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Nunes obtém aval do PP para oficializar ex-Rota indicado por Bolsonaro como vice

Prefeito tem buscado aparar arestas com demais partidos da coligação; após reunião, Ciro Nogueira diz que escolha de Mello Araújo 'contará com nosso entusiasmo'

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São Paulo

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) deu mais um passo na direção do anúncio de Ricardo Mello Araújo (PL), ex-oficial da Rota, como vice em sua chapa. Nesta segunda-feira (17), ele obteve a anuência do PP para a composição.

O coronel da reserva foi indicado para o posto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e teve o endosso do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O governador Tarcísio de Freitas, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o prefeito Ricardo Nunes e o ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo após almoço na Prefeitura de São Paulo
O governador Tarcísio de Freitas, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o prefeito Ricardo Nunes e o ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo após almoço na Prefeitura de São Paulo - Artur Rodrigues/Folhapress

Na semana passada, Nunes, Mello Araújo, Bolsonaro e Tarcísio almoçaram na prefeitura para avançar na definição. O prefeito afirmou que ainda faltava aparar as arestas com os demais partidos da coligação para anunciar o nome do ex-chefe da Rota.

Como mostrou a coluna Painel, da Folha, o PP mantinha uma resistência ao nome do policial e cobiçava a vaga. Nesta segunda, Nunes se reuniu com o presidente do partido, senador Ciro Nogueira, que admitiu que aceitará a indicação de Tarcísio e Bolsonaro.

"Ficaríamos muito honrados se o vice fosse do nosso partido. Mas coloquei para o prefeito que nós estamos com ele em qualquer hipótese", disse. "Pela liderança do presidente Bolsonaro e do governador Tarcísio, a indicação tem que partir dos dois", acrescentou, embora não tenha retirado os nomes que sugeriu a Nunes.

Questionado pela reportagem se apoiaria Mello Araújo para a vice, Nogueira afirmou: "Se ela [indicação] vier a acontecer, contará com nosso apoio e entusiasmo".

Deputados do PP vinham se manifestando contra o nome do ex-chefe da Rota. Posteriormente, nos bastidores, demonstravam estar conformados com a situação, embora descartassem subir no palanque ao lado de Mello Araújo.

O presidente estadual da sigla, Maurício Neves, disse que o assunto já foi resolvido internamente.

"Nós fizemos uma reunião antes desse encontro com o prefeito Ricardo, chegamos em um consenso com todos os deputados. Nosso projeto é com o prefeito, todos concordaram e com certeza se for pela representatividade do presidente Bolsonaro e do governador Tarcísio pelo coronel Mello estaremos com o prefeito de qualquer maneira", disse.

Nesta semana, Nunes participará ainda de um jantar com outros partidos da coligação e com Tarcísio para tratar do tema.

"A gente ainda tem que conversar com outros partidos, o PSD já declarou que também segue na linha do apoio do governador Tarcísio", disse, batendo na tecla de que há uma frente ampla.

Mello Araújo foi nomeado diretor da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) em 2020 e permaneceu no cargo no restante da gestão Bolsonaro. Durante sua administração, diversos policiais aposentados passaram a atuar em cargos comissionados no órgão –parte das posições também foi preenchida por concursados.

Relatos de sindicatos que representam categorias que atuam na companhia citam a utilização de agentes para intimidar servidores e sindicalistas.

Uma representação do Sindbast (Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo) afirmou que três funcionários teriam sido coagidos a pedir demissão enquanto um dos aliados de Mello Araújo ameaçava expô-los como ladrões em um programa de televisão.

Por outro lado, a presidente do Sincaesp (sindicato de permissionários), Aderlete Cristina Maçaira, disse à Folha que a gestão do policial melhorou a segurança, o combate à corrupção e a organização da companhia. Essa faceta do policial já aparece no discurso de Nunes, que o elogiou por sua gestão na Ceagesp, em um indicativo de que pode se tornar um ativo na campanha.

Caso o nome dele seja confirmado, além da atuação na Ceagesp, um ponto que será usado pela oposição é uma declaração de Mello Araújo na qual defendeu a diferença de tratamento em abordagens policiais nos Jardins (área nobre de São Paulo) e na periferia.

"É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado", disse ao UOL em 2017.

Na ocasião, ele havia assumido como chefe da Rota, batalhão de elite da PM paulista também conhecido pelo alto grau de letalidade e relatos de violência policial.

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