O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou a aliados nesta quinta-feira (1º) que a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) seguirá na presidência do partido —e, portanto, não será ministra em seu governo.
As declarações foram dadas a membros do PT e a representantes das bancadas da legenda no Congresso Nacional em reunião na tarde desta quinta no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de Brasília, sede do governo de transição. A informação foi confirmada à Folha por quatro participantes da reunião.
O deputado federal eleito Washington Quaquá (PT-RJ), um dos vice-presidentes do PT, afirmou que Gleisi será "uma presidente com poder, com força, que coordenará todos os ministros petistas".
A deputada federal está na presidência do partido há cinco anos —e seu mandato acaba em 2024.
O artigo 33 do estatuto do PT proíbe o acúmulo de funções e, em caso de nomeação, determina a convocação de nova eleição entre os membros do diretório em até 60 dias. De imediato, assumiria um dos vice-presidentes.
De acordo com relatos de participantes da reunião, Lula ressaltou a importância de manter o partido fortalecido e unido e disse que quem deu essas condições à legenda nos últimos anos foi a parlamentar.
O presidente eleito elogiou a figura de Gleisi à frente do PT e disse que, neste momento, era mais importante ela ficar na presidência da legenda do que em qualquer outro ministério.
Ele afirmou ainda que a parlamentar recebeu críticas de que não seria capaz de fazer política e se mostrou uma pessoa altamente articulada. Citou como exemplo disso o fato de sua candidatura à Presidência ter contado com o apoio de dez partidos.
Além de coordenadora da campanha e uma das comandantes da equipe de transição, Gleisi vinha sendo cotada para diferentes funções na Esplanada. Ela foi ministra-chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff (PT).
Como mostrou a Folha, uma eventual nomeação de Gleisi a algum ministério do governo abriria uma disputa pelo comando do PT em sua maior corrente, a CNB (Construindo um Novo Brasil).
Tendência liderada por Lula, a CNB já era palco de rivalidade mesmo sem que o nome de Gleisi tivesse sido confirmado para qualquer cargo do futuro governo.
Dois nomes despontavam nas apostas: o do deputado José Guimarães (CE) e o do coordenador financeiro da campanha de Lula, o deputado Márcio Macedo (SE).
Ainda segundo relatos, na reunião desta quinta, Lula disse que os senadores são mais importantes para ele do que governadores, numa sinalização que não desfalcará a Casa na hora de compor seu ministério.
Petistas saíram do encontro com a impressão de que o ex-governador e senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) será o único senador que será nomeado ministro.
O presidente eleito ainda comentou que o MDB tem quatro tendências internas e que chegou a questionar emedebistas sobre qual tendência Simone Tebet (MDB-MS) pertencia. Ele afirmou aos aliados que recebeu a resposta de que ela não está em nenhuma delas.
A fala ocorreu no contexto de que Lula sabe que tem várias demandas por ministérios e que será difícil contemplar a todos como querem.
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