Garibaldi adia leitura de requerimento para criar nova CPI dos Cartões no Senado

O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), prometeu fazer a leitura do requerimento de criação da CPI dos Cartões Corporativos do Senado na próxima terça-feira. A oposição pressionou o senador para que a leitura ocorresse nesta quinta-feira, mas Garibaldi pediu o adiamento para buscar um entendimento entre os parlamentares sobre a comissão.

"Eu sou um presidente tempão, já há quem faz as contas para me ver pelas costas nessa presidência. Será que eu não tenho autoridade, condições de fazer um apelo para o que requerimento que está há 60 dias parado aqui seja lido na terça-feira?", questionou.

Inicialmente, os senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) não se mostraram sensíveis à proposta de Garibaldi. Mas diante de sucessivos apelos do senador, que prometeu criar a comissão na semana que vem "doa a quem doer", acabaram aceitando que a leitura seja adiada.

A oposição defende a instalação da comissão apenas no Senado porque argumenta que os governistas vão impedir a continuação das investigações na CPI mista --com deputados e senadores--, depois que rejeitarem requerimentos de convocação de autoridades e de quebras de sigilo dos gastos da Presidência da República com os cartões.

Virgílio cobrou, apenas, o compromisso de que Garibaldi vai criar a comissão na terça-feira, mesmo sob pressão contrária dos governistas. O senador Tião Viana (PT-AC) argumentou que Garibaldi não poderá criar a CPI porque existem outros requerimentos na Mesa do Senado que esperam pela leitura do senador.

Mesmo com a pressão governista, o presidente do Senado garantiu que o compromisso firmado com a oposição será cumprido. "Se tiverem 1.000 requerimentos na frente, eu leio todos até chegar a CPI", afirmou.

Estratégia

A oposição apresentou em fevereiro requerimento com assinaturas de 30 senadores --três a mais que o mínimo necessário --para a instalação de uma segunda CPI dos Cartões Corporativos. A segunda comissão funcionaria apenas no Senado, onde a diferença entre o número de integrantes da base governista e da oposição não é tão grande quanto na Câmara.

Com a leitura do requerimento, a CPI é criada. No entanto, a instalação da CPI só acontece efetivamente com a indicação de seus membros --como presidente, relator e demais integrantes. A oposição disse que só vai cobrar a efetiva instalação da CPI do Senado se a comissão mista não avançar nas investigações.

DEM e PSDB ficaram irritados com as sucessivas manobras da base aliada do governo para blindar o Palácio do Planalto nas investigações conduzidas pela CPI mista. A tropa de choque do governo na comissão rejeitou hoje 29 requerimentos de convocação para que nove servidores do governo federal prestassem depoimentos à comissão sobre o uso dos cartões.

Entre os requerimentos rejeitados pela comissão estão os que convocam a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, e sua chefe de gabinete, Maria de Soledad Bajo Catrillo, suspeitas de sistematizar informações do Palácio do Planalto que deram origem ao suposto dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).