Salto ornamental 'para loucos' vira atração em Mundial e mira Olimpíada

Crédito: Zsolt Szigetvary/Associated Press A diver practices two days prior to the high diving events at the Swimming World Championships at the Batthyany square in Budapest, Hungary, Wednesday, July 26 2017. (Zsolt Szigetvary/MTI via AP) ORG XMIT: MTI126
Saltador treina para as provas de high diving no Mundial de Budapeste, na Hungria

PAULO ROBERTO CONDE
DE SÃO PAULO

"No passado, nós éramos um bando de loucos que pulavam de penhascos para rasgar a água e os nossos corpos. Hoje, nossa imagem é de esportistas de primeiro nível."

A impressão do colombiano Orlando Duque, 42, ajuda a entender por que os saltos ornamentais em alta plataforma –chamados de "high diving", em inglês– entraram na programação dos Campeonatos Mundiais de esportes aquáticos em 2013 para, provavelmente, não mais sair. E agora miram até a entrada nos Jogos Olímpicos.

As disputas em Budapeste, que recebe o Mundial em 2017, iniciam-se nesta sexta-feira (28), com a etapa classificatória da plataforma de 20 m, para as mulheres, e dos 27 m, para os homens. As finais ocorrem sábado (29) e domingo (30), respectivamente.

Apesar de veterano, Duque foi campeão mundial em Barcelona-2013, quando os saltos estrearam, e se notabiliza por ser precursor do estilo.

Ele começou a praticá-lo no final dos anos 1990, época em que os poucos saltadores ousados o suficiente se atiravam de penhascos para competir nos raros torneios.

Se as provas ocorriam com cenários atraentes, também causavam apreensão devido aos riscos que as quedas tão verticais representavam aos competidores. Não raro, potenciais patrocinadores recusavam o esporte por temor.

A modalidade tem percorrido percurso semelhante ao skate e surfe, que recentemente o COI (Comitê Olímpico Internacional) incluiu nos Jogos Olímpicos pelo potencial de arrebanhar um público de característica jovem.

Ciente do potencial de seu produto, a Fina chegou a propor a inclusão dos saltos já na Olimpíada de Tóquio, em 2020. Os saltos de 1 m a 10 m fazem parte da Olimpíada desde Saint Louis-1904.

Por ora, o COI rechaçou, principalmente pelo fato de ainda haver poucas competidoras no naipe feminino. A igualdade de gêneros é a maior prioridade do comitê.

Em Budapeste, por exemplo, serão 22 homens na luta por medalhas e somente 11 mulheres –o Brasil tem Murilo Marques e Jacqueline Valente como representantes.

Em Barcelona-2013, foram 13 homens e seis mulheres; em 2015, foram 20 e dez.

"O passo seguinte é a Olimpíada. Só o fato de ser considerado é uma honra. A participação feminina ainda é um fator, mas ela já tem melhorado", comentou Duque.

Seu principal oponente na Hungria será o britânico Gary Hunt, 33, que defende o título mundial. Oriundo da plataforma de 10 m, ele acredita que a inclusão na Olimpíada é "questão de tempo".

"Temos mostrado que não somos um bando de loucos que fazem mortais. Há muito treino e controle, e todo risco é completamente calculado. Por isso a aceitação mudou ao longo dos anos", disse.

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