Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
28/04/2011 - 12h59

De Hipócrates à hipocrisia

Publicidade

WILMAR MARÇAL *
PLANETA VOLUNTÁRIOS

Na área das ciências médicas, sobretudo no ensino das enfermidades, a profilaxia sempre antecede o tratamento. Essa deveria ser a tônica a nortear toda ação profissional, pois ainda vale a máxima de que prevenir é muito melhor do que remediar.

Nos países desenvolvidos onde a medicina é exercida com responsabilidade e abnegação, os aspectos preventivos compõem as linhas diárias da cartilha dos médicos de família. Lamentavelmente no Brasil a realidade da inoperância médica é refletida nas extensas filas de atendimento em postos de saúde, mesclada com choros copiosos de dores e desespero.

Há um viés a ser considerado na questão crônica por que passa a saúde pública brasileira: o que assistimos e vivenciamos é a absoluta falta do exame clinico na plenitude quando se procura um serviço público para atendimento.

Os médicos que, quase sempre chegam atrasados, em voz alta ordenam que os pacientes entrem, chamando-os pelo número de ordem. Permanecem sentados e praticamente com a receita semi-pronta. O estetoscópio se quer sai do pescoço.

Contrastando com o branco da roupa parece mais um troféu emblemático, ostentando uma autoridade de alguém que deveria sim usá-lo em todas as consultas. Com o atendimento no sistema flash, receita carimbada, o procedimento dura, em média, 50 segundos. Assim vai se perpetuando a inoperância profissional, a ausência de um diagnóstico preciso e a prescrição do incorreto remédio.

Doenças mal curadas são as que mais engordam as filas do retorno. Tudo isso poderia ser melhorado se os profissionais da medicina colocassem em prática os preceitos da semiologia médica, que é entendido como a arte e ciência do exame clínico.

Quando não se examina corretamente e seguindo a ritualística, não é possível assegurar o diagnóstico preciso. É mais uma forma telepática de conduzir a medicina. Uma espécie de adivinhação do que está ocorrendo com o doente.

Se a população exercesse um pouco de coragem em pouco tempo nós acabaríamos com essa vergonhosa enganação. É preciso denunciar sempre. Registrar ocorrência na ouvidoria. Chamar a imprensa e exigir um quadro na porta dos consultórios com os nomes dos médicos e sua jornada de trabalho contratual.

O povo brasileiro já demonstrou, em outras épocas, ser tão unido em prol de causas justas e a bem coletivo. Já passou da hora de assistirmos essa forma vergonhosa de praticarem a medicina nos postos públicos.

Os médicos do sistema precisam cumprir horário integral de sua jornada de trabalho e não simplesmente alegarem o atendimento aos seis, oito ou dez pacientes do dia.

Por essa logística médica de atender pelo número de pessoas por dia e não o horário de entrada e saída como todo e qualquer trabalhador, surgiram os atendimentos instantâneos que antecedem as enfermidades incuráveis.

Livram-se rapidamente dos pacientes populares para se deslocarem aos consultórios e executarem os procedimentos privados, com café, poltrona confortável, televisão de plasma e ar condicionado.

As melhorias podem e devem ocorrer. Sempre com a boa cumplicidade das pessoas, dos voluntários da busca da verdade. Chega de conivência. A persistir esse modelo obsoleto e enganador, teremos que repensar o juramento desses profissionais, substituindo Hipócrates por hipocrisia.

*Wilmar Marçal é professor universitário, assessor, palestrante educacional e ex-reitor da Universidade Estadual de Londrina, Paraná.


 
Patrocínio: Coca-Cola Brasil e Portal da Indústria; Transportadora Oficial: LATAM; Parceria Estratégica: UOL, ESPM, Insper e Fundação Dom Cabral
 

As Últimas que Você não Leu

  1.  
  • Realização
  • Patrocínio
    • CNI
    • Vale
  • Parceria Estratégica
  • Parceria Institucional
  • Divulgação
    • Aiesec
    • Agora
    • Brasil Júnior
    • Envolverde
    • Endeavor
    • Ideia
    • Make Sense
    • Aspen
    • Semana Global de Empreendedorismo
    • Sistema B
    • Avina

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página