SÃO PAULO - Quais são as maiores equipes esportivas de todos os tempos? Qual seu segredo?
O americano Sam Walker dedicou 11 anos a responder a essas perguntas. Sua metodologia elegeu 16 equipes ao olimpo, sendo 4 do futebol: a Hungria de Puskás nos anos 50, o Brasil bicampeão de 1958-62, o Barcelona de 2008 a 2013 e a seleção feminina dos EUA dos anos 90. Há outras formações conhecidas dos brasileiros, como o time feminino de vôlei de Cuba dos anos 90 e o San Antonio Spurs cinco vezes vencedor da NBA.
Como qualquer lista, a de Walker está sujeita a controvérsia –a Hungria de Puskás perdeu uma Copa "ganha", mas isso é relevado.
Mais interessante é o esforço em identificar o propulsor dessas equipes. Não são os craques, o técnico ou o dinheiro, e sim o capitão, argumenta Walker no livro "The Captain Class: The Hidden Force That Creates the World's Greatest Teams" (versão digital, em inglês, por R$ 36,40).
Nem todos os capitães tinham talento brilhante. Seu esforço produzia frutos não só diretamente, mas também por inspiração. A liderança nem sempre se exercia por palavras. Momentos de descontrole eram raros.
A obsessão pela vitória os fazia colocar o interesse da equipe acima do próprio e os levava a testar limites éticos. Como Mireya Luis, que incentivou as cubanas a xingarem as brasileiras no vôlei em Atlanta-96. Deu certo: Cuba venceu em meio a um quebra-pau na quadra (Walker usa o caso de Mireya para discutir a liderança de Steve Jobs).
Já a Michael Jordan, diz o autor, faltavam as pegadas de líder, tão concentrado estava na autopromoção.
Pergunta-se a Pelé por que não era capitão. "Havia dois jogadores em campo respeitados pelos juízes. Se eu virasse capitão perderíamos um." O livro teoriza: foi o sistema de freios e contrapesos que fez o sucesso da seleção brasileira. Dar a braçadeira a Neymar, afirma Walker, é desprezar esse aprendizado.
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