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Análise: Palestinos sem Abbas
JEREMY BOWEN
editor de Oriente Médio da BBC, em Jerusalém
As palavras escolhidas pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, de que não tem "vontade" de concorrer à reeleição, parecem sugerir que ele pode se permitir mudar de ideia. Mas que tipo de mudança na paisagem política seria necessária para reavivar seu desejo de ser presidente?
Concessões vindas do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, são improváveis. Há meses ele vem recusando pedidos do governo americano para congelar os assentamentos judaicos em territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental. Netanyahu não deve mudar de postura e destruir sua posição política em Israel apenas para manter Abbas no emprego.
O líder palestino se tornou parte integrante da estratégia americana. Suas tentativas de agir favoravelmente ao presidente Barack Obama, especialmente os esforços para o arquivamento do relatório Goldstone sobre crimes de guerra na ofensiva de Gaza, lhe causaram danos entre os palestinos que devem ter influenciado sua decisão.
Se os americanos anunciassem que apoiam um Estado palestino da forma como Abbas defende, com as fronteiras de 1967, capital em Jerusalém Oriental, justiça para os refugiados palestinos e controle soberano de espaço aéreo e bordas, ele pode ser persuadido a concorrer.
Eleições
Mas Obama não conseguiu fazer com que Israel congelasse os assentamentos nem por seis meses. Será que ele aumentaria ainda mais a aposta agora?
Não é impossível, já que mais cedo ou mais tarde, os americanos vão ter que dizer que tipo de Estado palestino eles apoiam. Mas ele daria início a uma colossal batalha política com Netanyahu e seus aliados nos EUA.
De qualquer forma, Mahmoud Abbas deve permanecer no cargo por mais um tempo. Ele convocou eleições para janeiro, mas seus rivais palestinos do Hamas disseram que não apenas não participarão, mas também vão impedir qualquer um em Gaza de participar.
O órgão eleitoral palestino deve decidir entre agora e janeiro se uma eleição que exclui Gaza deve ocorrer.
Alguns conselheiros de Abbas favorecem um adiamento. E já que o presidente não ameaça renunciar antes do pleito, ele deve continuar no cargo.
Sucessor
Se uma eleição acontecer e Abbas não concorrer, ele tem apenas um sucessor óbvio no Fatah. Ele é Marwan Barghouti, o integrante mais carismático da próxima geração do Fatah.
O problema é que ele cumpre atualmente cinco sentenças perpétuas por assassinato em uma prisão israelense.
Mas mesmo preso, ele é considerado uma forte figura política. Alguns o veem como um possível futuro Nelson Mandela e seus simpatizantes podem votar nele.
Fora das prisões, não há nenhum outro líder óbvio no Fatah.
Alguns palestinos estão tão frustrados com política e o processo de paz que eles nem se importam com quem será presidente. Pesquisas recentes de opinião sugerem que a maior parte dos eleitores palestinos nem mesmo vai votar.
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