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23/08/2002 - 16h15

Sabatina Genoino: íntegra da 1ª parte das perguntas de jornalistas

da Folha Online

Nesta parte da sabatina da Folha, o candidato José Genoino (PT) -último a ser ouvido entre os candidatos ao governo do Estado de São Paulo- responde perguntas formuladas pelos jornalistas do jornal. O ciclo de sabatinas da Folha ocorre no Teatro Folha.

Genoino fala nesta parte sobre a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel, contas de campanha e uso de carro público para evento partidário.

Fernando Canzian: Obrigado obrigado, deputado. Bom, vou iniciar, eu queria fazer a primeiro pergunta para o senhor. O senhor é considerado um dos principais agentes da virada do PT radical para um partido mais light .Isso vem ao longo dos anos, etc. o PT está consolidado. Eu queria saber o seguinte: na opinião do senhor, denúncias de corrupção que hoje existem contra o PT, como na Prefeitura de Santo André (onde há inclusive dois inquéritos no Ministério Público sendo tocados), e suspeitas de corrupção em Porto Alegre, por exemplo, envolvimento de secretário de Segurança etc., mostram o PT evoluindo politicamente de um lado, e essas acusações mostram o que partido hoje se tornou um partido mais igual aos outros partidos? Ou não?

José Genoino: Se me permite, muito obrigado, Fernando, pela pergunta, eu gostei. Vou aproveitar para deixar bem clara a minha posição e a posição do PT. Em primeiro lugar eu me sinto participante desse projeto de definição dos rumos do PT para governar o Brasil _ao longo da da minha história política, das disputas internas do PT. E nesse projeto o PT amadureceu, o PT mudou mas não mudou de lado. O PT não está na vala comum, como eu costumo dizer. Quer colocar igual aos outros para dizer que não tem diferença? Nós somos diferentes. Em primeiro lugar, Fernando, quando tem erro nós apuramos, nós punimos, nós afastamos. Veja bem o esquecido caso (inaudível), investigação que está se desenvolvendo lá e nós não temos nada a encobrir. No caso de Porto Alegre foi uma conversa de um assessor do Olívio Dutra com um delegado de polícia. E teve uma CPI, maioria de oposição é que fez a CPI, investigou e não provou nada contra contra o Olívio. Portanto o PT, quando tem problemas, investiga, é transparente. O que o PT não aceita é colocar a sua história política e o seu patrimônio ético na vala comum com tentaram. Porque os partidos adversários do PT, quando governam, não têm CPI, não têm investigação, não têm transparência. Eu admito, respondendo francamente a você, que onde o PT governa governa pode ter falhas, a diferença é que nós apuramos, nós somos transparentes e nós temos um padrão e uma história de valores que vamos preservar, que nós vamos defender custe o que custar. Portanto, o PT é um partido que vai se formando, vai aprendendo na sua história política. É o padrão ético e republicano da fé pública, da coisa pública, isso o PT jamais vai abrir mão porque ele é responsável, na história do Brasil, por ter incluído na agenda nacional o problema da ética na política e isso nós estamos muito à vontade para discutir. Particularmente, no meu caso, não é, Fernando? Estou há 20 anos no Congresso Nacional, moro na mesma casa, no mesmo endereço, o mesmo patrimônio, participei de todas as investigações, portanto, eu estou muito à vontade para defender o meu partido, o PT, como um partido que tem um compromisso com a ética e com a moralidade. Aonde tem erro a gente separa o joio do trigo.

Fernando Canzian: Deputado, então eu queria o que senhor explicasse mais detalhadamente a questão usando (o caso de) Santo André. Ontem mesmo a gente teve notícias que foram ali 12 pessoas acusadas de corrupção. Três dessas pessoas eram muito ligadas ao prefeito Celso Daniel, assassinado em janeiro desse ano. Um deles era o vereador petista e ex-secretário de Serviços Públicos Klinger Luiz de Oliveira, Sérgio Gomes da Silva _que estava com o Celso Daniel no carro na noite do seqüestro e era amigo de longa dato do prefeito_ e Ronan Maria Pinto, empresário que, inclusive, em Santo André e em outras prefeituras petistas, no interior de São Paulo... tinha outros negócios. Essas 12 pessoas, sendo esses três aí, estão denunciados pelo Ministério Público em dois inquéritos. Se o prefeito Celso Daniel não tivesse sido morto em janeiro deste ano, esse inquérito provavelmente não teria sido reaberto. Eu pergunto: essas pessoas estavam na Prefeitura de Santo André... há uma acusação de que havia um esquema de propina e que beneficiava diretamente a cúpula do PT, mais especificamente o presidente do partido, José Dirceu. Houve uma acusação formal feita pelo irmão prefeito assassinado. Eu queria que o senhor comentasse isso da seguinte perspectiva: se o prefeito não tivesse sido assassinado muito provavelmente esse caso não teria sido reaberto e não teria despertado o interesse que despertou _e essas pessoas continuariam atuando na Prefeitura de Santo André.

José Genoino: Fernando eu vou falar do fundo da minha alma, pode ter certeza de uma coisa: o Celso Daniel está morto, independente da família dele, ele deve saber, onde ele estiver, que o partido dele não vai deixá-lo morrer pela segunda vez. Não vai aceitar matá-lo. Ele está debaixo do chão, ele não pode falar e não pode se defender _primeira coisa. Segunda coisa, o envolvimento do presidente José Dirceu foi, sim, uma manipulação política a partir do que foi o depoimento do irmão do Celso Daniel. Aliás, decisão essa que já foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal. Portanto, se há irregularidade, se existem irregularidades, elas estão sendo apuradas. Há 5 anos estão sendo apuradas... Agora, o que aconteceu com a morte do Celso Daniel foi uma tentativa de um setor, não digo todo o governo, de fazer da morte do Celso Daniel uma maneira de fazer uma acusação contra o PT _dizendo-se que a morte tinha sido produto de disputas internas. Isso fracassou naquela época. Esperaram o depoimento do irmão do Celso no Ministério Público para dar a grande repercussão em relação a morte do Celso Daniel. Em relação ao presidente do partido, pode ter certeza, quanto ao companheiro José Dirceu eu fico tranqüilo. Boto a mão no fogo. Em relação às investigações anteriores, elas estão se processando. Se alguém tem culpa vamos investigar, vamos apurar e a palavra está com a Justiça. O PT não teme isso.

Fernando Canzian: Mas, deputado, eu insisto no seguinte ponto: as investigações não teriam a força que têm, o envolvimento que têm no Ministério Público etc. Se não tivesse ocorrido esse episódio, que foi a morte do prefeito... ou seja... essas pessoas que estão lá, continuariam atuando ou não? O PT tinha algum tipo de suspeita de que havia um grupo que estava corrompendo empresários, que estava desviando dinheiro público em Santo André?

José Genoino: Olha, Fernando, em primeiro lugar você sabe, é só olhar os processos de Santo André que a investigação estava apurando (inaudível) havia cinco anos. Muito antes, portanto... (quando) o Celso Daniel estava vivo e tinha uma investigação se processando em Santo André. A primeira coisa, e o fato de ter uma investigação e o Ministério Público atuando em Santo André, já responde tua questão. Agora, você colocar a morte do Celso Daniel...

Fernando Canzian: Desculpe não estou fazendo proselitismo com isso...

José Genoino: Nem eu, eu estou respondendo com a maior franqueza. Aliás, eu sou franco e quero responder a tudo aqui.

Fernando Canzian: Não quero que fique essa impressão, por favor.

José Genoino: Estou te falando que existe uma investigação há cinco anos lá. O Ministério Público fazia uma investigação tranqüilamente. A morte do Celso Daniel e as repercussões da morte não fizeram nenhum dirigente do PT, nenhum político achar que, se o Celso não tivesse morrido, essas investigações não iam continuar sendo processadas. Não é verdade, porque elas estão há cinco anos acontecendo lá.

Fernando Canzian: A CPI petista só aconteceu depois do episódio. Por quê, por exemplo? A CPI que era de um presidente do PT e membros da coligação com o partido.

José Genoino: Em primeiro lugar, você sabe que a história de Santo André explica que tinha uma investigação feita no Ministério Público. Essa investigação tinha debate, tinha discussão na Câmara Municipal. Com o depoimento do irmão do Celso, se instalou uma CPI. E a própria CPI fez a investigação. Num primeiro momento, ela sofreu mudanças e alterações e fez a investigação em relação ao que acontecia lá. Agora, Fernando, pode ter certeza de uma coisa, não estou fazendo proselitismo político, pode ter irregularidades aonde o PT governa? Pode, mas sabe qual é a diferença? É que nós vamos puni-las, nós vamos investigá-las, nós vamos tomar as medidas. É isso que eu quero deixar claro aqui. Eu não estou aqui para defender os empresários nem para defender esse ou aquele administrador do PT. Estou aqui para defender o Celso Daniel, até porque ele merece a defesa. Ele está morto e não vão matá-lo a segunda vez de maneira nenhuma. Independente do irmão do Celso, ele precisa saber que, aonde ele estiver, que esse companheiro aqui, que o partido dele vai defender a memória dele, porque nós não vamos aceitar matá-lo pela segunda vez. Agora... sobre o Zé Dirceu. Nós vamos defender o presidente José Dirceu porque aquilo ali foi apresentado sem prova, sem nenhuma investigação séria e o próprio Supremo Tribunal Federal resolveu a questão. Em relação a outras administrações, se há erros, nós aceitamos apurar, tomamos medidas... Aliás, eu quero deixar bem claro, se o padrão administrativo do Brasil inteiro fosse o padrão administrativo das prefeituras do PT, não tinha tanta corrupção, não tinha tanto desvio e não tinha tanto escândalo na história recente do Brasil, pode ter certeza disso.

Rogério Gentile: O senhor fez uma relação entre a acusação, o irmão do prefeito Celso Daniel e o governo. Você fez a correlação entre os dois.

José Genoino: Não fiz essa acusação nem a relação. O que eu falei aqui é que tinha uma investigação anterior e com o depoimento do irmão do Celso esse assunto alcançou uma dimensão, até eu falei lícito.

Rogério Gentile: O senhor citou o governo, então explica de novo que eu não entendi?

José Genoino: Eu digo o seguinte, setores da situação, desde a morte de Celso Daniel, vocês sabem disso, não é pessoal, vamos ser francos entre nós, os jornalistas sabem mais do que nós do PT, que teve dois tipos de investigação na polícia, teve a investigação do Deic, que foi numa linha, e a investigação do DHPP, da Polícia Federal, que ia em outra linha. Vocês sabem disso até porque isso foi noticiado. É isso que eu estou dizendo. Agora se alguém influenciouou fez qualquer tipo de articulação política eu não estou fazendo aqui nenhuma acusação. Eu acho estranho que a polícia de São Paulo tenha tido duas linhas. Investigações contraditórias, dois organismos da polícia, um brigando contra o outro, foi isso que aconteceu, isso aconteceu em Campinas e desprezamos pistas e mais pistas. É isso que eu estou apenas constatando a realidade. Que, por sinal, a Folha noticiou tranquilamente.

Vaguinaldo Marinheiro: Deputado, o senhor disse que tinham investigações e suspeitas há cinco anos sobre esse caso de Santo André, por que então essas pessoas não foram afastadas da prefeitura?

José Genoino: Olha, em primeiro lugar as investigações estavam sendo processadas pelo Ministério Público, não havia nenhuma decisão formal do Ministério Público, eram investigações abertas. E nós estávamos acompanhando o processo. Como não tinha uma decisão judicial, como não tinha uma decisão condenatória, como você vai tomar uma decisão de afastar esse ou aquele dirigente? esse ou aquele administrador? E é claro que o prefeito Celso Daniel, e eu espero que o meu debate aqui na Folha não seja para discutir Santo André porque eu quero discutir o Estado de São Paulo (aplausos).

José Genoino: Mas como nessa campanha, mas como nessa campanha eu tenho um lema, vocês podem ter certeza de uma coisa, eu não fugirei de nenhuma pergunta. Qualquer pergunta eu vou responder. Então vamos lá. Existiu um processo anterior que estava se processando, sendo investigado. Neste processo, inclusive parte dele já estava arquivado, e foi reaberto agora, como a própria investigação sobre a morte do Celso Daniel. Eu quero deixar claro que a direção do partido nesse episódio aí ela é vítima. Nós perdemos um dos maiores e melhores quadros do partido. É interessante essa história. O PT é vítima e ele é colocado como se ele não fosse vítima. Perdemos o melhor quadro de administração pública do PT e do Brasil. Considerado inclusive pela ONU. Nós somos vítimas. Portanto nós estávamos acompanhando essas investigações. Estávamos, como em outros casos, nós acompanhamos e tomamos medida a partir de decisão definitiva.

Rogério Gentile: Deputado, o senhor declarou ao TRE, a previsão de gastos na campanha entre todos os deputados a governador do país, R$ 20 milhões.

José Genoino: Primeiro e segundo turno. Nós nos informamos e até eu me lembro o repórter. Rogério, a tua pergunta, o teu colega de coluna me perguntou sobre isso, olha que é o primeiro e o segundo turno.

Rogério Gentile: O TRE não faz distinção.

José Genoino: Eu dei essa informação.

Rogério Gentile: O senhor declarou 20 milhões, Maluf e Alckmin declararam 20 milhões com o primeiro primeiro e segundo turno. Ela tinha fixado em 26,7 milhões e ao final da eleição declarou ao TRE gasto de 1,2 milhão. O que aconteceu no PT de 98 para cá que é possível fazer uma campanha tão mais cara?

José Genoino: Em primeiro lugar o PT cresceu, a influência do PT aumentou e nós estamos fazendo uma campanha para ganhar e para governar. E nós fizemos uma previsão que eu nem sei se vamos chegar no limite da previsão, porque nós sempre, o que declaramos à Justiça, a gente presta conta enquanto previsão. Certamente, nós não vamos chegar nessa previsão. Agora, pode esperar, viu, Rogério. Quando eu apresentar a minha prestação de contas, eu abro tudo isso para ver se essa previsão foi maquiada ou não, pode ter certeza disso.

Rogério Gentile: Por que não abrir durante a campanha já, passo a passo?

José Genoino: Eu defendo isso.

Rogério Gentile: Por que não dá o exemplo...

José Genoino: Quer meu sigilo bancário? Eu dou agora para você (aplausos).

José Genoino: Eu dou agora para você, Rogério, vamos chegar...

Rogério Gentile: Semanalmente a declaração...

José Genoino: Vamos chegar num acordo aqui, Rogério. Se existe um tema que vocês não vão me botar na defensiva, Rogério.

Rogério Gentile: Não estou acusando, estou fazendo uma sugestão.

José Genoino: Não estou acusando, estou dizendo, Rogério, que existe um tema que eu discuto tranquilamente com a imprensa e com os meus adversários é ética, tanto imprensa, como é que eu vivo, como eu vivo, topo isso. E eu digo para vocês uma coisa, eu faço uma proposta para a Folha, aqui, publicamente. Eu faço o conjunto de declarações aqui, dou o meu sigilo para a Folha, a Folha faz uma investigação, se bater, ela dá uma página inteira com destaque para mim (aplausos). Sem problema nenhum.

Nilson de Oliveira: Diante dessa preocupação que o senhor diz que o PT tem com a lisura na administração dos negócios públicos, queria que o senhor explicasse por que é que aqui em São Paulo os vereadores do PT se opuseram à instalação da CPI das grandes obras?

José Genoino: Em primeiro lugar os vereadores.

Nilson de Oliveira: Aí numa campanha eleitoral se sabe que as empreiteiras são.... São fortes financiadores de campanha.

José Genoino: Olha rapaz você sabe que o PT aqui em São Paulo passou por várias CPIs. O governo da Marta vai ficar na história dessa cidade como o governo que foi mais rapidamente investigado. CPI do lixo, várias CPIs que instalaram contra a Marta. Não encontraram nada na administração da Marta Suplicy. Segundo, a CPI, existia uma relação das CPIs que deveriam ser instaladas na Câmara, inclusive das grandes obras, "frangogate", precatórios, que podiam ser retomadas por vários indícios. Agora veja bem, nós não fizemos nenhuma oposição a isso. O PT não tem maioria para instalar essa CPI na Câmara Municipal, nós temos uma base de governo majoritária para os projetos, portanto nós não fizemos oposição a instalação de CPI das grandes obras, até porque nós não temos nada com essas grandes obras porque elas foram realizadas antes do governo da Marta Suplicy. Aliás, a dívida de São Paulo, que a Marta está pagando R$ 85 milhões por mês, é fruto, certamente, dessas obras que foram muito caras, porque quando a Luiza Erundina deixou o governo de São Paulo, a nossa querida Luiza Erundina, era R$ 3 bi a dívida. O Maluf deixou para o Pitta, R$ 8 bi, o Pitta deixou para a Marta com R$ 16 bi, e certamente além dos juros tem obras caras, mal feitas, que passaram a dívida para o sucessor e a Marta está honrando esses compromissos de administrar financeiramente a cidade. Portanto, o governo da Marta, o nosso governo em São Paulo é um governo transparente, tem uma oposição dura, pesada, e nós fazemos enfrentamento democrático, legítimo. E é um governo que está reorganizando todos os serviços da cidade, melhorando, ainda não está a altura mas está melhorando e está fazendo, você sabe disso. O maior projeto social que já foi feito na cidade de São Paulo.

Nilson de Oliveira: O senhor podia tentar responder a pergunta, qual motivo a bancada do PT se opôs, não fez nenhum esforço. Inclusive porque é o seguinte, o PT historicamente, em São Paulo, foi sempre oposição a implantação dessas obras. Sempre questionou o financiamento desses empreendimentos. Por que é que no momento em que assume uma administração e onde se diz inclusive vítima de gestões anteriores, para levar diante uma administração com interesses populares, no cumprimento pleno de seus objetivos por que nesse momento não há esse empenho para tornar transparente, translúcida essa.... Esse negócio.

José Genoino: Em primeiro lugar, se você me apresentar uma decisão dos vereadores do PT e, do governo do PT, de ter sido contra a CPI das grandes obras, aí nós vamos discutir essa questão. Não há essa decisão. Segundo, você está cobrando empenho. Isso aí, essa questão do empenho você sabe que é uma avaliação que você pode fazer como repórter, ou os adversários podem fazer essa avaliação de maneira subjetiva. Terceiro, você acha que o PT...

Nilson de Oliveira: Coerência não é subjetivo.

José Genoino: O PT é coerente, aliás, o que nós recebemos de crítica de setores, inclusive da imprensa, porque lutamos por CPIs que não foram instaladas no plano do Estado, como a do rodoanel, no plano federal, como a CPI das privatizações, e diziam, inclusive a imprensa queria, dizia que o PT queria desestabilizar o governo. Então, aqui em São Paulo, nós não fomos contra a CPI das grandes obras, nós não fomos contra a CPI das grandes obras. Se você tiver, como repórter, uma prova concreta da posição da bancada do PT, aí eu vou me pronunciar.

Fernando Canzian: Deputado, na semana passada o senhor fez o lançamento do seu programa de governo ali no clube Hommes, na paulista.

José Genoino: Aliás é esse aqui, já que não apareceu na manchete da Folha estou mostrando aqui agora.

Fernando Canzian: Nós temos inclusive, eu vou comentar alguma coisa depois do seu programa. Na cerimônia de lançamento do programa, apareceram ali 16 carros públicos das regionais da Prefeitura de São Paulo que levaram correligionários ou membros do partido para aquele evento que é considerado, pela Justiça Eleitoral, irregular. O presidente do PT, em São Paulo, o Paulo Frateschi, que até está aqui, disse que não vê irregularidade nenhuma nisso. O candidato a presidente, Lula, diz que é uma insanidade um assessor ou secretário ir de carro oficial a um evento desse. Tem metrô, tem táxi, tem ônibus e tal. Como é o que senhor se posiciona em relação a isso?

José Genoino: A minha posição é o que a Folha registrou no dia seguinte. E essa minha posição está confirmada pela decisão da Justiça Eleitoral, que em relação a campanha eleitoral, a representação foi simplesmente abafada. Não tem nada a ver com a campanha eleitoral, com a minha candidatura, a candidatura do vice nem com a direção da campanha na pessoa do Frateschi.

Fernando Canzian: Por que o Lula falou uma insanidade.

José Genoino: Primeiro por partes, vou responder tudo direitinho com vocês aqui, numa boa, sem problema. Não vou deixar nada sem resposta aqui com vocês. Então a primeira coisa é essa. A Justiça Eleitoral arquivou a representação contra a campanha e contra o partido. Segunda questão, a Justiça Eleitoral decidiu que vai investigar transporte daquelas autoridades para aquele ato. Porque existe uma dúvida se aqueles carros foram ou não usados em campanha. Eu dei a minha opinião para a Folha e estou reafirmando aqui. Os carros não foram usados para a campanha eleitoral. A lei eleitoral permite que as autoridades se movimentem em carro desde que não estejam fazendo campanha eleitoral.

Rogério Gentile: 16 carros de serviços que são de funcionários da regionais.

José Genoino: Eram carros de administradores regionais e sub-prefeitos são autoridades municipais. Terceiro, já abriu uma investigação. Esses administradores, Rogério, viu, Fernando, foram apresentar suas razões. O que eu quero deixar claro aqui para você de maneira muito clara, que nós não temos nada a ver com o transporte de autoridades. Respeito a posição, qual foi a posição que o Lula disse? O Lula disse o seguinte, quando, ele falou em tese, quando se trata de campanha eleitoral, e não era distribuindo folheto, não havia transporte de cartazes, nem de faixas, nem de nada. Não se deve usar isso. Deve se ter cuidado foi a opinião do Lula. Agora, nós que estamos na campanha aqui em São Paulo, nós coordenamos aquele ato não usamos nada do carro oficial dos administradores para aquele ato de lançamento da campanha.

Leia a íntegra da sabatina:
  • 2° Parte- Perguntas Jornalistas

  • 3° Parte- Perguntas Jornalistas

  • 1° Parte- Perguntas Platéia

  • 2° Parte- Perguntas Platéia e Encerramento


  • Veja também: o especial Eleições 2002
     

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