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13/11/2002
-
16h50
Fernando Henrique disse que o governo de Lula não deve retomar programas sociais "assistencialistas", tem de se preocupar com a inflação ao fazer investimentos e precisa cumprir o acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"[Caso não cumpra o acordo com a FMI] a alternativa é a Argentina", alertou o presidente, que respondeu a perguntas de internautas e ouvintes, feitas pelo diretor da BBC Brasil, Américo Martins, na cidade britânica de Oxford.
Foram recebidas mais de 3 mil perguntas, e as melhores foram selecionadas pelos jornalistas da BBC Brasil. Todas as questões serão encaminhadas à assessoria de Fernando Henrique.
Governo Lula
Boa parte das perguntas dos internautas foram a respeito do futuro do Brasil e do governo Lula, que começa em 1º de janeiro.
Questionado sobre o programa de "combate à fome", apresentado pelo petista, o presidente respondeu que "não tem sentido voltar a uma concepção assistencialista", desnecessária "no grau de aperfeiçoamentos sociais já existentes no Brasil".
Depois de dizer que vê pelo lado positivo o mote do PT sobre a fome, Fernando Henrique criticou "a proposta que apareceu recentemente, porque há a introdução de técnicas que foram ultrapassadas durante o meu governo".
Entre as propostas petistas, está a distribuição de cupons e cartões magnéticos entre a população para a troca por alimentos em estabelecimentos credenciados pelo governo.
Fernando Henrique disse que o novo governo tem de aprofundar iniciativas sociais já lançadas por ele e citou o caso da reforma agrária.
"Agora, é preciso sempre tomar cuidado por causa da inflação, não se pode gastar mais do que é possível extrair. Existe a situação internacional, que não está sob controle do governo", afirmou.
O presidente usou a deixa para atacar o comportamento do PT como oposição ao seu governo. Ele afirmou que o governo Lula deve fazer o que o PT não o deixou fazer, como a reforma da Previdência.
"Esse é o maior problema que temos para diminuir a taxa de juros e a inflação: o déficit público. Se ele tentar (a reforma da Previdência), eu apóio. Não vou fazer o que o PT fez: votar contra."
Nova Argentina
Fernando Henrique respondeu aos internautas que queriam saber se haveria o risco de o Brasil se transformar em uma nova Argentina.
"Não acredito nisso, porque a economia brasileira é muito mais organizada. O governo brasileiro tem mais instrumentos para contra-atacar a crise do que o argentino", disse o presidente.
"E o Brasil não vive uma crise econômica em um sentido clássico. A economia brasileira não está em recessão."
Ele aproveitou para mandar um novo recado para Lula.
"Confiando que o novo governo seja competente para manter o funcionamento dos instrumentos do sistema de decisões do governo, eu não acho que vá acontecer nada parecido com o que aconteceu na Argentina. Espero que não."
FMI
Depois de afirmar que "não gosta de dar conselhos para presidente", Fernando Henrique afirmou que não há alternativa para Lula em relação ao acordo com o FMI, que se compromete a emprestar US$ 30 bilhões ao Brasil, mas estabelece a austeridade fiscal como condição.
"Se não cumprir (o acordo), se não tiver um governo capaz de produzir superávit, diminuir a dívida e não dar o calote lá fora, nós vimos o que acontece (lembrando da Argentina)", afirmou o presidente.
"O espaço aí é muito pequeno. Se tivesse uma alternativa, eu teria seguido."
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O presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista exclusiva à BBC Brasil nesta quarta-feira, fez críticas ao programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva e enviou uma série de recados ao seu futuro sucessor.Fernando Henrique disse que o governo de Lula não deve retomar programas sociais "assistencialistas", tem de se preocupar com a inflação ao fazer investimentos e precisa cumprir o acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"[Caso não cumpra o acordo com a FMI] a alternativa é a Argentina", alertou o presidente, que respondeu a perguntas de internautas e ouvintes, feitas pelo diretor da BBC Brasil, Américo Martins, na cidade britânica de Oxford.
Foram recebidas mais de 3 mil perguntas, e as melhores foram selecionadas pelos jornalistas da BBC Brasil. Todas as questões serão encaminhadas à assessoria de Fernando Henrique.
Governo Lula
Boa parte das perguntas dos internautas foram a respeito do futuro do Brasil e do governo Lula, que começa em 1º de janeiro.
Questionado sobre o programa de "combate à fome", apresentado pelo petista, o presidente respondeu que "não tem sentido voltar a uma concepção assistencialista", desnecessária "no grau de aperfeiçoamentos sociais já existentes no Brasil".
Depois de dizer que vê pelo lado positivo o mote do PT sobre a fome, Fernando Henrique criticou "a proposta que apareceu recentemente, porque há a introdução de técnicas que foram ultrapassadas durante o meu governo".
Entre as propostas petistas, está a distribuição de cupons e cartões magnéticos entre a população para a troca por alimentos em estabelecimentos credenciados pelo governo.
Fernando Henrique disse que o novo governo tem de aprofundar iniciativas sociais já lançadas por ele e citou o caso da reforma agrária.
"Agora, é preciso sempre tomar cuidado por causa da inflação, não se pode gastar mais do que é possível extrair. Existe a situação internacional, que não está sob controle do governo", afirmou.
O presidente usou a deixa para atacar o comportamento do PT como oposição ao seu governo. Ele afirmou que o governo Lula deve fazer o que o PT não o deixou fazer, como a reforma da Previdência.
"Esse é o maior problema que temos para diminuir a taxa de juros e a inflação: o déficit público. Se ele tentar (a reforma da Previdência), eu apóio. Não vou fazer o que o PT fez: votar contra."
Nova Argentina
Fernando Henrique respondeu aos internautas que queriam saber se haveria o risco de o Brasil se transformar em uma nova Argentina.
"Não acredito nisso, porque a economia brasileira é muito mais organizada. O governo brasileiro tem mais instrumentos para contra-atacar a crise do que o argentino", disse o presidente.
"E o Brasil não vive uma crise econômica em um sentido clássico. A economia brasileira não está em recessão."
Ele aproveitou para mandar um novo recado para Lula.
"Confiando que o novo governo seja competente para manter o funcionamento dos instrumentos do sistema de decisões do governo, eu não acho que vá acontecer nada parecido com o que aconteceu na Argentina. Espero que não."
FMI
Depois de afirmar que "não gosta de dar conselhos para presidente", Fernando Henrique afirmou que não há alternativa para Lula em relação ao acordo com o FMI, que se compromete a emprestar US$ 30 bilhões ao Brasil, mas estabelece a austeridade fiscal como condição.
"Se não cumprir (o acordo), se não tiver um governo capaz de produzir superávit, diminuir a dívida e não dar o calote lá fora, nós vimos o que acontece (lembrando da Argentina)", afirmou o presidente.
"O espaço aí é muito pequeno. Se tivesse uma alternativa, eu teria seguido."
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