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30/05/2012 - 06h53

Empresas podem se tornar empreendedores sociais?

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GUSTAVO PIMENTEL

Quando escutamos o termo "empreendedor social" e suas derivações, o que pensamos?

Imagino que grande parcela dos leitores se lembre dos bravos brasileiros que fundaram ou dirigem organizações sociais, sem fins lucrativos, que prestam importantes serviços à sociedade.

Outra parcela dos leitores citaria os ditos "negócios sociais", empreendimentos que comercializam produtos e serviços, geralmente com fins lucrativos, cujo consumo gera impacto socioambiental positivo.

Um dos pontos em comum entre esses tipos de "empreendimentos sociais" é geralmente a inovação. Não aquela inovação relacionada à tecnologia, mas sim a inovação no modelo de negócio, na forma de criar valor para o beneficiário/cliente.

É mais corriqueiro chamarmos de empreendedores aqueles indivíduos, pesquisadores de universidades e pequenas empresas que criam produtos e serviços novos ou descobrem formas inovadoras de criar valor com produtos e serviços tradicionais.

Temos a impressão de que as empresas, quando crescem, se acomodam e perdem seu potencial de inovação. Não é isso o que mostra reportagem da "Época Negócios" de abril 2012: as grandes companhias já acordaram sim para a necessidade de inovar sempre e têm colocado cada vez mais recursos na área, de modo a garantir sua sobrevivência no futuro. E estão concorrendo em volume e escala de inovação com os pequenos.

Ao invés de investirem toneladas de recursos em áreas de pesquisa e desenvolvimento de produtos, as empresas agora incentivam a criação de startups, novos negócios que podem ser empreendidos por funcionários, fornecedores ou outras pessoas que, de alguma forma, complementam a cadeia de valor. Aquelas startups que se provam valiosas para grandes empresas acabam sendo adquiridas.

Más notícias para os pequenos empreendedores? Pelo contrário! A disponibilidade de recursos das grandes aliada à flexibilidade dos indivíduos e dos pequenos cria um ecossistema de inovação mais forte.

E a ótima notícia é que as grandes companhias estão cada vez mais interessadas nos negócios de empreendedores sociais. Além do mais, isso significa que os empreendedores sociais brasileiros agora têm mais uma alternativa para remunerar seu trabalho: a venda da operação para uma empresa de maior porte ou a entrada em sua cadeia produtiva. Estamos a ponto de entrar na era dos negócios inclusivos.

Os negócios inclusivos são aqueles que beneficiam as populações de baixa renda ou vulneráveis, atendendo às suas necessidades e gerando impacto adicional ao consumo, como por exemplo a economia de tempo e recursos das famílias, possibilidades de geração de renda e emancipação econômica.

O negócio pode ser inclusivo com uma abordagem voltada aos consumidores, através do desenvolvimento de produtos e serviços, ou pela integração das populações em sua cadeia de valor, como distribuidores, fornecedores, parceiros de negócio ou até mesmo colaboradores.

Há algumas iniciativas no mundo impulsionando esta nova abordagem para os negócios entre as grandes empresas. A principal delas é o Business Call to Action (BCtA), uma plataforma global de negócios inclusivos apoiada pelo PNUD, Pacto Global, Clinton Global Initiative e seis outros parceiros internacionais. Lançado em 2008, o BCtA já possui quase 50 empresas de todos os continentes, multinacionais e pequenas, comprometidas com o desenvolvimento de negócios inclusivos que combinem lucratividade e desenvolvimento, em apoio aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU.

Para aderir ao BCtA, as empresas submetem uma candidatura onde descrevem sua iniciativa de negócio inclusivo e assumem metas, tanto econômicas quanto de impacto social. Anualmente, precisam relatar seu progresso com relação às metas e seus desafios na implementação da iniciativa. Atualmente, empresas como Coca-Cola, Anglo-American, Microsoft, Vodafone, Citigroup, Pfizer e SAB Miller já são membros. O processo é duro: cada candidatura deve ser aprovada pelas nove organizações que fazem parte do conselho do BCtA. A aprovação representa um forte selo de qualidade à iniciativa e um teste do compromisso da empresa.

No Brasil, a primeira empresa a ser admitida no BCtA corrobora a tese de que grandes empresas e empreendedores sociais podem colaborar no desenvolvimento de negócios sociais. O Grupo Orsa, grande empresa nacional do setor florestal, aderiu ao BCtA através de sua controlada, a Ouro Verde Amazônia, um negócio social que proporciona renda às populações da Amazônia através do extrativismo e processamento da castanha-do-brasil, contribuindo também para a redução do desmatamento na região.

Desde a compra de seu controle pelo Grupo Orsa, a Ouro Verde Amazônia cresceu em dez vezes seu faturamento em um espaço de três anos, beneficiando 400 famílias em sua cadeia de fornecimento. Seu compromisso com o BCtA é, até 2015, criar 600 postos de trabalho, dobrando a renda de 2.000 famílias e quadriplicando suas receitas. Sem o investimento e acesso aos canais de distribuição do Grupo Orsa, a Ouro Verde Amazônia provavelmente continuaria crescendo, mas a um ritmo muito menor, com menos impacto social.

Essas e outras experiências de empresas que fazem parte do BCtA serão discutidas no Fórum de Sustentabilidade Corporativa realizado pelo Pacto Global no Rio de Janeiro (www.compact4rio.org), evento que antecede a Rio+20, em junho. Que sirva de inspiração para que mais empresas brasileiras se transformem em empreendedores sociais!

Gustavo Pimentel é sócio da Dinamus Inovação Sustentabilidade e Negócios, representante do Business Call to Action no Brasil e ex-aluno da IE Business School.

gustavo@dinamusconsultoria.com.br
www.businesscalltoaction.org


 
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