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10/05/2005 - 23h55

Kirchner deixa cúpula antes do encerramento

DIEGO TOLEDO
da BBC Brasil, em Brasília

Os presidente da Argentina, Néstor Kirchner, e do Chile, Ricardo Lagos, foram embora de Brasília nesta terça-feira, um dia antes do encerramento da reunião de cúpula América do Sul-Países Árabes.

O embaixador da Argentina no Brasil, Juan Pablo Lohlé, disse que a partida de Kirchner já era prevista e negou que a ausência do presidente no último dia do encontro tenha relação com as divergências entre os governos brasileiro e argentino.

"Na agenda do presidente, estava previsto que ele partiria às 18 horas", afirmou Lohlé. "Os problemas dos presidentes com agenda são muito complicados. Há outros presidentes que estão saindo agora também."

De acordo com o embaixador, Kirchner conversou com o presidente Lula sobre os problemas nas relações entre os dois países. O diplomata afirma que as pendências entre Brasil e Argentina serão discutidas em duas reuniões de ministros.

"Foi acordado que os ministros vão dar uma resposta técnica a esses problemas", disse Lohlé.

No próximo dia 20, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se reunirá com o chanceler argentino, Rafael Bielsa, em Brasília.

E, em 10 de junho, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, viajará a Buenos Aires para se encontrar com o ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna.

Integração

O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, também negou que a partida de Kirchner seja um reflexo dos problemas na relação entre Brasil e Argentina.

"Esses problemas são problemas normais que ocorrem desde que dois, três ou quatro países, como no caso do Mercosul, se colocam de acordo para fazer a integração", disse. "Se não houvesse a integração, nós não estaríamos discutindo esse problema."

A principal reclamação da Argentina é a falta um maior equilíbrio na relação comercial entre os dois países. De acordo com a imprensa argentina, Kirchner também estaria irritado com o "protagonismo" de Lula na América do Sul.

No entanto, segundo Marco Aurélio Garcia, a relação entre Brasil e Argentina não está em crise. "Se alguém quiser buscar hoje algum tema de confronto entre Brasil e Argentina, deve buscar na saída de Daniel Passarella do Corinthians", disse o assessor de Lula, em uma referência à saída do treinador argentino do time paulista.

As brincadeiras sobre a presença de argentinos no Corinthians também fizeram parte de uma das únicas declarações do chanceler Rafael Bielsa à imprensa brasileira.

Bielsa disse ter sugerido ao presidente Lula que indique seu irmão, Marcelo (ex-treinador da seleção argentina), para substituir Passarella no Corinthians.

Vizinhos

Os presidentes do Uruguai, Tabaré Vázquez, e da Venezuela, Hugo Chávez, também procuraram minimizar os problemas entre Brasil e Argentina.

Vázquez comparou as divergências entre os dois países a uma briga de família e disse que a "união entre irmãos" não pode fracasssar porque, caso isso aconteça, eles correm o risco de ser devorados.

"Em qualquer família, há discrepâncias, há divergências, há opiniões distintas, mas o que interessa é avançar em concordância, em paz e em acordos", disse o presidente uruguaio.

Já Hugo Chávez disse que compreende a decisão de Kirchner de partir antes do encerramento da cúpula porque muitas vezes também foi obrigado a sair antes de reuniões devido a outros compromissos.

O presidente venezuelano também negou que a declaração final da Cúpula América do Sul-Países Árabes, que será divulgada nesta sexta-feira, seja um documento com críticas aos Estados Unidos.

"Não há nenhuma referência explícita aos Estados Unidos, não é o espírito que reina aqui", disse Chávez. "Esta não é uma reunião anti-norte-americana."

Em seguida, no entanto, o líder venezuelano aproveitou a oportunidade para atacar o governo americano ao afirmar que algumas manifestações dos participantes da cúpula contrariam os interesses americanos.

"Quando falamos de formar um mundo multipolar, isso se choca com a pretensão norte-americana de instalar um mundo unipolar", afirmou. "Quando falamos de defender a soberania das nações, da não-intervenção, estamos nos chocando com a diretrizes da guerra preventiva do senhor Bush", conclui Chávez.

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