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Tempestade deve levar mais petróleo à costa do golfo
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JUAN CASTRO OLIVEIRA
DA FRANCE PRESSE, EM MIAMI
Ondas e fortes ventos, provocados pela tempestade tropical Bonnie, empurrarão a maré negra para a costa do golfo do México, causando mais danos a habitats sensíveis e animais da região.
No entanto, ajudará a dissolver o petróleo lançado no mar, disseram especialistas nesta sexta-feira (23).
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A Bonnie chegará ao golfo do México no sábado (24) e avançará sobre o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos, antes de entrar, no domingo, na costa da Luisiana, segundo prognósticos do centro nacional de furacões.
"No leste da área onde a tempestade chegará, o petróleo será levado com força para a costa; e o petróleo que já está perto das margens será empurrado mais para o interior", disse Peter Ortner, diretor do Instituto de Estudos Marinhos e Atmosféricos, da escola Rosentiel da Universidade de Miami.
"Como resultado, haverá maior dano a habitats frágeis, especialmente estuários e pântanos, e um efeito nocivo geral, dada a importância que estes ecossistemas do golfo têm para todo o sistema produtivo e de reprodução", advertiu.
Para este especialista, uma das maiores preocupações atuais é a interrupção das operações de controle do vazamento e deixar o poço tapado sem possibilidade de retirar o petróleo para um navio-tanque na superfície de dois a quatro dias.
"Corre-se o risco de que isto resulte em outra perda de controle do petróleo" e na ruptura dos dispositivos que contêm o vazamento do poço, alertou.
Na quinta-feira, as autoridades americanas ordenaram a suspensão das operações de controle do vazamento de petróleo da empresa petroleira britânica BP, e retirar da região os barcos e pessoas mobilizados por pelo menos 48 horas até que a tempestade passe.
Amy Beth Bennett/AP | ||
Ondas quebram em cais em Lauderdale enquanto a tempestade tropical Bonnie se aproxima |
POSITIVO?
Ortner destacou que "um aspecto positivo será que a oeste de onde a tempestade vai entrar, o petróleo que estiver perto da costa será jogado para mais longe, e as praias e margens poderão ser lavadas pelas fortes chuvas e ventos que se dirigirem mar adentro".
Além disso, informou que "a degradação do petróleo poderia ser acelerada e se misturar mais com a água e por reexposição ao oxigênio em algumas áreas".
Os ventos da tempestade Bonnie, que esta sexta-feira chegavam aos 65 km/h, "vão levar o petróleo da superfície até a costa e vão espalhá-lo por uma extensa área, especialmente na Luisiana", lamentou Manhar Dhanak, diretor do Instituto Oceanográfico da Florida Atlantic University.
O acadêmico considerou, ainda, que "o petróleo poderia ser empurrado pelos ventos rumo à corrente do Golfo", uma circulação oceânica que se dirige para ossul da Flórida e a costa leste dos Estados Unidos, podendo transportar a contaminação para estas regiões.
Embora a Bonnie "seja, por enquanto, uma tempestade fraca, vai gerar uma importante ondulação que, associada à arrebentação, vai produzir mistura e a dispersão do petróleo e da camada que flutua na superfície será mais indefinida" e mais difícil de controlar, avaliou Dhanak.
MICRO
Da mesma forma, o oceanógrafo e cientista Laurent Cherubin, também da escola Rosentiel de Ciências Marinhas da Universidade de Miami, opinou que, "enquanto a maré alta e os ventos ajudarão a diluir o petróleo e isto pareça um efeito positivo, não será tanto".
"Há microorganismos que estão morrendo e toda a cadeia alimentar oceânica morre em sua base", explicou.
Como resultado disto, "os animais podem escapar da tempestade, mas suas fontes de alimentação ficarão gravemente empobrecidas", disse.
"Por isso, embora a ameaça do petróleo visualmente pareça diminuir" por efeito de uma biodegradação maior, "vai aumentar seu impacto sobre pequenos organismos, ao incrementar a contaminação devido à dissolução do petróleo em pequenas partes", explicou o cientista.
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