Senhor presidente,
Quando vosmecê estava em campanha para depor Dilma Rousseff, anunciou que faria um ministério de notáveis. Não o fez, mas disse que formou uma equipe de jovens. Estou aqui com o visconde do Uruguai e vimos que o senhor fez um ministério de notáveis rebentos.
Sua última escolha foi a senhora Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson. Ela se junta a Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Sarney Filho (Meio Ambiente) e Helder Barbalho (Integração Nacional). Na sua equipe estiveram Geddel Vieira Lima e Henrique Alves, filhos do doutor Anfrísio e do governador Aluizio.
Eu e o visconde do Uruguai não podemos reclamar disso. Sou filho do visconde do Rio Branco e ele é pai do Paulino José de Souza, o irredutível adversário da Lei do Ventre Livre.
ACM Neto descende de Antonio Carlos Magalhães, que sucedeu no governo da Bahia a Luis Viana Filho, cujo pai governou o Estado ao tempo da Guerra de Canudos. O avô de Nelson Jobim governou o Rio Grande do Sul. Ele presidiu o Supremo Tribunal e foi ministro da Justiça.
O que intriga no seu ministério é a taxa de encarceramento. Quatro detentos ou filhos de ex-detentos num só ministério é coisa nunca vista em nossa história, nem na dos outros. Estão na cadeia Henrique Alves e Geddel. Estiveram presos o senador Jader, pai de Helder Barbalho e Jefferson, pai de Cristiane. Nenhum deles foi para a cadeia por crime de opinião.
O Brasil teve uma gloriosa galeria de presos, do Padre Vieira a Tomás Antônio Gonzaga e José Bonifácio de Andrada e Silva. Nenhum deles tocou em dinheiro alheio.
Do seu criado,
José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco
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