Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho

'Believe' mescla gêneros e não diz a que veio

"BELIEVE", o drama meio sobrenatural que estreou na última quarta no Warner Channel apenas dez dias após começar a ser exibida nos EUA, é uma boa série.

Criada pelo recém-oscarizado diretor Alfonso Cuarón e produzida por J.J. Abrams (de "Lost"), tem ritmo, um argumento interessante (condenado à morte é libertado por grupo que o obriga a proteger uma menininha paranormal) e uma produção bem-feita.

A estreante Johnny Sequoyah convence como a pequena protagonista, assim como o veterano Delroy Lindo como seu misterioso protetor (para quem lembra dos anos 90, ele é o anjo torto de "Por uma Vida Menos Ordinária"). E ver Kyle

MacLachlan ("Twin Peaks", "Sex and the City", "Desperate Housewives") como vilão é sempre bacana. Falta só Jake McLaughlin, o mocinho Tate, aprender a atuar.

O problema é que, com a atual oferta de séries ótimas e a expectativa criada ao ter por trás o diretor que acaba de levar o prêmio máximo do cinema por "Gravidade" e o sujeito que criou um dos maiores fenômenos de audiência da última década, ser boa não basta.

Pior se a narrativa precisar de mais de duas palavras para defini-la e o público-alvo for uma incógnita. É o caso aqui: "drama sobrenatural" chega perto, mas exato mesmo seria dizer "drama sobrenatural de aventura policialesca com toques de ficção científica/fantasia de heróis ("X-Men", sobretudo) e apelo açucarado pré-adolescente". Ufa.

O segundo episódio, é verdade, é melhor que o primeiro, com sequências de ação mais elétricas, perguntas sobre quem é de fato bom e uma revelação importante.

Dá até para criar empatia com Bo, a menina superpoderosa que não conheceu os pais e que, sem saber dominar suas habilidades, está no meio de uma disputa arquetípica do bem contra o mal que envolve a CIA e experimentos genéticos.

Mas a grande salada elaborada por Cuarón e Abrams pode demorar para dizer a que veio, e, se o currículo de seus criadores serviu para o megacanal americano NBC colocar suas fichas na série, o mesmo não se pode esperar do espectador. Acreditar em quê?

Cuarón fez coisas ótimas com ficção científica ("Filhos da Esperança") e mostrou habilidade com fantasias adolescentes ("Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban"), enquanto Abrams sabe segurar uma plateia. Por outro lado, uma falta de rumo menor do que a aparente em "Believe" fez "Lost" degringolar, e a aposta exagerada em efeitos especiais, como aqui, tornou "Gravidade" um filme modorrento para muita gente.

Até agora, não dá para saber qual desses caminhos "Believe" seguirá, e a audiência nos EUA foi morna. Mesmo que esperemos somente diversão despretensiosa, afinal, é preciso pelo menos algum subtexto para dar à plateia vontade de acompanhar a história.

"Believe" é exibida pelo Warner Channel às quartas-feiras, 20h, com reprises durante a semana

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