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Irã se diz pronto para retomar diálogo nuclear em novembro
DA BBC BRASIL
Uma carta divulgada nesta sexta-feira, enviada pelo governo do Irã à ministra das Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, diz que o país persa está pronto para retomar, em novembro, o diálogo sobre seu programa nuclear.
Ashton disse que recebeu a carta do negociador-chefe do Irã em questões nucleares, Saeed Jalili, que concordava em marcar um encontro "em lugar e data convenientes para ambos os lados", mas depois de 10 de novembro.
A ministra, que representa as potências mundiais no diálogo nuclear com o Irã, havia convidado Jalili para conversas entre 15 e 17 de novembro. Ela considerou a resposta iraniana "um passo muito significativo".
Vários países, entre eles os Estados Unidos, acusam o Irã de buscar a bomba atômica, mas o país persa diz que seu programa nuclear tem fins pacíficos.
DIFICULDADES
As últimas conversas ocorreram há cerca de um ano, em Genebra, quando as potências negociadoras (o chamado P5+1 --Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China e Alemanha) propuseram a Teerã o envio ao exterior de 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido, em troca combustível em grau maior de enriquecimento para fins medicinais. O objetivo era acalmar os temores ocidentais quanto à capacidade iraniana de enriquecimento do material.
O Irã acabou rejeitando termos da proposta e, em maio deste ano, Brasil e Turquia mediaram com o Irã acordo que previa o envio de urânio pouco enriquecido para Ancara. Dessa vez, o pacto foi aceito por Teerã, mas foi ignorado pelas potências negociadoras e novas sanções contra Teerã foram aprovadas na ONU.
Analistas acreditam que são remotas as chances de que uma nova rodada de conversas resulte em um acordo real.
Jon Leyne, analista da BBC sobre temas iranianos, explica que os termos propostos pelo Ocidente dificilmente serão aceitos pelo país islâmico.
De seu lado, o Irã faz uma série de precondições para iniciar o diálogo, incluindo pedidos de "esclarecimento" sobre o programa nuclear de Israel.
Para Leyne, os dois lados jogam duro, talvez porque acreditem que o tempo corre a seu favor.
"O Irã continua a enriquecer mais e mais urânio, ficando mais perto de ter ao menos a capacidade de fabricar a bomba. O Ocidente acredita que as sanções impostas prejudicam o governo iraniano e darão frutos em algum momento", explica Leyne.
NOVA PROPOSTA
Na última quinta-feira, o Departamento de Estado dos Estados Unidos havia confirmado reportagem do jornal "The New York Times" que dizia que Washington está trabalhando em uma nova proposta ao Irã, de envio de uma quantidade ainda maior de urânio pouco enriquecido ao exterior.
A nova proposta de Washington deve prever o envio de quase 2.000 quilos de urânio ao exterior, segundo o jornal.
O Irã seria forçado também a limitar seu enriquecimento de urânio a 20% (a bomba atômica requer enriquecimento a 90%).
A nova oferta americana seria destinada em parte a mostrar que o governo Obama está cumprindo sua promessa de manter as portas abertas para a negociação com o Irã, relata a correspondente da BBC em Washington Kim Ghattas.
Mas a reação do Irã também ajudará os Estados Unidos a perceberem se as sanções impostas recentemente estão tendo o efeito desejado de prejudicar a economia iraniana e forçar o país a negociar.
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