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28/02/2008 - 07h19

Nove sem-terra são baleados ao tentar invadir fazenda em Alagoas

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JOSÉ EDUARDO RONDON
da Agência Folha

Nove integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) foram baleados na manhã de ontem quando tentavam invadir uma fazenda na região de Piranhas (AL), segundo a Polícia Civil.

O fazendeiro Jorge Gonçalves, apontado pela polícia como dono da propriedade, foi preso em flagrante por tentativa de homicídio.

Segundo relato do policial civil Gildate Moraes Sobrinho, sem-terra disseram que, ao descer de um caminhão na fazenda Lagoa Comprida, foram recebidos a bala por um grupo de 12 homens armados.

"Eles [integrantes do MST] disseram que o fazendeiro mandou meter bala no grupo", afirmou Moraes Sobrinho.

Sete sem-terra ficaram feridos, mas não correm risco de morte. Outros dois estão em estado grave e foram encaminhados a hospitais da região, informou Moraes Sobrinho. Um deles foi baleado na cabeça.

O fazendeiro Jorge Gonçalves foi preso em flagrante e autuado por tentativa de homicídio. Os homens apontados pelos sem-terra como pistoleiros fugiram após os disparos.

O MST, em nota, disse que a fazenda é uma área improdutiva reivindicada pelos agricultores há mais de um ano.

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Alagoas informou, em nota, que esta foi "a segunda tentativa de ocupação da propriedade". Em torno de cem famílias de agricultores participaram da tentativa de invasão.

Na nota, o órgão declara que "há um ano a fazenda foi ocupada pelos trabalhadores", que se retiraram em outubro de 2007.

"A condição para a retirada foi a garantia, por parte do Incra, da aquisição do imóvel para assentar as famílias." O processo ainda está em andamento, informou o Incra.

A Vara Estadual de Conflitos Agrários e a Ouvidoria Agrária Nacional foram informadas pelo Incra sobre o ocorrido na fazenda.

Outro lado

O advogado do fazendeiro Jorge Gonçalves, Lenilson de Santana, negou que seu cliente tenha dado ordem para que fossem disparados tiros contra os sem-terra. Segundo ele, Gonçalves foi agredido pelos sem-terra antes dos tiros, que foram disparados por um funcionário da fazenda e por um colega do fazendeiro, "em legítima defesa".

Os disparos ocorreram, na versão do advogado, após um dos sem-terra colocar uma faca no pescoço de Gonçalves. O fazendeiro seria submetido a exame de corpo de delito ainda ontem.

"Há vários dias que os sem-terra tentavam invadir a propriedade dele. E roubam novilhas, gado", disse Santana. "Eles desceram do caminhão armados e começaram a espancar meu cliente."

O advogado negou que houvesse a presença de pistoleiros na fazenda. "Não existe pistoleiro. Meu cliente é uma pessoa muito pacata. Não tem problema com a polícia, com a Justiça", disse. Santana declarou que irá entrar com um pedido de relaxamento da prisão de Gonçalves.

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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