Marco Aurélio Canônico

Jornalista foi repórter da Ilustrada, correspondente em Londres e editor de Fotografia.

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Marco Aurélio Canônico

O governador Luiz Fernando Pezão decidiu brigar contra o bom senso para poder gastar mais R$ 700 milhões na enrolada obra da linha 4 do metrô carioca, da qual está pendente a conclusão da estação Gávea.

Esse empreendimento foi uma aula sobre como opera o cartel de construtoras e políticos corruptos. O contrato que embasou a obra era de 1998 e previa custos de R$ 880 milhões divididos entre Estado (45%) e iniciativa privada (55%). Doze anos e quatro aditivos depois, ela mudou de traçado, passou a custar R$ 11 bilhões, pagos em sua maioria pelo Estado do Rio.

Investigações apontaram superfaturamento de mais de R$ 3 bilhões e R$ 36 milhões em propina para Sérgio Cabral. Uma ação do MP-RJ tenta reaver esse dinheiro e condenar 30 réus, entre eles o ex-governador.

Dado este cenário, o Tribunal de Contas do Rio havia bloqueado, em novembro, o aporte de recursos públicos na conclusão da linha 4. Após intervenção da Procuradoria-Geral do Estado, no entanto, reviu sua decisão. Os promotores estaduais entraram com um pedido de liminar e conseguiram novamente, ao menos por ora, parar a obra.

À luz da falência do Rio, patrocinada pelo grupo político de Pezão, e das inúmeras falcatruas já identificadas na construção da linha 4, é provável que nem os moradores da Gávea defendam que o governo do Estado gaste mais R$ 700 milhões lá, neste momento. Não há nem de onde tirar esse dinheiro.

As maiores interessadas na retomada do trabalho são as construtoras envolvidas nele, evidentemente –Odebrecht, Queiroz Galvão e Carioca. É difícil saber o que Pezão acha que tem a ganhar com a pressão para concluir a obra; seu legado tóxico para o Estado do Rio já está sacramentado. Já o que a população tem a perder, é muito claro.

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