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01/12/2007 - 08h31

MST anuncia invasões em protesto contra Serra

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MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) anunciou ontem que fará uma série de invasões de terra no interior de São Paulo em protesto contra a reintegração de posse cumprida pela PM anteontem em Limeira (151 km de SP) e numa ofensiva contra o governo José Serra (PSDB).

Na ação de anteontem, Polícia Militar usou gás pimenta, gás lacrimogêneo, armas com balas de borracha e bombas de efeito moral.

A liderança do movimento sem-terra alega que ao menos 20 pessoas ficaram feridas na reintegração de posse e que houve abuso de violência policial durante o cumprimento da ordem judicial.

"Isso [uso da força pela PM] gerou uma indignação muito grande na militância e no conjunto do MST. Eu não tenho nenhuma dúvida que muitas ações, inclusive em protesto pelo o que ocorreu, vão acontecer a partir de hoje [ontem]", disse um dos coordenadores nacionais do MST, Gilmar Mauro.

Ele foi atingido por um tiro de bala de borracha na orelha durante a ação policial em Limeira.

De acordo com Mauro, o governo Serra se recusa a negociar com integrantes do MST. "Nossa relação com o governo Serra é uma relação inexistente. Ele [Serra] nunca nos recebeu, nunca quis negociar."

Os integrantes do MST dizem que vão retornar à área desocupada a partir da próxima semana. "Claro que pretendemos voltar para a área. Este é o principal objetivo."

A Santa Casa de Limeira confirmou ontem ter atendido três pessoas feridas que estavam no assentamento desocupado, além de um bebê de três meses que foi internado e teve alta ontem após ter inalado gás lacrimogêneo.

O MST fez ontem um boletim de ocorrência coletivo e informou que irá processar o Estado e a Prefeitura de Limeira por danos materiais e morais.

O líder do MST disse que a PM empregou uma "violência fora do comum". "É uma tropa de bárbaros fardados e um comando sem condições psicológicas e intelectuais para comandar uma tropa", disse Mauro.

O pedido de reintegração de posse foi feito à Justiça estadual pela Prefeitura de Limeira. A decisão de reintegração saiu na semana passada pelo juiz Flávio Dassi Vianna, da Vara da Fazenda Pública de Limeira.

No entanto, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) informou que a área pertence à União e que há um projeto para fazer reforma agrária no local.

No dia da ação, o comando da PM informou que ninguém ficou ferido. Ontem, o coronel Davi Nelson Rosolem disse que foram quatro feridos. Segundo ele, o emprego de bombas e de balas de borracha foi necessário porque os integrantes do movimento se negaram a deixar o local e houve resistência.

A Secretaria de Segurança Pública informou, por meio de sua assessoria de imprensa, um procedimento interno na PM foi aberto para apurar possíveis abusos na ação. A assessoria do governador disse que não iria comentar as afirmações de Mauro.

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Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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