Google investe US$ 300 milhões na startup de inteligência artificial Anthropic

Acordo mostra que grandes grupos de tecnologia estão investindo em empresas na vanguarda da IA generativa

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Richard Waters Kadhim Shubber
San Francisco e Londres | Financial Times

O Google investiu cerca de US$ 300 milhões (R$ 1,53 bilhão) na startup de inteligência artificial Anthropic, tornando-se o último gigante tecnológico a investir dinheiro e poder computacional em uma nova geração de empresas que tentam reivindicar um lugar no crescente campo da "IA generativa".

Os termos do acordo, pelo qual o Google terá participação de cerca de 10%, exige que a Anthropic use o dinheiro para comprar recursos de computação da divisão de computação em nuvem da empresa de buscas, disseram três pessoas familiarizadas com a negociação.

A ação do Google destaca a influência que um pequeno número de grandes empresas de tecnologia adquiriu sobre outras companhias que trabalham com IA, que precisam ter acesso a plataformas de computação em nuvem para lidar com os modelos gigantes de IA desenvolvidos por grupos como a Anthropic.

Logo do Google em convenção de tecnologia em Barcelona, na Espanha - áu Barrena - 31.jan.2023/AFP

O investimento da empresa de buscas também reflete o investimento de US$ 1 bilhão em dinheiro para computação que a Microsoft fez na OpenAI três anos atrás.

O acordo com a Microsoft colocou a OpenAI em condições de construir uma série de sistemas inovadores de IA, culminando com o lançamento, no final do ano passado, do ChatGPT, robô que pode conversar com os usuários por meio de texto. O gigante do software deu sequência no mês passado ao que descreveu como um segundo investimento "plurianual e multibilionário" na empresa.

Tanto a OpenAI quanto a Anthropic estão buscando desenvolver a IA generativa, programas de computador sofisticados que podem escrever textos e criar arte em segundos.

Embora a Microsoft tenha procurado integrar a tecnologia da OpenAI em muitos de seus próprios serviços, o relacionamento do Google com a Anthropic se limita a atuar como fornecedor de tecnologia para a empresa, no que se tornou uma corrida armamentista de IA, segundo pessoas familiarizadas com o acordo.

A Anthropic foi formada em 2021 quando um grupo de pesquisadores liderados por Dario Amodei deixou a OpenAI após um desentendimento sobre a direção da empresa. Eles temiam que o primeiro investimento da Microsoft na OpenAI a colocasse numa rota mais comercial e prejudicasse seu foco original na segurança da IA avançada.

A Anthropic desenvolveu um chatbot inteligente chamado Claude, rival do ChatGPT da OpenAI, embora ainda não tenha sido lançado ao público.

A startup levantou mais de US$ 700 milhões antes do investimento do Google, que foi feito no final de 2022, mas não havia sido relatado anteriormente. O maior investidor da empresa é a Alameda Research, fundo de hedge cripto do fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, que investiu US$ 500 milhões antes de declarar falência no ano passado. A massa falida da FTX sinalizou a Anthropic como um ativo que pode ajudar os credores nas recuperações.

O investimento do Google foi feito por sua divisão de nuvem, comandada por Thomas Kurian, ex-executivo da Oracle. Levar o trabalho de computação de dados intensiva da Anthropic para os data centers do Google faz parte de um esforço para alcançar a liderança que a Microsoft conquistou no mercado de IA em rápido crescimento, graças ao seu trabalho com a OpenAI. A divisão de nuvem do Google também está trabalhando com outras startups, como Cohere e C3, para tentar garantir uma posição maior na IA.

O Google e a Anthropic se recusaram a comentar sobre o investimento, ou sobre que influência a gigante tecnológica teria sobre os negócios da startup.

De acordo com um registro jurídico em Delaware (nordeste dos EUA), onde a Anthropic está incorporada, ela possui duas classes de ações, uma das quais tem dez vezes os direitos de voto da outra. Acordos de ações de classe dupla como esse costumam ser usados por fundadores de empresas de tecnologia para garantir que eles permaneçam no controle e possam diluir a influência de investidores externos.

(Colaborou Tim Bradshaw)

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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