DE SÃO PAULO

Durante a semana, Modesto Salviatto Filho (PTB) fiscaliza, planeja e checa documentos. Ele é prefeito de Brotas, cidade a 246 km de São Paulo. Nos finais de semana, em vez de descansar, faz as mesmas coisas, mas para a FPF (Federação Paulista de Futebol). Salviatto é delegado em jogos do Estadual.

Eleito para comandar a prefeitura após dois mandatos como vereador, ele começou a ligação com os gramados antes mesmo de ser político. Iniciou em 1981, quando fez parte do quadro de árbitros da FPF e, cinco anos depois, da CBF.

"Sempre gostei muito de futebol, mas como era muito ruim [como jogador] decidi seguir no esporte em outra profissão. Fiz cursos de arbitragem e comecei a apitar torneios em Brotas, Rio Claro...", afirmou o ex-árbitro e agora prefeito, que se descreveu como "linha dura", dizendo que "aplicava muitos cartões" nos tempos em que apitava.

"Eu realizei o meu sonho, mas esse meu jeito atrapalhou um pouco minha carreira. Árbitro tem que ser meio político, saber a hora de dar um cartão", disse.

Após pendurar o apito aos 43 anos, não largou o esporte. Foi avaliador de árbitros e, na sequência, virou delegado de futebol.

"Estou muito identificado com a função porque você fica mais em contato com os jogadores e com os clubes. Um delegado tem 36 itens para checar, como os vestiários, falar com o policiamento, ver o comportamento das torcidas, dos gandulas, dos dirigentes, identificar o registro dos jogadores... Tem de chegar com duas horas de antecedência. Qualquer assunto fora das quatro linhas, o delegado é o responsável", explicou Modesto, que aguarda a escala da entidade para saber onde trabalhará no final de semana.

REMUNERAÇÃO

Como delegado da FPF, Modesto recebe cerca de R$ 600 por partida, além de benefícios como combustível para o transporte e diárias para alimentação. Na prefeitura, o salário é de R$ 10.600.

Ele assegura que uma profissão não atrapalha a outra e que a prefeitura de Brotas não fica abandonada em virtude do seu "hobby".

"Trabalho como delegado na maioria das vezes aos finais de semana. Durante a semana somente se o jogo for próximo de Brotas, já que o dia a dia é muito corrido em função das obrigações que tenho na cidade. Costumo
passar em todas as obras que estão sendo realizadas antes de ir para o meu gabinete. Lá sou linha dura também. Trabalhar no futebol é a oportunidade de conversar de outros assuntos fora da política."

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