EUA proíbem software antivírus russo Kaspersky

Secretária de Comércio disse que país pode explorar empresas para coletar informações sensíveis; Kremlin critica decisão

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Washington | AFP

Os Estados Unidos proibiram nesta quinta-feira (20) a empresa de cibersegurança Kaspersky, com sede na Rússia, de oferecer seus populares produtos antivírus no país, segundo anunciou o Departamento de Comércio.

"A Kaspersky não poderá mais, entre outras atividades, vender seu software dentro dos Estados Unidos nem fornecer atualizações de software que já estejam em uso", disse a agência em um comunicado.

"A Rússia demonstrou repetidamente que tem a capacidade e a intenção de explorar empresas russas, como a Kaspersky Lab, para coletar e utilizar informações sensíveis como arma", disse a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, em um comunicado.

Estande da Kaspersky na feira MWC de 2022 - Albert Gea - 2.mar.2022/Reuters

Estas medidas mostram aos adversários dos Estados Unidos que o Departamento de Comércio não hesitará em agir quando "sua tecnologia representar um risco para os Estados Unidos e seus cidadãos", acrescentou.

Embora a empresa multinacional tenha sua sede em Moscou, conta com escritórios em 31 países e presta serviços a mais de 400 milhões de usuários e 270 mil clientes corporativos em mais de 200 países, segundo o Departamento de Comércio.

Além de proibir a venda do software antivírus da Kaspersky, o Departamento de Comércio também adicionou três entidades vinculadas à companhia a uma lista de empresas consideradas uma preocupação de segurança nacional, "por sua cooperação com as autoridades militares e de inteligência russas em apoio aos objetivos de ciberinteligência do governo russo".

O Departamento de Comércio disse que "incentiva fortemente" os usuários a mudarem para novos fornecedores, embora sua decisão não proíba o uso do software se assim o decidirem.

A Kaspersky manteve a permissão de continuar certas operações nos Estados Unidos, incluindo a atualização de antivírus, até 29 de setembro deste ano, "para minimizar as interrupções aos consumidores e empresas americanas e dar-lhes tempo para encontrar alternativas adequadas", acrescentou o Departamento de Comércio.

Reação da Rússia

O Kremlin criticou a decisão dos Estados Unidos de proibir o uso no seu território do software. Os comentários foram feitos um dia depois de Washington dizer que representava um "risco para a segurança nacional".

"A Kaspersky Lab é uma empresa muito competitiva internacionalmente", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Ainda acrescentou que esse "é um método favorito de concorrência desleal por parte dos Estados Unidos".

Dirigentes da empresa também são sancionados

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (21) sanções contra 12 dirigentes da Kaspersky Lab. As sanções afetam diversos dirigentes, incluindo o diretor de operações, informou o Departamento do Tesouro em comunicado.

"A ação empreendida hoje contra a direção de Kaspersky Lab ressalta nosso compromisso de garantir a integridade de nosso ciberespaço e de proteger a nossos cidadãos contra as ameaças cibernéticas maliciosas", declarou Brian Nelson, subsecretário do Tesouro para terrorismo e inteligência financeira.

"Os Estados Unidos tomarão medidas quando necessário para responsabilizar quem tente facilitar ou permitir estas atividades", acrescentou.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou, por sua vez, que a empresa está sob "jurisdição, controle ou direção de governo russo, que poderia explorar o acesso privilegiado para obter dados sensíveis".

Isto representa "um risco inaceitável para a segurança nacional dos Estados Unidos ou para a segurança e proteção dos americanos", adicionou.

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