Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho

Jack Bauer está de volta e precisa ser salvo

JACK BAUER, o herói linha-dura de "24 Horas", volta nesta semana após quase quatro anos de ausência para viver o "pior dia da sua vida" pela nona vez.

Desta vez, ele terá que salvar o presidente dos EUA de uma tentativa de assassinato durante uma visita a Londres. Enquanto o reloginho bipa e a tensão cresce, porém, Bauer (Kiefer Sutherland) precisa também salvar sua reputação com o espectador após três temporadas frustrantes.

Jack Bauer é um produto do seu tempo e um retrato datado da era Bush, tendo abastecido longas teses políticas e culturais na última década. A temporada nova precisa resgatá-lo e atualizá-lo para um mundo onde o debate sobre o que pode o governo mudou de eixo e a ameaça é a crise econômica, não os terroristas.

Criado no eco dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, quando quase tudo foi permitido em nome da segurança nacional, Jack tortura, mutila, engana e expõe aqueles que ama pelo que acredita ser certo na defesa do país. Mas ele é, ao menos nas primeiras e melhores temporadas da série, um herói inequívoco.

Essa clareza foi sumindo com o fracasso militar dos EUA no Iraque e no Afeganistão; a eleição de Barack Obama e a manutenção, por ele, dos assassinatos de suspeitos de terrorismo com aeronaves robóticas não tripuladas (os drones); o vazamento de informações de governos pelo Wikileaks e a exposição da estratégia de espionagem americana pelo ex-analista da CIA Edward Snowden.

Tudo isso foi incorporado à trama, apresentada pelos produtores como "evento especial" por ter apenas 12 episódios em vez de 24 ("vamos pular uns pedaços do dia, mas ainda é um dia de Jack", disseram em uma extensa entrevista promocional exibida pela Fox). Afinal, "24 Horas", como lembra o diretor Jon Cassar, "é uma série que se inspira nas manchetes de jornais".

Para tanto, encontraremos a ex-analista da CTU Chloe O'Brian (Mary Lynn Rajskub, agora em versão "The Girl With the Dragon Tatoo") trabalhando com uma organização a la Wikileaks.

E veremos as motivações dos EUA questionadas quando o presidente tiver que lidar com protestos contra o acordo para uso de drones que pretende firmar em Londres.

Pela primeira vez também a Casa Branca da série não será ocupada pelo representante de uma minoria nem por um traidor nacional, o que insinua uma perda de peso dramático para o papel.

O presidente James Heller (William Devane), aliás, já serviu em temporadas passadas como secretário da Defesa.

Das caras novas, merecem atenção o chefe da Casa Civil (Tate Donovan, de "Damages"), que será o antagonista de Bauer, e a vilã Margot (Michelle Farley, a Catelyn Stark de "Game of Thrones").

É uma estreia que promete. Ver Bauer de novo será como reencontrar um amigo sumido. Só não sabemos, após tanto tempo, se ainda vamos achá-lo interessante.

A nona temporada de '24 Horas' estreia na Fox às 22h30 de terça-feira

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