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13/06/2007 - 18h37

Senadores querem ouvir jornalista no Conselho de Ética sobre caso Renan

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RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

Em uma sessão tensa e repleta de discussões, o presidente do Conselho de Ética do Senado, Sibá Machado (PT-AC), adiou para sexta-feira a votação do relatório apresentado pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) no processo de decoro parlamentar contra Renan Calheiros (PMDB-AL). O relator sugeriu o arquivamento do processo, alegando inconsistências nas denúncias e falta de provas.

"Não quero fazer aqui um cabo de guerra. Houve um procedimento normal", afirmou o presidente do Conselho de Ética.

Segundo ele, é desnecessário tomar depoimentos. Porém, admitiu que se o relatório for rejeitado na sexta-feira, outro relator será designado e poderá determinar que envolvidos nas denúncias prestem esclarecimentos.

A iniciativa do relator --pedido o arquivamento-- provocou contestações do PDT, PSDB, DEM, PSOL e PSB. Os líderes dos cinco partidos pediram vista, um prazo maior para examinar o relatório antes que fosse à votação. Para os senadores, Cafeteira foi apressado na sua avaliação e deveria ter ouvido testemunhas citadas no caso. "Este dia é um desastre para o Senado", reagiu o líder do PDT no Senado, Jefferson Peres (AM).

Na sexta-feira, o líder da Minoria, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), pretende apresentar um voto em separado, propondo um novo relatório e a possibilidade de serem tomados depoimentos para aprofundar as investigações. Na opinião dele, devem ser ouvidos, no mínimo, a jornalista Mônica Veloso --com quem Renan tem uma filha fora do casamento-- e o lobista Cláudio Gontijo.

Renan é acusado de usar dinheiro da construtora Mendes Júnior para pagar despesas pessoais. A intermediação seria feita pelo lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior, que é apontado como o responsável por pagar a pensão alimentícia e o aluguel da jornalista.

O peemedebista apresentou sua defesa antes do prazo determinado pelo Conselho de Ética. Nela, Renan negou as acusações e afirmou ter renda suficiente para pagar as despesas referentes à pensão alimentícia e ao aluguel. As acusações obrigaram o presidente do Senado a discursar no plenário da Casa e, desde então, este virou o principal assunto entre os senadores.

O presidente do Senado não apareceu na reunião, mas determinou que a sessão do Senado fosse suspensa até a conclusão da discussão no Conselho de Ética. Também orientou a TV Senado a transmitir toda a reunião.

Ineditismo

Cafeteira concluiu o relatório em menos de 48 horas, como ele próprio admitiu, afirmando ter encerrado o trabalho ontem às 22h. Segundo ele, foi rápido "porque o Senado sangra" com as denúncias envolvendo o presidente da Casa. Ao longo da sessão de hoje, ele repetiu várias vezes que não queria ser o relator do processo. "Eu sabia que eu ia ser malhado. E, vou ser malhado amanhã", disse ele. "Não estou brincando realmente estou querendo me [livrar] de uma missão espinhosa."

Segundo Cafeteira, trabalhou incessantemente para concluir logo o relatório. De acordo com ele, deixou de almoçar, dormiu mal e até "leu no banheiro" os documentos enviados pela Corregedoria Geral do Senado e pela defesa de Renan.

De acordo com ele, denúncias baseadas em reportagens publicadas na imprensa não comprovam nada que desabone o presidente do Senado.

Durante a reunião, Sibá foi assessorado pela secretária-geral do Senado, Cláudia Lyra, o que nunca ocorreu em outras ocasiões. O advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, acompanhou toda reunião, mas preferiu ficar sentado e distante da mesa de Sibá.

O advogado de Renan, Eduardo Ferrão, optou por fazer a defesa de seu cliente ficando em pé. Segundo ele, era uma deferência ao parlamentares. Articulado, Ferrão discursou por mais de 20 minutos e apelou para o espírito de grupo dos senadores.

"Querem arrastar o presidente do Senado para a Operação Navalha e a Casa quer deixar", disse o advogado. "As instituições serão questionadas. Só o que vale [hoje] são a polícia e a mídia", acrescentou ele.

Impasse

A sessão do conselho se dividiu entre os que defendiam a votação imediata do relatório de Cafeteira, grupo liderado pelos peemedebistas Valdir Raupp (RO) e Romero Jucá (RR), além da petista Ideli Salvatti (SC). "Em 24 horas dá tempo de ler um livro de 400 páginas", disse Raupp, em defesa do prazo mínimo para o pedido de vista.

Porém, entre os contrários a um prazo menor para nova análise do relatório estavam Jefferson Peres (PDT-AM), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Demóstenes Torres (DEM-GO), Renato Casagrande (PSB-ES), além do líder do PSOL, José Nery (PA) --autor do requerimento que propôs a abertura das investigações contra Renan por quebra de decoro parlamentar.

"Não me sinto seguro para dar uma opinião hoje", admitiu Casagrande. "O que nós queremos é pura e simplesmente a apuração. A vida pessoal do presidente do Senado não interessa ao PSOL", disse Nery.

 

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