Continuidade, perenidade, eternidade, ininterrupção e perpetuidade do negócio são o que muitas empresas buscam. Sempre inovando, procurando se atualizar, acompanhando as tendências de mercado, trabalhando com as questões da jornada do consumidor, da moda e atualizações.
A Casa da Moeda, fundada em 1694, é a mais antiga empresa do Brasil, criada na colonização portuguesa, e tem a ver com a descoberta do ouro aqui durante a colônia. Já a organização mais antiga do mundo, e ainda também em atividade, fica no Japão, a Kongo Gumi, fundada em 578, para a construção de templos, quando o budismo estava em alta no continente asiático.
Por outro lado, 29% dos microempreendedores individuais (MEIs), 21,6% das microempresas e 17% das empresas de pequeno porte fecham em até cinco anos, segundo pesquisa "Sobrevivências de empresas", de 2020, do Sebrae.
Ou seja, a cada três empresas MEIs criadas, uma morre. Segundo a própria instituição, as causas podem ser: situação do empresário antes da abertura; planejamento dos negócios; capacitação deste empreendedor e a gestão do negócio no dia a dia. Estes pontos são fundamentais para que o empreendimento tenha vigor e sobreviva às intempéries do mercado.
No caso das grandes empresas, como a centenária Kodak de filmes fotográficos, ou a Blockbuster, de aluguel de fitas e DVDs, não acompanhar a inovação, o mundo tecnológico e não fazer uma "pivotagem" rápida foram alguns dos fatores que levaram ao seu fim.
A perenidade sempre foi um desafio para os seres humanos. Tentam explicá-la de diversas maneiras pelas lentes teóricas das religiões, com o renascimento ou o "outro" lado da vida, pela física e pela psicologia.
Na gestão empresarial, sucessões familiares, administração profissional com governança bem desenvolvida ou, ainda, grandes holdings com diversas empresas debaixo dela podem trazer esta realidade da ininterrupção de marcas e organizações.
Mas será que pensamos neste tema nos empreendimentos de impacto socioambiental?
A primeira organização social não governamental do Brasil foi a Santa Casa de Misericórdia de Santos. Criada em 1543, segue até hoje com foco em atendimento na área de saúde. A partir desta, muitas outras organizações foram criadas para atender a demandas que estão nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Com o advento dos negócios de impacto, surgiram muitas outras empresas. Basta conhecer as organizações do Sistema B ou cadastradas na Pipe Social. Ou ainda buscar casos e pesquisas lá no ICE. E claro, conhecer as várias histórias dos vencedores do Prêmio Empreendedor Social. Quantas destas já surgiram e sumiram? Uma boa pesquisa a ser feita, não?
Quando pensamos na perenidade das organizações de impacto, temos que lembrar que as demandas sociais e ambientes sempre existirão, diferentemente de um produto da moda, como um adereço de roupa, um broche ou suspensório.
As questões de saúde, educação, moradia, pobreza, fome, desmatamento, gestão de água e energia sempre farão parte das necessidades humanas de sobrevida ou, ainda, de melhoria de vida. E quando focamos ainda mais nestes temas tão amplos, descobrimos um mundo de oportunidades e de possibilidades de desenvolvimento de soluções inacabáveis.
Ter foco talvez seja uma das tarefas a serem realizadas, buscar um "problema" do mundo específico, como diz Daniel Goleman: "Aqueles que alcançam rendimento máximo são precisamente os que prestam atenção no que é mais importante para seu desempenho. O foco é uma ferramenta fundamental". Já diziam: quem quer resolver todos os problemas não resolve nenhum.
Além disso, quando, porventura este empreendedor resolver este problema, a continuidade da organização será buscar outro problema, depois outro, e assim por diante. Aliás, a competência de resolução de problemas é uma das mais buscadas nas seleções de trabalho e de investidores.
Lógico que, por ser um empreendimento, aqueles pontos colocados pelo Sebrae, como planejamento e gestão, são fundamentais. Capacitação constante e atualização são indispensáveis para sobrevivência e ampliação do impacto social e ambiental.
Contudo, este movimento dos empreendimentos de impacto está crescendo e nesta jornada muitas nascerão e morrerão. É um processo normal de qualquer segmento de negócios e de empreendimentos.
O grande "pulo do gato" não é ficar pensando em quanto tempo vamos durar, mas, talvez, enquanto não formos interrompidos, na quantidade de impacto que estamos promovendo. E assim, tocar o empreendimento para frente e escalando sempre.
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