DE SÃO PAULO
DO "AGORA"
DO UOL

Um incêndio destruiu, na madrugada desta quinta-feira (4), o principal galpão onde são confeccionadas as fantasias da escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi, na zona norte de São Paulo.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo se alastrou rapidamente pelo imóvel de dois andares, localizado na rua Bartolomeu de Torales, na Vila Mazzei. Não houve feridos.

Cerca de 90% das 2.000 fantasias e adereços que seriam usados no desfile de Carnaval foram destruídos, incluindo toda a ala das baianas. A direção da escola calcula prejuízos de aproximadamente R$ 1 milhão.

Apesar do prejuízo, a escola vai desfilar normalmente neste ano, mas ficará isenta de julgamento, o que garante sua permanência do Grupo Especial do Carnaval paulista. Segundo a Liga das Escolas de Samba de São Paulo, a decisão foi tomada nesta sexta (5) durante reunião com os presidentes das 14 escolas do grupo de elite. As demais agremiações competirão normalmente.

Quatro pessoas que dormiam no local na hora do incêndio, mas conseguiram sair ilesas. Uma delas foi o costureiro Aroldo Tavares, que acordou os amigos. "Levantei com o barulho, vi a fumaça e corri para chamar meus colegas. Por pouco a gente não saiu de lá sem vida", disse.

O sobrado do aposentado Lourival Oliveira, 81, que fica ao lado do galpão, amanheceu com fuligens. "Acordei de madrugada com um policial militar pedindo para sair de casa", contou.

Nove equipes dos bombeiros foram enviadas, e o prédio foi interditado pela Defesa Civil. A perícia realizada nesta quinta apontará as causas do fogo.

"Quando cheguei no ateliê vi o consumo de todas as fantasias que tínhamos armazenado nesse galpão, ou seja, 90% do nosso Carnaval estava ali dentro", afirmou o carnavalesco Flávio Campello.

"A gente tem que recomeçar. Esse é o nosso objetivo, fazer com que as pessoas tenham sua fantasia para desfilar e tentar transformar o nosso sonho em realidade."

A agremiação faria nesta quinta à noite um ensaio geral, mas cancelou o evento. "Tiramos o dia para criar uma estratégia de trabalho para que em 30 dias a gente possa executar o que a gente fez em seis, sete meses."

Há 18 anos na agremiação, a diretora de ala Maria da Graça, 55, diz que a garra e a força de vontade de cada membro da Acadêmicos do Tucuruvi superarão a perda e farão bonito no dia 9 de fevereiro, primeiro dia de desfiles do Sambódromo do Anhembi. "Sei que quase tudo virou cinzas e vamos correr contra o tempo para reconstruir as fantasias, mas, se for preciso que a gente vá apenas de calça e camisa branca, nós iremos."

Quem também mantém a esperança de fazer bonito na avenida é Simone Molnar, do departamento feminino.

"Foram seis meses de trabalho árduo que infelizmente foram consumidos pelo fogo, mas não podemos baixar a cabeça. O Carnaval está chegando e temos que fazer bonito para representar bem a Acadêmicos e levar alegria", disse.

LICENÇA

O Corpo de Bombeiros disse que o ateliê não tem o AVCB (Auto de Vistoria Corpo de Bombeiros), mas a escola alega ter o laudo.

A LigaSP, responsável pela administração e organização dos desfiles, afirmou que está apurando o caso e, por isso, ainda não se manifestou.

A Prefeitura Regional Santana/Tucuruvi disse que o galpão não possui alvará de funcionamento para nenhuma finalidade. "O proprietário será notificado para cumprir as devidas providências", informou em nota.

Fundada em 1976, a Acadêmicos do Tucuruvi integra o grupo especial das escolas de samba do Carnaval paulistano. Em 2011, foi vice-campeã. No ano passado, ficou em oitavo lugar entre 14 escolas. Neste ano, será a terceira escola a desfilar no Anhembi, com o enredo "Uma Noite no Museu".

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