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30/09/2007 - 22h05

STF decide fidelidade partidária nesta semana; prazo para trocas vai até 6ª

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da Folha Online
Com Agência Brasil

O STF (Supremo Tribunal Federal) julga nesta semana os mandados de segurança apresentados pelos partidos de oposição para devolver às legendas os mandatos dos deputados que trocaram de sigla neste ano --os chamados "infiéis". Segundo o ministro Celso de Mello, o assunto é prioritário, devido à necessidade de o tribunal ter que definir o papel dos partidos políticos no país.

O prazo para os candidatos a cargos eletivos em 2008 trocarem de legenda se encerra na sexta-feira (5) --o julgamento do STF está previsto para ocorrer na quarta.

No início de maio, o PSDB, DEM e PPS, que registraram baixa de 23 parlamentares, ingressaram com mandado de segurança no STF contra o ato da Mesa Diretora da Câmara que descartou devolver aos partidos os mandatos dos deputados que trocaram de legenda. As três siglas perderam, respectivamente, oito, seis e nove deputados, de acordo com o quadro de mudanças de partidos da Câmara dos Deputados.

Os partidos se basearam na decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que em março decidiu que o mandato pertence ao partido ou à coligação e não ao candidato eleito.

Alan Marques/Folha Imagem
Nos últimos dois meses, o ministro do STF, Celso de Mello, negou liminar ao PPS e ao PSDB
Nos últimos dois meses, o ministro do STF, Celso de Mello, negou liminar ao PPS e ao PSDB

Neste mês, no entanto, o ministro Celso de Mello negou liminar pedida pelo PPS contra ato do presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que indeferiu pedido do partido para que convocasse um suplente da legenda para assumir o mandato de deputado em substituição a Geraldo Resende (MS), que trocou o PPS pelo PMDB.

E no mês passado, o ministro do STF negou liminar solicitada pelo PSDB para afastar os parlamentares que trocaram o partido por outra legenda. No requerimento ao presidente da Câmara, o PSDB pediu que fosse considerada renúncia ao mandato a mudança de filiação partidária por deputados federais eleitos pelo partido.

Em sua decisão, Celso de Mello apontou que "o abandono da legenda pelo representante infiel tem desfalcado, sem restituição, a representação parlamentar dos partidos" e diz considerar necessária a concretização e aplicação do princípio constitucional da fidelidade partidária.

Propriedade

O líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), argumenta que o mandato deve ser do partido baseado nos pré-requisitos constitucionais de que para ser parlamentar é obrigatória a filiação e para conquistar uma vaga o deputado ou vereador precisa do quociente eleitoral que é feito pelos votos de todos os membros no partido.

"Então, para que se obtenha uma cadeira na Câmara dos Deputados e assembléias ou nas câmaras de vereadores, é imprescindível estar em um partido e concorrer por um partido. Dessa forma, quando a pessoa vai embora, ela abre mão daquilo que lhe proporcionou o mandato, por isso que ele tem que perder o mandato e o mandato voltar para o partido", afirma Lorenzoni.

O líder do PR, legenda que mais recebeu parlamentares com o troca-troca, Luciano Castro (RR) questiona a iniciativa dos partidos que procuraram o STF. "Me estranha muito que partidos que estejam hoje exatamente provocando e mostrando sua indignação por troca partidária foram os mesmo que no passado estimulavam essas trocas. Hoje como estão se achando prejudicados mudaram de posição".

Fim de prazo

O troca-troca acontece principalmente na Câmara dos Deputados. Desde o início da atual legislatura, 46 deputados trocaram de partido, segundo informações da Mesa-Diretora da Câmara. Levantamento da Folha Online mostra que só na semana passada cinco parlamentares trocaram de partido : três deputados e dois senadores.

25.set.2007/Folha imagem
Eleito pelo PTC, Clodovil Hernandes se filiou ao PR, mesmo partido de Inocêncio Oliveira
Eleito pelo PTC, Clodovil Hernandes se filiou ao PR, mesmo partido de Inocêncio Oliveira

Na Câmara, as mudanças atingiram os deputados Clodovil Hernandes (SP), Souza (AM) e Sérgio Brito (BA). Clodovil trocou o PTC pelo PR. Carlos Souza deixou o PP e se filou ao PRB. E Brito saiu do PDT em direção ao PMDB.

No Senado, o troca-troca atingiu os senadores Patrícia Saboya (CE) --que trocou o PSB pelo PDT-- e César Borges (BA) --deixou o DEM para se filiar ao PR.

Como na próxima sexta-feira, dia 5, vence o prazo para mudança de legenda entre os que querem se candidatar às eleições municipais de 2008, as trocas podem se intensificar nos próximos dias.

O PR, criado este ano após fusão do PL com o Prona, saltou de uma bancada de 25 para 42 deputados. E deve crescer ainda mais. De acordo com o líder Luciano Castro, o deputado bispo Rodovalho (DEM-DF) ainda deve ir para o partido. Há ainda senadores como Romeu Tuma (DEM-SP) e Edison Lobão (DEM-MA) negociando uma possível mudança para o PR.

Em busca de verbas

Para o cientista político Lúcio Rennó, uma das explicações para tanta mudança é o interesse dos parlamentares em se aproximarem do governo, buscando partidos da base aliada. "Um padrão clássico é se aproximar mais do governo para ter um pouco mais de acesso a cargos e recursos orçamentários que o governo controla".

Lúcio Rennó afirma que outro motivo para o troca-troca é que o sistema partidário brasileiro ainda é relativamente jovem. "Onde você tem partidos menos consolidados, mais fracos, a possibilidade de mudança, o custo da mudança, é menor do que em sistemas onde esses partidos já tem reputações claras, bem estabelecidas".

Ele destaca também que no Brasil o partido não tem tanto peso quando os eleitores fazem a escolha por um candidato. "O voto no Brasil é muito pessoal no candidato, muito menos partidário do que, por exemplo, no caso americano".

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