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07/05/2007 - 10h42

Desafios sociais e econômicos aguardam Sarkozy na França

DANIELA FERNANDES
da BBC Brasil

Nicolas Sarkozy, novo presidente eleito da França, assumirá suas funções no dia 16 de maio com inúmeros desafios pela frente: aumentar o crescimento econômico do país, inferior ao da média da zona do euro, aumentar a competitividade internacional, e reduzir o desemprego e a dívida pública.

Sarkozy também deverá enfrentar o desafio de diminuir a chamada "fratura social": desigualdades econômicas e dificuldades de integração que afetam, sobretudo, os moradores de periferias pobres do país e que já causaram revoltas na França. Um sentimento que os franceses resumem com a expressão "o elevador social está quebrado".

A economia francesa é a sexta maior do mundo, mas nos últimos anos ela crescido menos do que seus parceiros europeus, situando-se entre os "lanterninhas": 2% de crescimento em 2006, contra 2,6% para a média da zona do euro.

Um dos principais temas das eleições presidenciais foi o de como a França pode se tornar mais competitiva para enfrentar a globalização, assegurando, desta forma, o emprego dos franceses.

Modelo econômico

O país é o quinto maior exportador mundial, mas vem perdendo consecutivamente espaço nas vendas internacionais: a participação de mercado da França nas exportações mundiais caiu de 5,1% para 4,4% entre 2002 e 2005.

A França registrou no ano passado um déficit externo recorde de 29,2 bilhões de euros -o terceiro consecutivo- que, segundo analistas, não pode ser explicado somente em razão do aumento dos preços do petróleo.

"A França faz parte dos países europeus que têm um modelo econômico menos eficaz. O país não soube se adaptar às novas realidades da economia mundial", afirmou em entrevista ao jornal Les Echos o prêmio Nobel de Economia Paul Samuelson.

Sarkozy, como também sua adversária derrotada, a socialista Ségolène Royal, prometeu criar mecanismos para impedir a transferência de empresas francesas a países onde a mão-de-obra é mais barata.

Empregos

A proposta é considerada "irrealista" pelo professor da Universidade Sorbonne Luiz Felipe de Alencastro. "É impossível dizer a uma empresa no mundo de hoje que ela não pode se transferir para um país do leste da Europa ou para a China", disse ele à BBC Brasil.

Para reduzir o desemprego e estimular o crescimento econômico, Sarkozy promete flexibilizar a jornada de 35 horas semanais, o que permitirá, segundo ele, que os franceses "trabalhem mais para ganhar mais".

Mas em entrevista ao jornal Le Monde, Pierre Cahuc, economista especializado em emprego, disse que "não existe nenhuma relação entre a duração da jornada de trabalho e o aumento ou a queda do nível de emprego".

Para o especialista, "suprimir os impostos que incidem sobre as horas extras, como propõe Sarkozy, favorece as pessoas que já trabalham, em detrimento dos desempregados".

Na opinião do economista, uma simplificação das leis trabalhistas incentivaria novas contratações.

A taxa de desemprego na França, de 8,5%, é considerada inferior ao índice real. Estatísticas européias estimam que o índice francês seria mais elevado.

A taxa vem sendo contestada por inúmeros especialistas, inclusive do próprio organismo oficial de estatísticas, que acusam o governo de "manipulação dos números para fins eleitorais".

Outro desafio de Sarkozy, mais psicológico, será o de reverter o sentimento geral de depressão da população em relação à França.

Segundo uma pesquisa do instituto Sofres, divulgada em abril, 66% dos franceses acreditam que o país está em declínio.

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