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03/09/2008 - 07h40

Análise: Política, mentiras e videoteipes

LUCAS MENDES
da BBC, em Nova York

Desde quando políticos ficam em silêncio para assistir a videoteipes? As duas primeiras horas da convenção republicana ofereceram uma coleção de vídeos que tinham uma virtude em comum: eram curtos. O de abertura era inspirado no texto de uma adolescente sobre a bandeira americana. O recinto transbordava patriotismo com os lemas "country first" e "service", mas perto da convenção democrata parecia regimentada como festa em quartel.

Um dos objetivos da noite era realçar os valores do senador McCain que, ao contrário de Obama, põe o país acima da política. E "service", no sentido de servir o país, é a virtude número um de McCain pelo plano republicano.

Filho e neto de almirantes, piloto de combate e prisioneiro de guerra durante cinco anos e meio, sofreu torturas brutais. A história foi contada com uma riqueza de detalhes sem precedentes por Fred Thompson, ex-senador, ex-ator e ex-candidato à presidente. Com as pancadas que aplicou em Obama, ele acordou a convenção.

Antes de Thompson, a filha adotiva de McCain foi uma das imagens mais fortes da noite. A adolescente, nascida em Bangladesh, foi usada pela campanha de George W. Bush em 2000 para acusar McCain de ser pai de uma filha negra ilegítima.

Laura, a mulher do presidente, uma presença sempre popular, apresentou o marido, cada dia menos prestigiado no país, mas que ainda tem o apoio de 70% dos republicanos. Não ficou claro porque Bush preferiu aparecer via satélite da Casa Branca em vez de ir à convenção. A melhor explicação é distância --quanto mais longe de McCain, maiores as chances do candidato republicano com independentes e democratas decepcionados com Barack Obama.

O presidente fez um discurso curto, metade sobre o forte dele, segurança, metade sobre as virtudes de John McCain. Como outros oradores, evitou falar sobre a economia, mas vários lembraram que o democrata vai aumentar impostos. Preço da gasolina? Inflação? Desemprego? Déficit? Dólar? Nenhuma palavra.

A maioria dos americanos acha que Bush evitou um outro ataque terrorista, mas um número cada vez maior percebe que o país gastou bilhões com segurança, mas não construiu um novo aeroporto, novas estradas e as pontes estão caindo. Não há uma grande construção americana que se compare às chinesas no mesmo período. Sete anos depois da destruição das torres nada foi reconstruído no lugar.

O choque da noite ficou por conta do senador Joe Lieberman, que há oito anos era o candidato à vice-presidente de Al Gore pelo partido democrata. Foi uma decepção. Ele se tornou independente e é amigo intimo de McCain, tão íntimo que foi considerado para vice-presidente, barrado pela resistência das bases porque, entre outros liberalismos, é a favor do aborto.

Dele se esperava um discurso pró-McCain, mas foi muito além e atacou a falta de preparo de Barack Obama para ser presidente. Um choque nos democratas. Onde estava este orador feroz e agressivo há oito anos? Qual o cargo espera o senador se McCain for eleito? Hoje ele é um pária no Senado e não participa das reuniões de nenhum dos dois partidos.

Sem estar presente, uma das maiores estrelas da noite foi a candidata a vice-presidente Sarah Palin. De um dia para outro, ela se tornou uma modelo de mãe, esposa e líder política que enfrentou os líderes corruptos do próprio partido no Alasca e conquistou o governo do Estado.

Muitas histórias são contadas pela metade. Antes de confrontar os líderes corruptos, quando ainda era prefeita, Sarah Palin aceitou US$ 24 milhões de um deles --o senador Ted Stevens-- para projetos municipais. Depois, quando ambos estavam sob investigação, ela se rebelou contra o partido e deu o salto da prefeitura para o governo do Estado.

Os dramas dela como mãe de um filho com síndrome de Down e de uma adolescente grávida aos 17 anos, de um dia para o outro foram transformados em situações capazes de comover todas as mulheres americanas. Na véspera da convenção, era uma mulher com pouca experiência para assumir a Presidência. Nos discursos de ontem, Sarah Palin se tornou mais experiente em questões executivas do que Obama e Biden, juntos. Afinal, nenhum dos dois foi prefeito ou governador.

Hoje, ao vivo, teremos a genial Sarah Palin.

Comentários dos leitores
hugo chavez (262) 11/01/2010 22h49
hugo chavez (262) 11/01/2010 22h49
As "autoridades" de imigração dos eua encobriram maus-tratos a estrangeiros e falta de atendimento médico nos casos de detidos mortos na prisão nos últimos anos, denunciou o jornal "The New York Times". A informação é parte do conteúdo de documentos internos e confidenciais obtidos pela publicação e a ONG União Americana de Liberdades Civis. Ambos se acolheram a uma lei de transparência que obriga à divulgação deste tipo de informação pelo governo. Os documentos mencionam os casos de 107 estrangeiros que morreram nos centros de detenção para imigrantes desde outubro de 2003. "Certos funcionários, alguns deles ainda em postos-chave, usaram seu cargo para ocultar provas de maus-tratos, desviar a atenção da imprensa e preparar declarações públicas com desculpas, após ter obtido dados que apontavam os abusos". É mais uma da "democracia" estadounidense que vive apontando o dedo para os outros. Quanto tempo e quantas patifarias ainda faltam para que alguns reconheçam que "liberdade e democracia" são MITOS nos eua. Ali acontece todo o tipo de manipulação, tortura, conchavo, tráfico, suborno, violência, abuso, enfim, toda a sorte de patifarias. Os eua estão mergulhados no mais profundo colapso em TODOS os sentidos. Não dá mais para encobrir que eles não se diferenciam em nada de TODOS os regimes que criticam, mas, como tem o poder das armas e são totalmente influenciados pela doutrina nazi sionista racista e fascista, são os maiores e verdadeiros grandes TERRORISTAS do mundo. São os condutores das maiores mazelas nos 4 cantos e o povo estadounidense precisa recuperar o poder e realmente conseguir resgatar sua Nação. Para começar, é preciso ter presidentes de verdade e não fantoches de 2 partidos que têm os mesmos "senhores", o sionismo internacional. Vivemos um momento decisivo onde devemos apoiar a Resistência mundial e lutar para derrubar o eixo que venceu o outro eixo na 2ª guerra e construir um mundo livre voltado para o socialismo do século XXI. Não ao capitalismo e ao comunismo, duas faces da mesma moeda controladas pelos sionismo. sem opinião
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Luciano Edler Suzart (40) 09/10/2009 10h20
Luciano Edler Suzart (40) 09/10/2009 10h20
A situação é periclitante, se antigamente se concedia o Nobel da Paz a quem de algum modo, plantava a paz no mundo, hoje (dada a escassez de boa fé geral) se concede o prémio a quem não faz a guerra... Como diria o sábio Maluf: "Antes de entrar queria fazer o bem, depois que entei, o máximo que conseguí foi evitar o mal"
Só assim pra se justificar esse Nobel a Obama, ou podemos ver como um estímulo preventivo a que não use da força bélica que lhe está disponível contra novos "Afeganistões" do mundo.
1 opinião
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honório Tonial (2) 16/05/2009 21h47
honório Tonial (2) 16/05/2009 21h47
Considero ecelente vosso noticiario. Obrigado, aos 83 anos de mnha vida, 8 opiniões
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