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Real forte pode ser "canal de vulnerabilidade" para Brasil, diz FMI
da BBC Brasil
A supervalorização do real pode ser um fator de vulnerabilidade da economia brasileira em caso de um novo pico de volatilidade nos mercados internacionais, na avaliação de um relatório divulgado nesta terça-feira pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
O relatório, chamado "Assessing Risks to Global Financial Stability" (Avaliando os Riscos à Estabilidade Financeira Global), analisa as razões da atual crise financeira internacional e faz uma série de recomendações para evitar o alastramento e agravamento da turbulência.
Em um capítulo do relatório dedicado a avaliar o quão vulnerável à crise estão os países emergentes, como o Brasil, o FMI afirma que a força continuada de moedas como o real brasileiro ou a rupia indiana sugere a persistência de operações conhecidas como "carry trades".
Nessas operações, os investidores tomam empréstimos em moedas de países com baixas taxas de juros, convertem o montante na moeda de outro país com taxas de juros maiores e aplicam os recursos nesse país, ganhando com a diferença.
Isso aumentaria o fluxo de investimentos externos aos países com maiores taxas de juros e pressionaria a cotação da moeda para o alto.
Segundo o relatório, além do Brasil, outros países que vêm recebendo um fluxo grande desse tipo de investimento são Colômbia, Islândia, Indonésia, Nova Zelândia, Turquia e África do Sul, a partir de financiamentos em iene japonês, franco suíço e, mais recentemente, com os cortes de juros nos Estados Unidos, em dólar americano.
Dependência
Apesar da observação quanto à supervalorização da moeda, o FMI considera o Brasil em posição relativamente melhor do que no passado para lidar com a dependência de fluxo de capitais externos.
Segundo o relatório, os países emergentes mais vulneráveis à escassez de crédito internacional são aqueles nos quais o crescimento do crédito interno foi alimentado por fontes externas de financiamento e onde grandes déficits em conta corrente precisam ser financiados, o que não é o caso do Brasil.
O documento do FMI observa que "até agora, os mercados dos países emergentes têm resistido (à crise)".
Porém a organização adverte que "mercados de dívida, particularmente de dívidas externas corporativas, já sentiram o impacto da turbulência nos países desenvolvidos e os custos de financiamento aumentaram".
Na visão do FMI, "novos choques para o apetite dos investidores por ativos de risco nos mercados emergentes não podem ser descartados se as condições financeiras piorarem".
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