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13/05/2006
-
10h24
da BBC Brasil, em Viena
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, em Viena, que havia "muita fumaça e pouco fogo" na crise gerada pelas acusações do presidente boliviano, Evo Morales, à Petrobras.
"Acho que tanto o presidente Evo Morales como o presidente do Brasil compreendem que a única chance que termos desenvolvimento é com par na América Latina e par na América do Sul", disse Lula.
"Eu disse ao presidente Morales que o Brasil precisa do gás da Bolívia e a Bolívia precisa vender gás ao Brasil", afirmou.
Crise
Os dois presidentes participaram da Cúpula da União Européia e América Latina, que terminou na sexta-feira na capital austríaca.
A reunião foi marcada pelas preocupações com as conseqüências da decisão do governo boliviano de nacionalizar o seu setor energético e também pela crise entre o Brasil e a Bolívia, que surgiu depois de uma entrevista de Morales na quinta-feira. Na ocasião, ele acusou a Petrobras de cometer ações ilegais no seu país.
Na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, chegou a ameaçar retirar o embaixador brasileiro da Bolívia.
Mas, no mesmo dia, em uma entrevista coletiva, o presidente Morales recuou, culpando a imprensa internacional pela má repercussão de suas declarações.
Lula disse neste sábado que "as pessoas precisam aprender a conviver democraticamente". "Ninguém precisa ser igual a ninguém", afirmou. Lula disse ainda que é preciso encontrar um ponto de equilíbrio. "Acho que, com essa compreensão, nós não teremos problema no nosso continente".
"Vítima"
Na saída do encontro com Lula no sábado, Morales repetiu que estava sendo vítima de uma campanha de meios de comunicação, que estariam querendo confrontá-lo com o presidente Lula. "Mas não vou conseguir", disse ele. "Um mês atrás tentaram nos confrontar com o presidente Hugo Chávez [Venezuela]".
Morales se esquivou quando foi questionado se a Petrobras seria indenizada pela nacionalização das suas instalações no país. Sobre sua intenção de elevar o preço do gás natural exportado para o Brasil, ele disse que o preço do produto tem de "beneficiar o Brasil e a Bolívia".
"Quem não quer melhorar a sua situação econômica? Mas o preço tem de ser calculado racionalmente, de modo que beneficie o Brasil e a Bolívia", disse ele.
Segundo Morales, o encontro com Lula "foi ameno, cordial e com enormes concordâncias". "Somos países unidos, aliados como presidentes", disse o presidente boliviano, ao sair do hotel onde Lula está hospedado, no centro de Viena.
Século 21
O presidente Lula disse, após o encontro com Morales, que "os presidentes de países da América Latina precisam parar de ficar culpando o mundo pela pobreza de sua nação".
Na polêmica entrevista de quinta-feira, quando acusou a Petrobras de agir ilegalmente na Bolívia, Morales disse que o país havia sido saqueado pelos europeus por 500 anos.
"Acho que, se pensarmos no século 21, podemos dar um salto de qualidade. Se ficarmos remoendo o passado, não andaremos", disse Lula.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, por sua vez, definiu o encontro entre os dois presidentes como "positivo e descontraído", mas não comentou o conteúdo da conversa. Segundo Amorim, é hora de acabar com o "mal-entendido entre os dois países".
Quando questionado se o presidente boliviano havia se retratado das acusações feitas à Petrobras, Amorim afirmou que isso já havia sido feito por Morales na entrevista coletiva de sexta-feira.
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Crise do gás gerou "muita fumaça e pouco fogo", diz Lula
CAROLINA GLYCERIOda BBC Brasil, em Viena
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, em Viena, que havia "muita fumaça e pouco fogo" na crise gerada pelas acusações do presidente boliviano, Evo Morales, à Petrobras.
"Acho que tanto o presidente Evo Morales como o presidente do Brasil compreendem que a única chance que termos desenvolvimento é com par na América Latina e par na América do Sul", disse Lula.
"Eu disse ao presidente Morales que o Brasil precisa do gás da Bolívia e a Bolívia precisa vender gás ao Brasil", afirmou.
Crise
Os dois presidentes participaram da Cúpula da União Européia e América Latina, que terminou na sexta-feira na capital austríaca.
A reunião foi marcada pelas preocupações com as conseqüências da decisão do governo boliviano de nacionalizar o seu setor energético e também pela crise entre o Brasil e a Bolívia, que surgiu depois de uma entrevista de Morales na quinta-feira. Na ocasião, ele acusou a Petrobras de cometer ações ilegais no seu país.
Na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, chegou a ameaçar retirar o embaixador brasileiro da Bolívia.
Mas, no mesmo dia, em uma entrevista coletiva, o presidente Morales recuou, culpando a imprensa internacional pela má repercussão de suas declarações.
Lula disse neste sábado que "as pessoas precisam aprender a conviver democraticamente". "Ninguém precisa ser igual a ninguém", afirmou. Lula disse ainda que é preciso encontrar um ponto de equilíbrio. "Acho que, com essa compreensão, nós não teremos problema no nosso continente".
"Vítima"
Na saída do encontro com Lula no sábado, Morales repetiu que estava sendo vítima de uma campanha de meios de comunicação, que estariam querendo confrontá-lo com o presidente Lula. "Mas não vou conseguir", disse ele. "Um mês atrás tentaram nos confrontar com o presidente Hugo Chávez [Venezuela]".
Morales se esquivou quando foi questionado se a Petrobras seria indenizada pela nacionalização das suas instalações no país. Sobre sua intenção de elevar o preço do gás natural exportado para o Brasil, ele disse que o preço do produto tem de "beneficiar o Brasil e a Bolívia".
"Quem não quer melhorar a sua situação econômica? Mas o preço tem de ser calculado racionalmente, de modo que beneficie o Brasil e a Bolívia", disse ele.
Segundo Morales, o encontro com Lula "foi ameno, cordial e com enormes concordâncias". "Somos países unidos, aliados como presidentes", disse o presidente boliviano, ao sair do hotel onde Lula está hospedado, no centro de Viena.
Século 21
O presidente Lula disse, após o encontro com Morales, que "os presidentes de países da América Latina precisam parar de ficar culpando o mundo pela pobreza de sua nação".
Na polêmica entrevista de quinta-feira, quando acusou a Petrobras de agir ilegalmente na Bolívia, Morales disse que o país havia sido saqueado pelos europeus por 500 anos.
"Acho que, se pensarmos no século 21, podemos dar um salto de qualidade. Se ficarmos remoendo o passado, não andaremos", disse Lula.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, por sua vez, definiu o encontro entre os dois presidentes como "positivo e descontraído", mas não comentou o conteúdo da conversa. Segundo Amorim, é hora de acabar com o "mal-entendido entre os dois países".
Quando questionado se o presidente boliviano havia se retratado das acusações feitas à Petrobras, Amorim afirmou que isso já havia sido feito por Morales na entrevista coletiva de sexta-feira.
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