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09/08/2008 - 16h46

Oposição diz que Evo será "revogado" em Santa Cruz

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires

A poucas horas de um referendo sobre o mandato dos presidentes e governadores da Bolívia, o líder da oposição boliviana disse que o presidente Evo Morales será "revogado" em Santa Cruz.

O referendo de domingo definirá se Morales, o vice-presidente e oito dos nove prefeitos de departamentos (que, na Bolívia, são cargos equivalentes aos de governadores) vão seguir ou não no cargo para o qual foram eleitos em 2005 até 2010.

O líder da oposição na Bolívia, o prefeito do departamento de Santa Cruz, Rubén Costas, disse que o presidente Evo Morales será "revogado" nesta região --a mais rica da Bolívia.

Há um clima de incerteza na Bolívia sobre como a oposição e o governo vão reagir aos resultados do referendo de domingo.

"O povo de Santa Cruz ratificará este prefeito, mas o presidente Morales será revogado aqui. O mesmo vai ocorrer nos departamentos de Beni, Pando e Tarija", disse Costas.

Os quatro departamentos formam a chamada meia-lua, região próspera em relação ao restante da Bolívia e onde se concentram as reservas de gás e a produção de soja no país.

O prefeito de Santa Cruz insinuou que Morales passará a ser ignorado como presidente nesta parte da Bolívia.
Pesquisa

"Depois do referendo, nós vamos avançar e aprofundar nosso processo de autonomia (do governo central)", destacou Costas.

Diferentes pesquisas de opinião indicam que Morales teria até 90% de respaldo em localidades da região andina --como La Paz--, mas poderia receber apenas em torno de 20% dos votos em Santa Cruz, no Oriente do país, próximo ao Brasil.

Autonomia

Ou seja, um índice de rejeição, argumenta a oposição, que pelas regras do pleito, rejeitaria Morales na região.

O raciocínio confirma a disputa política no país. O presidente foi eleito, em 2005, com a cifra recorde de 53,76%, numa eleição presidencial.

Mas a oposição o acusa de governar, como costuma dizer Costas, "apenas para uma parte do país" --a região andina, onde está maior concentração indígena e os maiores índices de pobreza.

Segundo Costas, a provável ratificação de Morales --no resultado final nacional-- só será reconhecida se antes o líder boliviano reconhecesse a "autonomia" destes departamentos.

Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija votaram, este ano, pela autonomia financeira e política do governo central, mas Morales considerou o processo "ilegal".

Na pratica, com esta autonomia dos departamentos, os recursos gerados por esta região rica não seriam mais repassados, em sua totalidade, ao governo central.

Hoje, a maior parte da administração dos recursos é feita pelo governo Morales.

O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, homem forte da gestão Morales, disse ao jornal argentino "Clarin" que teme pela eleição deste domingo.

"Tudo indica que nesta região, a estratégia é perturbar o processo eleitoral e impedir a votação do referendo. Grupos violentos estão oferecendo cada vez mais pelo pagamento dos votos e ameaçam queimar urnas".

Para Quintana, existe um "complô" que pode chegar a prejudicar o plebiscito.

Durante a semana, Morales suspendeu um encontro com os colegas da Argentina, Cristina Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez, em Tarija, porque manifestantes, com paus e pedras, impediam o desembarque do presidente.

Neste sábado, representantes da oposição completaram seis dias de greve de fome contra cortes nos recursos gerados pelo setor de hidrocarbonetos.

O governo informa que os recursos são usados para pagamentos de benefícios para pessoas maiores de 60 anos.

Acordo com Irã

Neste sábado, logo cedo, Morales assinou um acordo, no Palácio presidencial Queimado, em La Paz, com representantes dos governos do Irã e da Venezuela para construção de fábricas de cimento na Bolívia.

O acordo prevê ainda, como contaram à BBC Brasil assessores do Ministério das Relações Exteriores, o treinamento de trabalhadores bolivianos na área de hidrocarbonetos e mecânica no Irã.

Na cerimônia, Morales declarou: "O processo de mudanças que estamos realizando permite a assinatura destes acordos que possibilitam a industrialização da Bolívia. O que não foi feito em mais de vinte anos de neoliberalismo".

 

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