Conselho da Câmara critica Senado por adiar 2ª investigação contra Renan

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), criticou nesta quarta-feira o senador João Pedro (PT-AM) --que é relator do segundo processo contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O petista afirmou que iria esperar a conclusão das investigações na Câmara --que apura denúncias contra o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão de Renan-- para apresentar seu parecer.

"Não faz o menor sentido ele [João Pedro] associar um processo [o do Senado] ao outro [ao da Câmara]. Acho que ele [o relator no Senado] está errado. É uma maneira de fugir da responsabilidade", disse Izar.

Neste segundo processo, Renan é acusado de trabalhar para reverter dívida de R$ 100 milhões da Schincariol no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Em troca, a empresa teria comprado uma fábrica de seu irmão por R$ 27 milhões --6,5 vezes o valor declarado por Olavo à Justiça.

Segundo Izar, a orientação dele para o relator do processo contra Olavo, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), é para agilizar as investigações e concluir logo seu relatório. "Eu pedi que ele conclua o mais rápido o possível até porque agora o Senado depende de nós", disse o presidente do conselho.

Sugestões

Para Izar, o Conselho de Ética do Senado deveria optar pela unificação dos processos contra Renan. "Andaria muito mais rápido, o desgaste seria menor, e há como elemento fundamental o fato de o investigado ser o mesmo", afirmou o deputado. "Não vejo razão para manter processos separados."

O assunto será tratado na reunião convocada para hoje pelo presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Nos últimos dias, ele sinalizou a intenção de unir todas as denúncias que há contra Renan. Uma das principais razões para isso seria a dificuldade em encontrar senadores dispostos a relatar os processos contra Renan.

Também na reunião marcada para esta quarta-feira o Conselho de Ética deverá discutir a proposta de João Pedro de sobrestar --paralisar-- o processo relativo à Schincariol e Renan até que a Câmara conclua as investigações.

Apurações

Na próxima semana, Izar e Araújo deverão viajar para Murici (Alagoas) onde pretendem vistoriar a fábrica que vendida por Olavo para a Schincariol e o terreno onde está localizada. O objetivo é examinar se o valor pago pela fábrica corresponde ao que vale.

De acordo com o presidente do conselho, eles também vão requisitar os documentos de compra e venda, além de comprovantes do financiamento obtido via Banco do Nordeste. "O relator precisa ter documentos e examinar o processo como um todo para preparar o relatório final", afirmou Izar.

O processo de Olavo teve uma reviravolta. É que o primeiro relator nomeado para o caso, deputado Sandes Junior (PP-GO), admitiu ter recebido R$ 50 mil da Schincariol como doação para sua campanha eleitoral em 2006. Depois disso, foi escolhido um novo relator.

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