Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho

Emmy tem cada vez mais cara de Oscar

PARTE DA graça de uma premiação de TV, para o espectador, é apontar quem ficou de fora; outra parte é descobrir, entre os indicados, quem foge da obviedade ou salva algo da mediocridade. Vez por outra, prêmios nos ajudam a descobrir preciosidades que passariam batidas.

O Emmy deste ano, cujos indicados foram anunciados nesta quinta (10) e cujos vencedores serão conhecidos em 25 de agosto, oferece o suficiente para os dois passatempos, sobretudo nas categorias de atuação.

Injustiçados maiores?

O primeiro é Michael Sheen, esquecido pela segunda vez com sua contida e poderosa interpretação do doutor William Masters, na boa "Masters of Sex" (HBO).

Felizmente, a coprotagonista Lizzy Caplan teve sorte melhor, assim como Beau Bridges e Allison Janney, magníficos como casal de meia-idade sexualmente frustrado (sério, a série valeria só por causa dos dois).

A segunda é a versátil Tatiana Maslany, que se desdobra para esquecermos que as múltiplas clones da divertida "Orphan Black" (BBC e Netflix) têm uma intérprete só.

Kerry Washington (tão linda quanto canastrona em "Scandal") e Claire Danes (que perdeu a mão em "Homeland") não mereciam entrar na lista. E Julianna Margulies ("The Good Wife", Universal) é competentíssima, sim, mas ela de novo?

Melhor, então, é premiar Robin Wright, a dissimulada Claire Underwood de "House of Cards" (Netflix), que consegue a proeza de roubar a cena do oscarizado Kevin Spacey.

Ele concorre a melhor ator de drama, campo no qual a disputa deveria ficar entre a dupla de "True Detective", Matthew McConaughey e Woody Harrelson, que entregou ao público os melhores diálogos dos últimos anos sem cair na caricatura.

Se essa é uma bola cantada, a surpresa entre as performances masculinas pode vir dos coadjuvantes em comédia, caso os votantes desistam de fazer rodízio entre os atores de "Modern Family".

Fred Armisen seria uma escolha interessante, após chegar lá com a pouco conhecida e ultrassarcástica "Portlandia" (do site Muu).

Já Adam Driver, que concorre pela segunda vez, se tornou a única razão para assistir a cada dia mais chata "Girls" como o namorado esquisitão da protagonista, Hannah.

Sua intérprete e criadora da série, a estridente Lena Dunham, concorre novamente na categoria atriz cômica, a mais fraca de todas. É hora de o Emmy finalmente reconhecer Amy Poehler, ótima em "Parks and Recreation", como algo mais do que uma "escada" para Tina Fey.

Por fim, há "Fargo", que mostra força com a indicação de Billy Bob Thornton, Martin Freeman (que concorre ainda como coadjuvante em telefilme por "Sherlock: His Last Vow") e Colin Hanks. Além de Allison Tolman, a policial Molly.

E se alguém ainda precisa de números para constatar quão atrativa a TV é hoje para atores, entre os concorrentes ao Emmy deste ano há, entre indicados e premiados, 22 chancelas do Oscar.

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