupção ou dificuldade e nada foi encontrado."

A assessoria de imprensa do ex-prefeito afirmou que a Fazenda Paraíso é um patrimônio público sem relação com Reis.

O advogado Alexandre Lopes, que defende Peixoto, afirmou que o empresário não tem qualquer relação com as cooperativas investigadas e que apenas conhece o ex-prefeito, sem manter qualquer contato pessoal, profissional ou comercial com Reis.

"A operação de hoje causa perplexidade, mais uma vez, pela quantidade de erros graves contidos na representação policial que originou a decisão de busca e apreensão. Ao que consta, a Fazenda Paraíso pertence ao município de Duque de Caxias e realiza atividades de tratamento de dependentes de drogas, não havendo vínculo algum com Mario Peixoto. Enfim, um total absurdo. Violência jurídica que resvala na perseguição", afirmou o advogado.

Reis foi mantido como vice mesmo após o STF (Supremo Tribunal Federal) ter confirmado na terça-feira (30) a condenação do ex-prefeito por crime ambiental. A Procuradoria Regional Eleitoral impugnou a candidatura do vice de Castro.

Apesar da decisão, a campanha de Castro declarou que manteria o nome de Reis como vice.

"Com a divergência de votos entre os ministros, a decisão cabe recurso a ser submetido ao plenário da Suprema Corte. A campanha confirma o nome de Washington Reis na candidatura a vice-governador e ressalta a confiança em sua absolvição e elegibilidade", afirmou a nota enviada na terça.

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