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Após conflito, integrantes do MST bloqueiam rodovias em Alagoas
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SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha, em Joaquim Gomes
JOSÉ EDUARDO RONDON
da Agência Folha
Um dia depois de nove integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de Alagoas terem sido baleados durante a invasão de uma fazenda na região de Piranhas (275 km de Maceió), militantes de três movimentos agrários bloquearam ontem pela manhã trechos de rodovias estaduais e federais no Estado.
Os principais acessos a Maceió foram fechados pouco antes das 8h de ontem e só foram liberados após duas ou três horas, segundo o Centro de Gerenciamento de Crise da Polícia Militar. Os sem-terra colocaram fogo em pneus e usaram galhos de árvores para bloquear as estradas.
A coordenação estadual do MST disse que o protesto interditou nove pontos de cinco rodovias e teve como objetivo chamar a atenção para o ocorrido com os agricultores e cobrar a punição dos culpados. Em nota, o movimento estimou em 5.000 o total de manifestantes nos protestos.
A Polícia Rodoviária Federal confirmou os bloqueios na BR-101, próximo a Joaquim Gomes, e na BR-104, próximo a União dos Palmares. Segundo a PRF, cerca de 130 pessoas participaram dos dois protestos.
A Companhia de Policiamento Rodoviário, da Polícia Militar de Alagoas, confirmou um bloqueio na AL-101, próximo ao município de Paripueira, mas, como os postos rodoviários não têm comunicação em tempo real, só hoje poderiam informar se ocorreram outros bloqueios e quantas pessoas participaram. Segundo o MST, foram fechados também trechos da AL-120, no sertão, e AL-220, no agreste.
"A ação foi para dar visibilidade à violência sofrida pelos trabalhadores. Quando é algo que o MST faz, todo mundo fica sabendo, mas quando algum de nós sofre um atentado ninguém fala nada", disse José Carlos Silva, da coordenação estadual do MST em Alagoas.
O agricultor Quitério Cândido, 34, que há cinco anos mora no acampamento Feliz Deserto, do MST, em Joaquim Gomes, saiu com outros companheiros ontem cedo para participar do bloqueio e cobrar justiça para os autores dos tiros.
"A Justiça só se liga quando o trabalhador faz um erro. Quando é um fazendeiro que faz alguma coisa, a Justiça não toma providências", disse Cândido.
Integrantes do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade) e do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) também participaram de três bloqueios --em Joaquim Gomes, União dos Palmares e Delmiro Gouveia.
"O que aconteceu no sertão foi um absurdo e um ato contra o ser humano e contra a reforma agrária", disse Marco Antônio Silva, do MLST. "Foi um ato covarde. Se o fazendeiro achava que era o dono da terra, tinha que recorrer à Justiça, e não à jagunços", disse Rafael Simão Carlos, do MTL.
Confronto
Anteontem, nove agricultores foram baleados durante a invasão da fazenda Lagoa Comprida, em Piranhas.
Segundo relato de integrantes do MST à polícia, Jorge Gonçalves, apontado como dono da propriedade, mandou um grupo de pistoleiros atirar nos sem-terra. O advogado dele nega. Gonçalves foi preso em flagrante por tentativa de homicídio.
A Secretaria de Estado da Defesa Social, que comanda as polícias Civil e Militar, disse, por meio da assessoria de imprensa, que já adotou todas as providências para esclarecer o episódio em Piranhas.
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