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Mensagem de Obama não acaba com ceticismo do Irã, dizem analistas
TARIQ SALEH
da BBC Brasil, em Beirute
A mensagem desta sexta-feira do presidente americano, Barack Obama, de "um novo começo", direcionada ao Irã, pode sinalizar o início de uma era de respeito mútuo, segundo analistas iranianos ouvidos pela BBC Brasil.
Leia íntegra da mensagem
Veja o vídeo da mensagem no YouTube
O professor iraniano Mehdi Sanaei, do departamento de Ciência Política da Universidade de Teerã, disse que o discurso de Obama foi uma grande iniciativa de diplomacia da nova administração americana.
"A mensagem do presidente americano com certeza será bem vista entre o povo iraniano, pois veio de um chefe de Estado, da maior potência do mundo e mostrou respeito pelo Irã", disse Sanaei por telefone à BBC Brasil.
O professor se mostra, no entanto, cauteloso se o discurso de Obama refletirá a realidade e a prática das ações americanas com relação ao Irã. "Sem dúvidas que o governo iraniano receberá bem as palavras de Obama. Mas as sanções contra o país foram renovadas, e isso por si só deixa o Irã cético e desconfiado ainda sobre as intenções americanas".
Na semana passada, o governo dos Estados Unidos renovou as sanções econômicas ao Irã, que existem desde 1995 e que proíbem que empresas americanas negociem com companhias iranianas ou investir no país.
Estragos
O analista iraniano Saeed Laylaz, vice-ministro no governo do ex-presidente reformista Mohamed Khatami, disse à BBC Brasil que a nova administração americana fez bem em acalmar as animosidades entre os dois países.
"Até o ano passado se falava em guerra, em atacar o Irã, os discursos eram agressivos e não ajudavam a diplomacia em resolver as questões fundamentais", disse Laylaz por telefone.
Para ele, o Irã não terá problema em negociar com o Ocidente, de abrir mão de alguns de seus direitos se enxergar sinceridade e vontade dos EUA e outros países ocidentais de conversar com o governo iraniano.
"É uma questão simples e envolve respeito mútuo. E isso, ao que parece, o presidente Obama percebeu e tenta consertar os estragos feitos pelo governo anterior", disse ele
Mas Laylaz também diz que as sanções econômicas contra o Irã deveriam ser abolidas. "Seria a forma de Obama transformar em atos suas palavras direcionadas ao povo iraniano e seus líderes. É uma questão simples, para negociar deve-se ter uma relação de igual para igual, sem sanções e sem pressões", salientou Laylaz.
Árabes
Assim como os analistas do Irã, o analista político árabe da Universidade Americana de Beirute, Rami Khoury, a mensagem de Obama trouxe uma nova esperança não somente para os iranianos, mas para os árabes no Oriente Médio.
"O Irã tem grande influência na região e uma política agressiva ao país reflete imediatamente em outros países árabes", destacou Khoury.
O Irã apoia grupos como o Hezbollah, no Líbano e o Hamas, em Gaza, e á aliado da Síria e com boas relações com o Catar e Sudão.
"A estabilidade do Oriente Médio também passa pelo Irã, que pode ajudar os EUA a estabilizar o Iraque, por exemplo".
Khoury explicou que Obama já acertou em mudar o discurso agressivo do ex-presidente Bush.
"É impensável que um país negocie sendo agredido e tratado como vilão a todo momento. O restabelecimento do respeito mútuo é o grande passo para uma normalização das relações entre americanos e iranianos".
Mas Khoury salientou que o Irã também deve fazer a sua parte, e mudar seus discurso ao tratar os Estados Unidos.
"O Irã deve mudar suas atitudes, deixar de lado a retórica e o isolamento, se engajar mais na comunidade internacional de forma diplomática e construtiva".
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assassinar o professor, o objetivo final da ação, que é dividir internamente o Irã. Como os U-S-A divulgaram recentemente, o que está ocorrendo de fato agora é uma aceleração do programa nuclear do Irã. Pelo andar da carruagem os U-S-A sabem que já não podem mais promover uma guerra convencional contra o Irã, pois poriam em risco suas tropas.
Agora só resta uma saída: tentar minar e derrubar o atual governo iraniano através de ações de terrorismo e sabotagem, o que parece ser algo impossível e só serviria para massacrar ainda mais a oposição. O lider religioso Khamenei fala abertamente que "Todas as partes com tendências diferentes devem se distanciar claramente dos inimigos, em particular as elites influentes, que devem também se abster de fazer comentários ambíguos", o que não deixa de ser o início do combate à influência dos U-S-A sobre a classe média iraniana, e uma nova revolução está em curso para solidificar a atual.
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